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Estado de Minas

Pol�cia Federal investiga mercado em alto-mar da Petrobras

Agentes v�o apurar neg�cios bilion�rios com ind�cios de irregularidades realizados entre empreiteiras e a estatal, como estaleiro em sociedade com a Funcef no Rio Grande do Sul


postado em 12/01/2015 06:00 / atualizado em 12/01/2015 07:16

Operário trabalha na construção de plataforma da Petrobras: PF pretende analisar com lupa os negócios offshore da petroleira (foto: Sérgio Moraes/Reuters - 24/2/11)
Oper�rio trabalha na constru��o de plataforma da Petrobras: PF pretende analisar com lupa os neg�cios offshore da petroleira (foto: S�rgio Moraes/Reuters - 24/2/11)

Bras�lia – A Pol�cia Federal mira uma nova frente de investiga��o na descoberta de irregularidades na Petrobras: o mercado offshore, de neg�cios em alto-mar, como afretamento de navios e plataformas de perfura��o. A Opera��o Lava-Jato j� obteve v�rios ind�cios de problemas nesse setor de transa��es bilion�rias, turbinado pela explora��o do pr�-sal. Mas os investigadores entendem que � preciso usar uma lupa para conferir com mais profundidade o que est� por tr�s dos contratos entre a estatal e companhias brasileiras e estrangeiras. Entre as suspeitas levantadas pela PF, h� uma duvidosa “consultoria” na prospec��o de novos neg�cios entre a Engevix e a Funcef, o fundo de pens�o da Caixa, s�cio da empreiteira em estaleiro inaugurado �s v�speras das elei��es de 2010 pelos ent�o presidentes da Rep�blica e da Petrobras, Luiz In�cio Lula da Silva e Jos� S�rgio Gabrielli.

“Destacamos que a �rea offshore ainda ser� objeto de aprofundamento em investiga��es futuras”, avisou o delegado Eduardo Mauat da Silva, em relat�rio ao juiz da 13ª Vara Federal de Curitiba, S�rgio Moro. At� a semana passada, pol�cia e Minist�rio P�blico n�o haviam iniciado as apura��es dos neg�cios offshore. S� com tr�s fornecedores da estatal, eles somam US$ 120 bilh�es.

Em 21 de outubro de 2010, a 10 dias do segundo turno das elei��es presidenciais, o ent�o presidente, Luiz In�cio Lula da Silva, inaugurou os estaleiros Rio Grande (ERG) 1 e 2, no Sul do pa�s, vestido com o macac�o laranja da Petrobras, acompanhado pelo comandante da empresa, Jos� S�rgio Gabrielli. O presidente da Funcef, Guilherme Lacerda, estava ao lado de Lula e de Guilherme Almada, vice-presidente da Engevix, hoje preso pela Lava-Jato. O fundo da Caixa aportou R$ 140 milh�es no neg�cio e ficou com 25% dos estaleiros. “Havia quem dissesse que eu estava mentindo, blefando, quando eu falei que era poss�vel fazer as plataformas e sondas da Petrobras aqui no Brasil, que t�nhamos que comprar de Cingapura porque est�vamos predestinados a sermos incompetentes”, discursou Lula na ocasi�o.

Menos de um m�s depois da inaugura��o, a Engevix, dona da Ecovix, que opera o estaleiro, assinou dois contratos com a Petrobras para fornecer oito cascos de plataformas para o pr�-sal, do tipo FPSO. S�o embarca��es que extraem, armazenam e transferem petr�leo obtido no mar. Por US$ 3,46 bilh�es, seriam fornecidas oito unidades, cuja constru��o s� deve terminar em dezembro de 2016. Aditivos posteriores elevaram esse valor para US$ 3,53 bilh�es.

Em 2012, os executivos da Engevix queriam fundir os estaleiros ERG com a Ecovix, o que faria o fundo da Caixa injetar dinheiro tamb�m na segunda empresa. Em 26 de mar�o, Almada enviou e-mail para o presidente da construtora, Cristiano Kok, reclamando de uma avalia��o de ativos indesejada. “Temos que rever os n�meros com a Funcef, pois eles avaliaram para compra um n�mero maior para o ERG 2 que o ERG 1”, disse o executivo, que hoje tamb�m est� preso.

Em entrevista ao Estado de Minas, o secret�rio-geral da Funcef, Geraldo Aparecido da Silva, explicou que, para avaliar uma potencial fus�o, uma empresa independente cotou os ativos, mas abaixo do valor esperado por Almada e Kok. “O que houve foi a contrata��o, pelo FIP RG Estaleiros, de empresa independente e especializada no setor naval para elabora��o de laudo de avalia��o de ativos, conforme pr�tica de mercado”, disse o secret�rio. Aparecido n�o revelou o valor do servi�o pago � empresa. A Funcef desistiu do neg�cio porque achou que iria pagar mais.


Desconfian�a das anota��es

Os investigadores querem entender melhor essa negocia��o entre a construtora e a Funcef. A PF acendeu o sinal amarelo ao apreender a impress�o da troca de mensagens eletr�nicas entre Kok e Alamada na sede da Engevix. Atr�s da folha de papel, anota��es a caneta indicam o valor R$ 1.150 e a palavra “consultor”. Abaixo, h� uma adi��o com valores 800, 250, 1.200, que “somam” 3.000. No verso dos e-mails, o valor de 1.200 � associado a duas letras pouco leg�veis. N�o � poss�vel saber se elas significam MO ou HO. A empresa de fachada MO Consultoria, do doleiro Alberto Youssef, um dos operadores do esquema na Petrobras, recebeu R$ 362 mil da Engevix. A men��o “consultor” fez a PF desconfiar. “Tal quest�o merece, posteriomente, ser aprofundada, em raz�o de que as contrata��es de consultorias nesta investiga��o foram utilizadas de forma il�cita”, escreveu o agente Wiligton Pereira, no relat�rio de an�lise de documentos 110, de 12 de dezembro passado, que integra um dos inqu�ritos da opera��o.

O secret�rio-geral da Funcef, Geraldo Aparecido, nega o uso de qualquer consultoria. “N�o houve contrata��o de consultoria para intermedia��o de neg�cios”, disse ele em entrevista, destacando que a fus�o n�o se concretizou. O secret�rio disse n�o existir raz�o para as suspeitas da PF. “Haja vista se tratar de pr�tica de mercado, que visa a preservar os interesses dos investidores.” Um ano depois da troca de mensagens, em 2013, a Engevix vendeu 30% do capital da Ecovix para cinco empresas japonesas lideradas pela Mitsubishi Heavy Industries (MHI), por cerca de US$ 300 milh�es.

A assessoria da Engevix n�o esclareceu ao jornal se eventualmente a negocia��o frustrada com a Funcef incluiu algum tipo de consultoria, ainda que sem o conhecimento do fundo de pens�o. De acordo com relat�rio do Minist�rio P�blico Federal, a empreiteira repassou R$ 6,5 milh�es em empresas controladas por Youssef, como a MO Consultoria. A Engevix ainda repassou R$ 295 mil para a consultoria do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa. Ele e o doleiro admitiram que usaram as empresas para mascarar pagamentos de propina no esquema de desvios identificado pela Lava-Jato.


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