Bras�lia – Cinco meses depois do acidente a�reo que vitimou o ex-governador de Pernambuco e candidato do PSB � Presid�ncia da Rep�blica Eduardo Campos, l�deres do seu partido reagiram � conclus�o da Aeron�utica de que a queda do avi�o teria sido causada por uma sucess�o de falhas humanas – conforme publicou na edi��o de ontem o jornal O Estado de S. Paulo. J� a fam�lia de Campos afirmou que a an�lise � “prematura” e � “estranha” a divulga��o, enquanto um primo do piloto disse que quando n�o s�o encontradas provas na caixa-preta, “a culpa sempre recai sobre o piloto”. Segundo a publica��o, ao se ver obrigado a abortar o pouso e arremeter bruscamente, o piloto Marcos Martins operou os aparelhos da aeronave em desacordo com as recomenda��es do fabricante e acabou sofrendo o que � tecnicamente descrito como “desorienta��o espacial” – quando o piloto deixa de ter no��o da posi��o do avi�o em rela��o ao solo.
A conclus�o do relat�rio da Aeron�utica, ainda segundo o jornal, baseou-se em informa��es dos �ltimos segundos do voo, quando o avi�o caiu em �ngulo acentuado e em “pot�ncia m�xima”. Dirigentes do PSB questionaram ontem a falta de explica��o para o desligamento da caixa-preta de voz e a raz�o pela qual o piloto teria sofrido a “desorienta��o espacial” sem que os aparelhos do moderno Cessna Citation ou o copiloto Geraldo Magela Barbosa percebessem que o jatinho estava em movimento de descida, e n�o de subida.
O vice-governador de S�o Paulo, M�rcio Fran�a, e o l�der do PSB na C�mara dos Deputados e vice na chapa presidencial de Marina Silva, Beto Albuquerque, contaram que voaram algumas vezes naquela aeronave e elogiaram a experi�ncia dos profissionais, al�m de negar que eles teriam atritos entre si. “Ele (Campos) gostava muito deles. Se referia a eles como caras h�beis. S� ouvi elogios sobre eles”, disse Albuquerque. Fran�a viu o resultado das investiga��es da Aeron�utica com desconfian�a e disse que esperava um trabalho mais “esclarecedor”. “Pode at� ser, mas falha humana � uma conclus�o simplista”, opinou Fran�a.
O PSB contratou um t�cnico em acidentes aeron�uticos para acompanhar as investiga��es do acidente e avaliar o resultado da apura��o. O partido vai pedir acesso ao relat�rio da Aeron�utica, mas aguardar� a conclus�o do inqu�rito para se posicionar oficialmente. Carlos Grou, primo de Marcos Martins, argumentou que � “muito mais f�cil” culpar o piloto. Segundo ele, � preciso apurar porque o Cockpit Voice Recorder (CVR), que registra as conversas dos pilotos, n�o gravou os di�logos da tripula��o. Em nota, Antonio Campos, irm�o de Eduardo, disse que s� ir� se pronunciar sobre o assunto ap�s a divulga��o oficial das investiga��es da Aeron�utica e dos inqu�ritos civil e criminal. O irm�o do ex-governador observou ainda que os laudos da Aeron�utica e do Centro de Preven��o de Acidentes A�reos (Cenipa) tratam de “possibilidades quanto a causa de acidentes e n�o s�o conclusivos”.
Na �ltima comunica��o feita com sucesso com a torre de controle de Santos – a 72 quil�metros de S�o Paulo –, o copiloto da aeronave, Geraldo Cunha, confirmou que o avi�o iria arremeter. A manobra era necess�ria por causa do mau tempo no local – havia chuva, vento e visibilidade baixa. Cunha ficou de dar um retorno � torre de comando sobre como ele e o piloto Marcos Martins iriam proceder depois de desistir do pouso, mas ficaram incomunic�veis. Pouco depois, o jato caiu.
Trag�dia O desastre a�reo de 13 de agosto do ano passado chocou o pa�s ao matar Campos, mudando o rumo da campanha � sucess�o presidencial. Aos 49 anos, o pernambucano estava em ascens�o: come�ava carreira em n�vel nacional e era considerado um nome novo e promissor da pol�tica brasileira. Ele viajava do Rio ao litoral paulista quando o jato caiu em Santos. Tamb�m morreram quatro assessores e os dois pilotos. Marina Silva, sua vice na chapa, o substituiu na disputa para, em seguida, sob a saraivada de acusa��es lan�adas pelas campanhas dos outros candidatos, desmentir a maioria da previs�es e perder sua chance de ir ao segundo turno.
Ao morrer, o candidato tinha 8% das inten��es de voto. No curr�culo do ex-deputado federal, ex-ministro do governo Lula e presidente do PSB, brilhavam mais os dois mandatos como governador de Pernambuco. Eduardo Campos morreu no mesmo dia que o av�, Miguel Arraes. Seu funeral reuniu 160 mil pessoas no Recife.
O que diz a investiga��o
- Piloto n�o teria treinamento e experi�ncia para comandar o Cessna 650 XL
- Teria sido usado atalho pela cabine de comando para acelerar descida
- Piloto perdeu a refer�ncia do avi�o em rela��o ao solo, a chamada “desorienta��o espacial”
- A falha t�cnica foi agravada pelo mau tempo e caracter�sticas da pista