Bras�lia – Advogados dos r�us da Opera��o Lava-Jato, o procurador da for�a-tarefa da investiga��o Athayde Ribeiro Costa e o juiz da 13ª Vara Federal de Curitiba, S�rgio Moro, tiveram uma audi�ncia tensa ontem. O objetivo era ouvir o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa e outra testemunha na a��o que acusa outro ex-diretor da estatal, Nestor Cerver�, de receber propina na compra de sondas da Samsung. A sess�o de cerca de duas horas teve bate-boca, reclama��o por causa de apelidos, acusa��es de “chicana”, microfones cortados, pedidos de “sensibilidade” e de veto a perguntas. Costa e Cerver� assistiram a tudo juntos, na mesma sala com os outros r�us, o doleiro Alberto Youssef, o lobista Fernando “Baiano” Soares e o executivo J�lio Camargo.
Segundo a den�ncia, com ajuda de Youssef, Camargo pagou US$ 40 milh�es em propinas a Cerver� e a Baiano em troca de fechar neg�cio de duas sondas da Samsung com a Petrobras – uma de US$ 586 milh�es (US$ 1,2 bilh�o em valores atuais). Os neg�cios ocorreram em 2006 e em 2007. Cerver� e Baiano negam ter recebido suborno. A Samsung n�o comenta o caso. J� Youssef e Camargo admitem envolvimento no caso, mas esperam que o acordo de colabora��o premiada reduza ou elimine futuras puni��es.
No in�cio da audi�ncia, os advogados de Baiano, com apoio dos de Cerver�, queriam adiar o encontro. O primeiro motivo foi argumentar que Moro era suspeito para conduzir o caso, que deveria tramitar no Rio de Janeiro – alega��o v�rias vezes derrubada por tribunais superiores. O segundo, porque os defensores queriam terminar de ler as dela��es premiadas de Youssef e de Costa, tornadas p�blicas na quinta-feira, mas cujo conte�do n�o tinha sido usado na den�ncia. Em mais de 20 minutos de discuss�o, Moro rejeitou o adiamento da sess�o e disse que s� analisaria os pedidos mais tarde, sem suspender o processo. O procurador Athayde disse que a defesa tentava uma “chicana”. “O argumento � in�cuo. Estamos prezando pela razo�vel dura��o do processo”, afirmou Athayde. O advogado de Fernando Baiano, Davi de Azevedo, disse que ele “cuidasse” das palavras e usasse termos “mais sens�veis, mais elegantes”. As queixas s� terminaram quando Moro cortou o microfone e iniciou o depoimento da testemunha.
Pasadena Na oitiva, Paulo Roberto Costa repetiu v�rios termos dos depoimentos em dela��o premiada prestados em setembro. Ele confirmou que recebeu US$ 1,5 milh�o do lobista Fernando Baiano para “n�o atrapalhar” a compra da Refinaria de Pasadena, nos Estado Unidos. No total, o operador lhe repassou US$ 4 milh�es, incluindo um suborno referente a contrato da Andrade Gutierrez, neg�cio que ainda envolveu o PMDB. A construtora, mais uma vez, repudiou as acusa��es, dizendo que s�o “baseadas em ila��es e n�o em fatos concretos”. O partido nega que tivesse qualquer rela��o com Baiano.
Costa voltou a mencionar que as propinas eram pagas em quatro diretorias: Abastecimento; Explora��o e Produ��o; G�s e Energia; e tamb�m na Internacional. Algumas em conjunto com a Diretoria de Engenharia. Ele disse ainda que, “pelo que tem conhecimento”, Cerver� tamb�m recebia propina. Entretanto, em rela��o �s sondas da Samsung, Paulo Roberto Costa informou que desconhecia o assunto porque era de outro setor. Chegou a dizer que as decis�es eram colegiadas e que Cerver� n�o poderia ter absoluta influ�ncia sobre o neg�cio para convencer os demais diretores.