
Bras�lia – Depois de um longo sil�ncio, o novo ministro da Cultura, Juca Ferreira, reagiu nessa segunda-feira, ap�s o discurso de posse, aos ataques que tem recebido da senadora Marta Suplicy (PT-SP), a ex-titular da pasta. “O problema dela � com o partido”, afirmou. Revoltada com a legenda desde as elei��es do ano passado, a senadora havia criticado abertamente o sucessor, por meio das redes sociais, logo que soube que ele seria indicado novamente para o minist�rio. “A popula��o brasileira n�o faz ideia dos desmandos que este senhor promoveu � frente da cultura brasileira”, atacou. Juca tamb�m teve de se defender de um dos supostos “desmandos”: o repasse de R$ 105 milh�es para uma prestadora de servi�os da Cinemateca Brasileira, que est� na mira da Controladoria-Geral da Uni�o (CGU).
“Eu sou um alvo eventual. Ela (Marta) quis atirar em Deus e acabou acertando no padre de uma par�quia”, ironizou Ferreira. O ministro repetiu a an�lise de que Marta cava espa�o para as elei��es do pr�ximo ano – confirmadas nos posicionamentos expressos pela senadora em entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo, em que disparou contra outros petistas al�m de Ferreira. “O problema dela � com o partido, � com a presidente da Rep�blica, � com o desejo j� de algum tempo de ser candidata (� Prefeitura de S�o Paulo). Ent�o, ela est� manifestando um mau humor”, listou Juca. “Ela se voltou contra mim, mas, na verdade, eu n�o estou na linha de tiro dela, n�o � comigo o conflito”, continuou.
Ferreira achou ainda um motivo em especial para receber o fogo “amigo” de Marta: “� porque eu fui mais aplaudido do que ela num evento cultural. Paci�ncia. Eu n�o posso ser punido pela popularidade que voc�s viram a�”, contou vantagem, se referindo ao audit�rio lotado da Sala Pl�nio Marcos, na Funarte, onde recebeu ontem o comando do Minc da interina Ana Cristina Wanzeler. “Essa presen�a de ministros � cara”, agradeceu no discurso, com distin��o especial ao titular da Casa Civil, Aloizio Mercadante, outro desafeto de Marta.
Al�m de Mercadante, 10 titulares de pastas do governo federal passaram pelo evento. A plateia lotada interrompeu o discurso de Ferreira em diversos momentos. “S�o pessoas que reconhecem um trabalho que foi feito. Ningu�m tem o direito de dizer que isso � claque, porque n�o �”, fez quest�o de dizer � imprensa – mesmo sem ser questionado. Ferreira aproveitou os holofotes para devolver as cutucadas recebidas de Marta: “N�o foi t�o boa (ministra) quanto foi prefeita da cidade (de S�o Paulo)”, provocou.
IRREGULARIDADES O novo ministro da Cultura minimizou as investiga��es da CGU como um “procedimento costumeiro”, e disse que nada foi encontrado al�m de “pequenas irregularidades”. “Den�ncia n�o tem nenhuma”, cravou. A Controladoria-Geral da Uni�o informou em nota, entretanto, que abriu um processo administrativo disciplinar em abril de 2013, ap�s receber documentos enviados por Marta, ent�o titular do Minist�rio da Cultura, para investigar irregularidades na parceria. Desde 2011, um relat�rio da pr�pria CGU j� apontava para a aprova��o de planos de trabalho incompletos, a aus�ncia de presta��o de contas e o pagamento indevido de taxa de administra��o no termo de parceria entre a Sociedade Amigos da Cinemateca e a Secretaria do Audiovisual, vinculada ao MinC.
“Em cumprimento �s recomenda��es da CGU, a ent�o ministra da Cultura encaminhou, em janeiro de 2013, para provid�ncias da CGU, an�lise processual realizada pelo minist�rio que indicavam irregularidades que poderiam alcan�ar autoridades ou ex-dirigentes do MinC”, diz trecho do texto. “Eu boto a m�o no fogo pelas pessoas da Sociedade de Amigos da Cinemateca, s�o pessoas da mais alta qualidade p�blica”, defendeu Ferreira. “Esse processo que rola na CGU, al�m de ser rotineiro, n�o foi ela (Marta) que apresentou. A �nica parte que ela apresentou � referente � administra��o dela e da Ana de Hollanda. Vamos ter paci�ncia e esperar o posicionamento da CGU”, completou.
DEBATE Ex-ministro e atual coordenador do Instituto Lula, Luiz Dulci minimizou o barulho causado pela pol�mica e negou que haja um racha no PT. “Porque estaria? O PT sempre teve debate, pol�mica, isso n�o significa que est� rachado”, desconversou. Dulci negou ainda a exist�ncia de petistas lulistas – em que Marta se encaixaria – e dilmistas. Depois de classificar o ex-presidente Lula e a presidente Dilma Rousseff como “as principais lideran�as” do partido, classificou a divis�o da legenda como “uma vis�o muito limitada da realidade”. “N�o � assim, nunca funcionou assim. Durante anos se tentou criar contradi��es entre os dois, prejudicar a rela��o, mas o ex-presidente Lula e a presidente Dilma t�m uma �tima rela��o”, garantiu, evitando dar muni��o para mais trocas de tiros entre petistas.