S�o Paulo, 12 - O executivo Julio Gerin Camargo, um dos delatores da Opera��o Lava Jato, pediu perd�o � Justi�a. Em resposta � acusa��o que sofre por crime contra o sistema financeiro, corrup��o ativa e 64 opera��es de lavagem de dinheiro (n�mero de transfer�ncias efetuadas para o exterior), Julio Camargo, por meio de sua defesa, sustenta que prestou "inconteste e eficaz" colabora��o que justificaria a concess�o do benef�cio.
Camargo escancarou em sua dela��o premiada um dos cap�tulos mais emblem�ticos da Petrobras - a intensa atua��o do cartel de empreiteiras que se apoderou de contratos bilion�rios da estatal petrol�fera. Em sua defesa, ele afirma ter pago US$ 30 milh�es em propinas para Fernando Antonio Falc�o Soares, o Fernando Baiano, apontado como operador do PMDB na Diretoria de �rea Internacional da Petrobras.
Segundo a Procuradoria da Rep�blica, o ex-diretor de Internacional da estatal, Nestor Cerver�, foi um dos destinat�rios desse dinheiro. Em sua dela��o premiada, Camargo declarou que a propina foi de US$ 40 milh�es. Na defesa agora entregue � Justi�a Federal ele corrigiu o valor para US$ 30 milh�es.
A Procuradoria denunciou Camargo, Cerver� e Baiano � Justi�a Federal no Paran�, base da Lava Jato. Camargo prestou consultoria para a japonesa Toyo em 2012 e foi um dos respons�veis por aproxim�-la da Setal �leo e G�s (SOG).
Ele declarou que a propina foi paga na contrata��o de sondas de perfura��o para �guas profundas na �frica e no Golfo do M�xico. Parte do dinheiro passou pela GFD Investimentos, empresa de fachada do doleiro Alberto Youssef, personagem chave da Lava Jato.
Na resposta � acusa��o, a criminalista Beatriz Catta Preta, que defende Julio Camargo, esclarece que ele "repassou, a t�tulo de propina, aproximadamente US$ 30 milh�es e n�o US$ 40 milh�es como consta de sua declara��o em sede de colabora��o".
"Somando-se os pagamentos em reais e d�lares, diretamente ou por interm�dio de Alberto Youssef, o sr. Julio Camargo repassou, a t�tulo de propina, a Fernando Soares, aproximadamente US$ 30 milh�es e n�o US$ 40 milh�es", informa Beatriz Catta Preta.
A advogada anota que a corre��o do valor s� foi poss�vel ap�s ter acesso a todos os documentos banc�rios que, na �poca em que Camargo fez a dela��o, ainda n�o haviam sido entregues de forma completa pelo The Winterbotham Merchant Bank.
Ao juiz S�rgio Moro, que conduz as a��es da Lava Jato, Catta Preta pede perd�o para o executivo. "S�o crit�rios objetivos para a concess�o do perd�o judicial ao r�u colaborador a identifica��o dos demais coautores ou part�cipes da a��o criminosa, a localiza��o da v�tima com a sua integridade f�sica preservada, a recupera��o total ou parcial do produto do crime, gravidade objetiva e a repercuss�o social do crime", assinala a advogada Beatriz Catta Preta.
A advogada destaca que "para a concess�o do benef�cio (perd�o judicial) basta o cumprimento de um ou mais dos requisitos elencados". A criminalista anota que "para que seja poss�vel a aplica��o do instituto o julgador dever� fazer uma an�lise acerca da personalidade do agente (colaborador), natureza, circunst�ncias, gravidade e a efic�cia da colabora��o".
Como alternativa, a defesa de Camargo sugere � Justi�a Federal que lhe seja aplicada a pena "acordada no Termo de Colabora��o Premiada", homologada pelo juiz S�rgio Moro - pena privativa de liberdade em regime aberto por pelo menos 3 anos, n�o superior a 5 anos, iniciando-se o seu cumprimento a partir do tr�nsito em julgado da primeira condena��o. Beatriz Catta Preta arrolou quatro testemunhas de defesa, uma delas residente no Jap�o, outra na Coreia.