S�o Paulo, 12 - O ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa afirmou em sua dela��o premiada ao Minist�rio P�blico Federal no ano passado que a empreiteira Odebrecht, que est� na mira da for�a-tarefa da Lava Jato, fez dep�sitos "a cada dois ou tr�s meses" em suas contas no exterior entre 2008 e 2013 a t�tulo "pol�tica de bom relacionamento" da empresa com ele.
Segundo Costa, os pagamentos em suas contas na Su��a n�o tinham rela��o com as propinas repassadas a partidos pol�ticos e come�aram a ser realizados por sugest�o do pr�prio diretor da Odebrecht Plantas Industriais Rog�rio Ara�jo, que por volta de 2008 ou 2009 lhe disse: "Paulo, voc� � muito tolo,voc� ajuda mais os outros que a si mesmo. E em rela��o aos pol�ticos que voc� ajuda, a hora que voc� precisar de algum deles eles v�o te virar as costas", relatou Costa na dela��o. O executivo da Odebrecht teria indicado, ent�o, o operador Bernardo Freiburghaus, dono da empresa Diagonal Investimentos e que teve a pris�o decretada na nona fase da Lava Jato. Freiburghaus era o respons�vel por abrir e operar as contas do ex-diretor de Abastecimento no exterior.
Em sua dela��o, Costa admitiu que possu�a cerca de US$ 26 milh�es em contas na Su��a vindos da Odebrecht, valor que o Minist�rio P�blico Federal est� negociando a repatria��o com as autoridades su��as. No depoimento, o ex-diretor da estatal detalha como era a opera��o das contas, que ficavam a cargo de Freiburghaus, com quem Paulo Roberto se encontrava a cada dois meses para conferir os extratos na sede da Diagonal, ou mesmo na Costa Global, empresa de consultoria aberta por Costa.
O ex-diretor relatou ainda que o operador cobrava um valor fixo para operar as contas e que Freiburghaus considerava importante, "de tempos em tempos, haver alguma mudan�a" nas contas mantidas no exterior, isto �, movimentar os recursos entre as contas para n�o deixar rastros para as autoridades. Nesse sentido, o operador transferiu recursos mantidos nas contas de Costa no HSBC (no Julius Bank Su��a) e no Deuscthe Bank para as contas na Su��a das quais as autoridades brasileiras conseguiram repatriar. Costa relata ainda que, ap�s as transfer�ncias, ele foi pessoalmente nas ag�ncias das quatro contas abertas na Su��a conferir os valores.
Costa admite que pode ter recebido quantias nestas contas tamb�m em 2014, mesmo ap�s deixar a Petrobras, "como forma de acertar valores de contratos firmado � �poca em que o declarante era diretor de Abastecimento". Segundo o ex-diretor, os valores repassados pela empreiteira eram relativos aos contratos da refinaria de Abreu e Lima, em Pernambuco, e do Complexo Petroqu�mico do Rio de Janeiro (Comperj). Ainda de acordo com Costa, apenas o diretor da Odebrecht Rog�rio Ara�jo, o operador e seus familiares sabiam das contas no exterior. Costa sequer mantinha as senhas das contas, que ficavam com Freiburghaus, e que, segundo o delator, eram mantidas no exterior "para uso futuro, quando viesse a precisar" .
A empreiteira nega as acusa��es de Costa e vem reiterando que n�o fez pagamentos ou dep�sitos para Costa e nem para qualquer outro executivo ou ex-diretor da estatal.