
Bras�lia – O risco de uma derrota fragorosa nas vota��es do ajuste fiscal encaminhado ao Congresso fez com que o governo capitulasse ao PMDB. A legenda dever� ter prioridade no debate dos cargos do segundo escal�o federal, paralisado desde que as novas mesas diretoras do Congresso foram eleitas, no in�cio de fevereiro. Em troca, o Planalto e o PT torcem para que os peemedebistas apoiem as propostas econ�micas encaminhadas ao Congresso e n�o se aliem � oposi��o para complicar a vida do Executivo e do ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva na CPI da Petrobras.
Guimar�es estava no encontro da corrente majorit�ria do PT na sexta-feira, em que foi diagnosticado que, se o governo n�o reconstruir as pontes com o PMDB, ficar� isolado e ser� engolfado pelo principal aliado. Com a presen�a do ministro das Comunica��es, Ricardo Berzoini, os petistas avaliaram que esgar�ar as rela��es com o PMDB seria o primeiro passo para atirar o aliado no colo da oposi��o. “Se eles se bandearem para o outro lado, corremos o risco de ver o Lula convocado para depor na CPI da Petrobras”, disse um petista, lembrando que o ex-presidente j� vem aparecendo nos jornais como “lobista” dos interesses das empreiteiras investigadas na Opera��o Lava-Jato.
O PMDB j� havia demonstrado for�a pol�tica ao oferecer um jantar, na noite de ontem, para o ministro da Fazenda, Joaquim Levy. O Planalto tentava blindar o czar da equipe econ�mica das conversas com a base aliada, escalando outros ministros para negociar as medidas provis�rias com deputados e senadores. O PMDB achou pouco e quis ouvir Levy. “O PMDB quer ouvir os fundamentos das propostas econ�micas para definir a nossa posi��o sobre as medidas”, justificou Picciani. “Esse � o primeiro passo para que o ajuste fiscal possa vir a ser vitorioso no Congresso. � preciso come�ar o di�logo pela �rea econ�mica”, defendeu Temer.
Principal alvo das investidas do Planalto, Eduardo Cunha, que derrotou o candidato petista na disputa pela presid�ncia da C�mara, disse que a movimenta��o da equipe de Dilma � “natural”. “O governo tem um problema, que s�o duas medidas provis�rias (que alteram a legisla��o trabalhista e a previdenci�ria) para serem votadas na Casa e que demandar articular com a base. Se �o o fizer corre o risco de as medidas serem emendadas e desfiguradas”, afirmou.
Tentando n�o passar recibo de que foram atropelados pelos peemedebistas, os petistas tamb�m marcaram, para esta ter�a-feira, um jantar com Levy. “N�o ser� com toda a bancada, ser� com alguns integrantes do PT”, explicou Guimar�es, que confirmou para esta semana, provavelmente para amanh�, um encontro da base aliada com a presidente Dilma Rousseff. O PT e o Planalto tamb�m devem ao presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), a n�o vota��o, nesta ter�a-feira, durante sess�o do Congresso, do veto presidencial ao reajuste de 6,5% na tabela do Imposto de Renda (IR).
Comiss�es
Alijado das principais comiss�es permanentes da C�mara, como a de Constitui��o e Justi�a (CCJ) e de Finan�as e Tributa��o (CFT), o PT trabalhar� nos pr�ximos dias para garantir o controle de colegiados considerados estrat�gicos para o governo. “Estamos reivindicando, principalmente, as de Minas e Energia, Educa��o, Rela��es Exteriores e Defesa, e Fiscaliza��o e Controle”, informou o l�der petista Sib� Machado (AC). Pelo menos duas pretens�es petistas, por�m, entram em choque com o bloco liderado pelo PMDB: a pasta de Minas e Energia � considerada estrat�gica em ano de crise h�drica; e a de Fiscaliza��o e Controle � reivindicada pelo pr�prio aliado petista, no momento em que se apuram crimes cometidos na Petrobras. A ordem de escolhas ser� definida pelos l�deres em reuni�o na quinta-feira, �s 10h.
Para contemplar apoiadores da �poca da campanha, o PMDB vem cedendo espa�o a partidos que ajudaram na elei��o de Cunha. O PP, por exemplo, indicar� o presidente da CCJ, considerada a mais importante da Casa. O PSDB recebeu dos peemedebistas a posibilidade de optar por Minas e Energia ou Finan�as e Tributa��o, por onde passam todos os projetos com impacto econ�mico.
O ajuste de cada um
O que as principais for�as pol�ticas do pa�s pensam sobre o arrocho econ�mico necess�rio ao pa�s
Governo
» Prop�s um arrocho fiscal que gira entre R$ 60 bilh�es e R$ 70 bilh�es. J� encaminhou duas medidas provis�rias com mudan�as na legisla��o trabalhista e previdenci�ria. Pode at� ceder em alguns pontos, desde que a conta final feche no patamar imaginado pela equipe econ�mica
PT
» Aceita o ajuste, mas n�o quer retrocessos sociais nem perda dos direitos dos trabalhadores. Prop�e mudan�as nas MPs que impe�am a debandada das centrais sindicais. Entre elas, est� a taxa��o das grandes fortunas
PMDB
» Fechou apoio �s centrais sindicais e tamb�m, a exemplo do PT, n�o quer penalizar os trabalhadores. Defende mudan�as nas MPs em tramita��o na Casa, mas ainda n�o apresentou propostas, j� que a lideran�a na C�mara n�o reuniu a nova bancada. A c�pula partid�ria reuniu-se ontem com o ministro da Fazenda, Joaquim Levy. E os presidentes da C�mara, Eduardo Cunha (RJ) e do Senado, Renan Calheiros (AL), v�o se encontrar com empres�rios esta semana
PSDB
» Reconhece a necessidade de ajustes, mas discorda de puni��o aos trabalhadores. Os tucanos defendem a diminui��o dos gastos federais, com o enxugamento da m�quina e a limita��o do n�vel de endividamento da Uni�o