
O presidente nacional do PT, Rui Falc�o, afirmou na tarde desta quarta-feira, 11, que o partido vai entrar com a��es civil e criminal contra o ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco, por ter dito em depoimento de dela��o premiada da Opera��o Lava Jato que o PT teria recebido at� US$ 200 milh�es irregularmente.
"Vamos fazer uma interpela��o civil e criminal contra esse bandido chamado Pedro Jos� Barusco Filho, que acusa o PT sem provas", afirmou. "Isso vai valer para qualquer um, criminoso ou n�o, que acuse o PT sem provas de cometer atos il�citos referentes � capta��o de recursos", completou.
Ressaltando que todas as doa��es do partido s�o "legais e declaradas" � Justi�a, Falc�o afirmou que Barusco ter� que responder pelos danos morais que est� causando � "imagem do partido". "Nunca vamos permitir que algu�m acuse o PT de ladr�o e fique impune."
O presidente do PT informou ainda que far� uma representa��o � dire��o-geral da Pol�cia Federal, com base no artigo 325 do C�digo Penal, que prev� multa ou deten��o para quem revelar fato que deva permanecer em segredo. "Queremos que haja uma sindic�ncia para que ele (diretor-geral) averigue se h� vazamento efetivo e se isso parte de quem", disse.
Segundo Falc�o, o partido far� uma segunda representa��o para averiguar a exist�ncia de vazamento seletivo sobre a linha de investiga��o. Falc�o disse que parte da dela��o de Barusco, em que ele afirma que come�ou receber propina desde 1997, foi ignorada. "Ele fala que come�ou a pegar propina desde 1997 e depois demarca o per�odo de 2003 e 2013 e n�o h� uma �nica pergunta direcionada ao per�odo anterior � chegada do PT � Presid�ncia", afirmou. "H� uma indu��o, h� tentativa de criminaliza��o a investiga��o se concentrar num �nico per�odo."
Vaccari
Falc�o diz ainda que "curiosamente" os trechos em que aparece o nome do tesoureiro Jo�o Vaccari e o do partido aparecem em negrito no documento original da Pol�cia Federal. "Essas raz�es nos levam a pedir que o diretor-geral abra uma sindic�ncia". Falc�o aproveitou ainda para defender o tesoureiro do partido. "Tenho certeza que o tesoureiro do PT nunca colocou dinheiro no bolso, n�s nunca recebemos dinheiro de propina e todas as nossas contribui��es s�o legais, como devem ser legais a de todos os outros que receberam as mesmas contribui��es."
O presidente do PT criticou, em entrevista coletiva na sede do partido, o mandado de condu��o coercitiva expedido pela Pol�cia Federal contra Vaccari. Na vis�o de Falc�o, a condu��o � uma medida extrema que deve ser usada apenas em caso de urg�ncia, o que, segundo o petista, n�o era o caso.
"O pedido de condu��o coercitiva se d� em 17 de dezembro de 2014. A autoriza��o se d� no dia 3 de fevereiro. Logo, essa urg�ncia � questionada. A condu��o se d� no dia 5, dois dias depois da autoriza��o", argumenta o dirigente. O dirigente petista reclamou ainda da imprensa por ter noticiado apenas a condu��o de Vaccari durante a cobertura da Opera��o na �ltima semana.
"A �nica pessoa que aparece em todo o notici�rio sendo conduzida � o Vaccari. N�o h� men��o a nenhuma das outras pessoas", disse o presidente do PT. Para ele a escolha do petista pelos �rg�os de imprensa "tamb�m � seletividade". "Isso � induzir fatos e circunst�ncias para tentar criminalizar o partido atrav�s de seu tesoureiro. Isso n�s n�o vamos permitir", completou. Falc�o criticou a Justi�a no Brasil e disse que a "pris�o passou a ser a regra". Segundo o petista, a campanha em curso no Pa�s n�o � para acabar com a corrup��o, mas uma a��o orquestrada para criminalizar o partido e tir�-lo do jogo pol�tico.
A�cio Neves
Falc�o citou ainda o caso de delegados da PF, que durante a campanha eleitoral se declararam eleitores do ent�o candidato � Presid�ncia A�cio Neves e disse que parte deles ainda continua na condu��o do processo. "Eles se colocam sob suspei��o na medida em que revelam a prefer�ncia partid�ria", afirmou.
