
Ministro da Justi�a no governo Lula, Tarso Genro, que um dia antes havia considerado “natural” um eventual afastamento de Jo�o Vaccari Neto da tesouraria do PT at� a apura��o dos fatos, cobrou ontem do governo esclarecimentos e defendeu uma renova��o do partido. “Estamos numa situa��o de cerco pol�tico”, disse, referindo-se ao que chamou de instabilidade artificial. “Estamos num momento em que o governo tem de falar para orientar a sua base, para orientar o povo, os partidos que permanecem na base, para que se fa�a um debate pol�tico sobre o futuro”, afirmou. “Temos de purificar o partido, o governo, aprofundar investiga��es da Petrobras e ter uma rea��o pol�tica contra esse processo de criminaliza��o em abstrato que est� sendo feito contra o PT pela oposi��o com o apoio de m�dias, que tem finalidades de bloquear o governo Dilma”, disse o ex-ministro, que participou durante todo o dia do econtro da Executiva Nacional do PT, no Hotel Ouro Minas, na Regi�o Nordeste de BH..
Tarso foi apenas mais um no coro dos petistas que afinaram o discurso na defesa do partido contra as recorrentes den�ncias de corrup��o na Petrobras, atribuindo as revela��es a uma orquestra��o de interesses que classificam como de setores da “direita”. Em entrevista coletiva ap�s a reuni�o, o presidente da legenda, Rui Falc�o, assim como ex-presidente Lula havia feito durante sua apresenta��o no encontro, criticou a maneira como Vaccari Neto foi levado pela policia para prestar depoimento, em convoca��o coercitiva, � v�spera das comemora��es dos 35 anos de funda��o do PT. Em dela��o premiada, Vaccari foi acusado pelo ex-gerente de Servi�os da estatal Pedro Barusco de ter participado de acerto entre funcion�rios da Petrobras e estaleiros em 21 contratos no valor total de US 22 bilh�es. Segundo Barusco, cerca de 1% deste montante seria destinado �s propinas. Na distribui��o, um ter�o teria seria repassado aos operadores do esquema e o restante entregue a Vaccari Neto.
Durante a reuni�o fechada, Vaccari revelou durante cinco minutos o teor de seu depoimento � Pol�cia Federal. Vaccari afirmou ter respondido �s indaga��es e argumentou que nenhum recurso repassado ao PT teria sido de forma ilegal. O tesoureiro tamb�m considerou que as mesmas fontes que financiaram a sigla fizeram doa��es eleitorais a outros partidos pol�ticos. “Um bandido com o cr�dito de roubar a Petrobras tem cr�dito de acusar um companheiro nosso que tem uma vida digna. � isso que penso sobre a dela��o premiada”, disse.
O ministro das Comunica��es, Ricardo Berzoini, defendeu o direito de defesa do tesoureiro, que estaria sendo a priori condenado a partir da dela��o premiada. “N�s temos uma grande conquista que � o devido processo legal .Quando a pessoa sequer est� denunciada, n�o d� para falar em acusa��es. O que tem s�o ila��es e tentativas de consolidar verdades antes da hora”, declarou. Questionado se Vaccari deveria ser afastado preventivamente da tesouraria do PT, para evitar um desgaste ainda maior, Berzoini considerou: “Acho que o PT j� tem maturidade que saber que essa luta pol�tica muitas vezes travestida de jur�dica tem que ser encarada com serenidade e tranquilidade”. Na mesma linha de argumenta��o, o deputado federal Arlindo Chinaglia (PT-SP) criticou a oitiva de Vaccari pela Pol�cia Federal: “O �bvio tem de ser de novo estabelecido. Imagina uma empresa comete um ato de infra��o e faz doa��o legal. Mas a�, a parte doada ao PT � a parte podre daquela empresa. O Rui Falc�o tem raz�o em observar que fonte que doou para os outros partidos � a mesma”. (Com Daniel Camargos)
