
Um ano e cinco meses depois de sua fuga do Brasil, o ex-diretor do Banco do Brasil Henrique Pizzolato vai finalmente conhecer seu destino nesta quarta-feira, 11, em Roma. A Corte de Cassa��o da It�lia tomar� uma decis�o sobre o pedido de extradi��o ao Brasil do condenado no julgamento do mensal�o. Al�m de contar com uma forte equipe de advogados, Pizzolato ganhou um aliado na It�lia: o pastor de sua igreja, que, no �ltimo fim de semana, fez quest�o de pedir uma ora��o especial de todos os fi�is da comunidade para que "Deus intervenha" no processo.
No �ltimo dia 3, os advogados de Pizzolato apresentaram � Justi�a italiana sua defesa, alegando que o sistema prisional brasileiro n�o tem condi��es de garantir a prote��o dos direitos humanos. Nos documentos, a defesa usa informes da ONU para mostrar mortes, tortura e at� decapita��es nas pris�es brasileiras, al�m de trechos de entrevistas do Ministro da Justi�a, Jos� Eduardo Cardozo, que declarou que os "c�rceres brasileiros s�o medievais". Os advogados argumentam que a It�lia n�o pode sujeitar um cidad�o do pa�s a essa situa��o - Pizzolato tem cidadania brasileira e italiana.
A esperan�a brasileira � de que a Justi�a italiana j� deu provas de que est� disposta a extraditar pessoas ao Pa�s. No �ltimo dia 29 de janeiro, um decreto foi emitido pelo Minist�rio da Justi�a da It�lia extraditando Elena Cavalcanti, acusada de envolvimento em tr�fico humano em redes de prostitui��o. Se a corte der sinal verde para a extradi��o na pr�xima quarta, o caso segue para uma decis�o pol�tica no Minist�rio da Justi�a em Roma.
Pizzolato foi condenado a 12 anos e sete meses de pris�o no caso do mensal�o, mas em setembro de 2013, fugiu para a It�lia usando um passaporte falso.
Em fevereiro de 2014, ele foi encontrado na casa de um sobrinho, em Modena, e preso. Pizzolato foi solto depois que a Corte de Bolonha julgou que o Brasil n�o oferecia condi��es m�nimas de prote��o em suas cadeias. O Brasil apelou e, agora, a inst�ncia superior da Justi�a italiana vai se pronunciar.
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Desde que foi solto, Pizzolato passou a viver nas proximidades de Modena, na cidade de Formigini, e se transformou em um frequentador ass�duo da Igreja Pentecostal Fonte de Vida, indo at� duas vezes por semana na cidade de Modena.
"Ele tem um apartamento pequeno e circula com um carro modesto", contou o pastor Romulus Giovanardi. O cen�rio seria bastante diferente do local onde Pizzolato se refugiou depois de escapar do Brasil, em La Spezia, na costa do Mediterr�neo.
Giovanardi tamb�m conta como foi que conheceu o brasileiro. "Eu o conheci no primeiro dia que ele entrou na pris�o", contou. "Perguntei diretamente a ele se ele era inocente e, diante de Deus, ele me garantiu que sim. Portanto, eu acredito que ele seja, sim, inocente."
No �ltimo domingo antes do julgamento, Giovanardi pediu uma "ora��o especial para Henrique". "Todos n�s rezamos para que ele possa ficar na It�lia e que esse processo que � uma persegui��o contra ele possa acabar", declarou. "Estamos certos de que Deus far� justi�a", afirmou. Em novembro do ano passado, Pizzolato falou aos demais fi�is da Igreja e disse que Deus foi seu advogado no tribunal.
Para a audi�ncia de amanh�, o Brasil tentar� provar aos ju�zes que n�o se pode generalizar a situa��o das pris�es no Pa�s e que o centro de deten��o para onde vai o italiano, no Complexo da Papuda, oferece garantias. O Minist�rio P�blico Italiano tamb�m defender� a mesma tese e, ao lado da Advocacia-Geral da Uni�o (AGU) e da Procuradoria-Geral da Rep�blica, preparara documentos para tentar convencer os ju�zes que a vida de Pizzolato n�o estar� amea�ada no Brasil.
O temor do Brasil � de que uma eventual negativa � extradi��o abra um precedente perigoso, criando uma jurisprud�ncia que dificultaria o envio de criminosos para cumprir pena no Pa�s.