O caso foi revelado pelo jornal O Estado de S. Paulo. Em manifesta��es feitas em perfis fechados no Facebook, delegados da Superintend�ncia da Pol�cia Federal do Paran�, �rg�o onde est�o concentradas as investiga��es, compartilharam propaganda eleitoral do ent�o candidato tucano que reproduzia reportagens com o conte�do da dela��o premiada do doleiro Alberto Youssef, segundo a qual Dilma e Lula teriam conhecimento do esquema de desvios - o teor desses depoimentos est� sob segredo de Justi�a.
Os policiais ajudaram ainda a divulgar not�cias sobre o depoimento � Justi�a de Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, no qual disse que o PT recebia 3% do valor de contratos superfaturados da estatal. Falc�o disse ainda que o partido far� uma representa��o no Minist�rio da Justi�a para que, com a mesma fundamenta��o, ele tamb�m possa tomar as provid�ncias cab�veis em rela��o �s sindic�ncias e � apura��o do comportamento dos delegados. Al�m disso, o PT far� uma "reclama��o disciplinar" ao Conselho Nacional do Minist�rio P�blico, questionando "se a linha de investiga��o e a seletividade diz respeito ou n�o a uma linha geral de investiga��o".
Impeachment
O presidente do PT desvalorizou ainda os protestos dos que pedem a abertura de processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. Segundo Falc�o, s�o manifesta��es em redes sociais e de pessoas que "flertam com o golpismo". Sobre o documento divulgado nessa ter�a, 10, pelo partido, Rui Falc�o disse que n�o houve cobran�a de coer�ncia de Dilma por conta das medidas econ�micas amargas.
"N�o cobramos coer�ncia nenhuma, dizemos que as medidas de ajuste n�o podem transpor o limite conforme, ali�s, a presidenta assegurou na campanha e em declara��o recente. Dizemos que � preciso abrir o dialogo tripartite, especialmente sobre essas duas MPs em curso", disse sobre as medidas que alteram regras trabalhistas e que aguardam aprova��o do Congresso Nacional.
Petrobras
Falc�o negou que o partido tenha recebido dinheiro de corrup��o da Petrobras e que jamais usou de influ�ncia dentro da estatal para se beneficiar. "Nego cabalmente", disse.
Falc�o citou o depoimento do executivo Augusto Ribeiro Mendon�a Neto, em dela��o premiada, que afirmou "ter sido orientado pelo PT a efetuar doa��es em conta banc�ria". Segundo Falc�o, o executivo disse no depoimento que quando procurou a secret�ria de finan�as do partido n�o pronunciou que o dinheiro era de propina.
"Isso partindo de quem partiu j� seria suficiente para nos isentar", afirmou. "N�o h� barganha ou troca. As doa��es s�o feitas em conta banc�ria", refor�ou. Falc�o disse ainda que as empresas costumam doar n�o apenas para o PT, mas para diversos partidos. "Se dizem que n�s recebemos dinheiro de propina todos os demais receberam dinheiro de propina", disse, refor�ando que a sigla n�o teria como saber isso de antem�o. "A gente recebe isso de boa f�", disse.
O presidente do PT disse ainda que "n�o h� nenhuma barganha, nenhuma troca". "As doa��es s�o feitas em conta banc�ria. Agora, se algu�m pegou propina... Dinheiro n�o tem carimbo. N�s temos que cuidar se a empresa est� ativa", completou.
Rui Falc�o disse que o PT sempre combateu a corrup��o, mas n�o vai admitir que em nome deste combate "se viole o Estado democr�tico de direito e se enfraque�a propositalmente a Petrobras". Segundo o presidente petista, h� a inten��o de acabar com o regime de partilha e privatizar a empresa. "Notem que (o ex-ministro Pedro) Malan j� falou sobre o fim do regime de partilha, Fernando Henrique insinuou, v�rios colunistas t�m se manifestado, o presidente da C�mara dos Deputados, (Eduardo Cunha) que querem voltar com o regime de concess�o. Querem acabar com a condi��o de operadora �nica da Petrobras no pr�-sal. Querem em �ltima inst�ncia, l� na frente, privatizar a empresa", acusou.
Cartel dos trens
Questionado sobre a decis�o do Supremo Tribunal Federal (STF) de arquivar o inqu�rito criminal que investigava eventual participa��o do deputado Rodrigo Garcia (DEM-SP) e do ex-deputado federal e suplente de senador Jos� An�bal no esquema de propinas no cartel metroferrovi�rio de S�o Paulo, o presidente do PT disse que "querer acreditar" que eventualmente arquivaram por falta de provas, embora a abertura de inqu�rito tenha significado a "exist�ncia de ind�cios". "Mas assim como eu reclamo para n�s que haja isen��o, eu n�o vou torcer para condenar as pessoas do PSDB, mesmo numa condi��o duvidosa".