Curitiba e S�o Paulo, 03 - A ex-gerente executiva da Diretoria de Abastecimento da Petrobras Venina Velosa da Fonseca afirmou nesta ter�a feira, 3, em seu primeiro depoimento � Justi�a Federal que aditivos contratuais geravam uma "escalada de pre�os" nos contratos da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco. Ela atribuiu ao ex-diretor de Servi�os da estatal petrol�fera Renato Duque responsabilidade por essa situa��o e declarou que um ex-gerente jur�dico tentou alertar sobre o esquema de carteliza��o e foi punido internamente.
Venina era mulher de confian�a do ex-diretor de Abastecimento Paulo Roberto Costa - primeiro delator da Opera��o Lava Jato - e revelou em novembro que havia alertado internamente o comando da Petrobras, entre eles a atual presidente da estatal, Gra�a Foster. A ex-gerente foi ouvida na Justi�a Federal em Curitiba na a��o penal em que s�o acusados executivos da empreiteira Engevix, o ex-diretor de Abastecimento e o doleiro Alberto Youssef.
"Criamos um novo modelo de contrato", disse a testemunha. Segundo ela, esse 'novo modelo' servia para que a Diretoria de Abastecimento tivesse mais controle sobre a execu��o dos contratos. Mas a meta esbarrou no ent�o diretor de Servi�os. "Na medida em que essa estrat�gia de contrata��o n�o foi aprovada e o diretor de Servi�os Duque tomou para ele a quest�o do cronograma e execu��o."
Ela confirmou que Paulo Roberto Costa foi indicado pelo PP para ocupar a Diretoria de Abastecimento. Venina j� foi responsabilizada por quatro irregularidades que elevaram gastos e indicam a exist�ncia de cartel nas obras da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco. Em uma delas, ela � citada em um contrato com uma empresa do cartel - alvo da Lava Jato - que desconsiderou um desconto de R$ 25 milh�es.
A constru��o da refinaria, iniciada em 2007 e ainda inconclusa, j� consumiu mais de R$ 24 bilh�es. A sindic�ncia aponta ao todo nove irregularidades classificadas como "n�o conformidades", que geraram uma eleva��o de custo de R$ 4 bilh�es s� em aditivos. Elas foram motivadas pela tentativa de antecipa��o de entrega de parte da obra, para agosto de 2010, �s v�speras das elei��es presidenciais. "No fim de 2008 e 2009, o que aconteceu foi que o modelo novo de contrato n�o foi aprovado. Esse projeto ficou com a viabiliza comprometida, ficou negativo."
Cartel
Venina afirmou que em 2009 um ex-gerente jur�dico que acompanhou as tratativas de contrata��o das obras de Abreu e Lima teria sido alvo de sindic�ncia, ap�s apontar problemas nos aditivos das empreiteiras alvo do cartel.
"Em julho de 2009, esse gerente jur�dico ele tomou conhecimento de alguns documentos, me lembro de uma ata de reuni�o que aconteceu em 2007, onde advogados da Petrobras e da Abemi (Associa��o Brasileira de Engenharia Industrial) reuniram na Petrobras", contou Venina.
A Abemi � a entidade que teve como presidente o executivo da UTC Ricardo Pessoa - suposto coordenador do cartel. Segundo Venina, "havia uma discuss�o com ata registrada". "Era solicitado que empresas que fazem parte da Abemi que elas fa�am pedido de aditivos de forma mais clara e organizada. Porque os pedidos iam de forma confusa e era dif�cil de analisar."
Segundo ela, o gerente jur�dico "montou uma documenta��o sobre esse assunto e encaminhou ao gerente jur�dico da Petrobras Nilton Maia. Ao inv�s dele se sentir apoiado, o Milton Maia criou uma comiss�o de sindic�ncia e esse gerente foi afastado de suas fun��es e colocado numa sala por um per�odo sem fun��o. Foi julho de 2009?. Venina afirmou que o ex-advogado punido revelou � ela na �poca "que rela��o era muito pr�xima e que v�rias coisas discutidas internamente eram levadas a esse grupo (de empreiteiras) para que fosse aprovada e discutida".