S�o Paulo e Curitiba, 27 - Investigadores da Opera��o Lava Jato encontraram nas buscas no escrit�rio do doleiro Alberto Youssef, em mar�o de 2014, c�pia de documento de altera��o societ�ria de uma empresa especializada em consultorias para prefeituras, o Instituto Tebar, que pertence ao deputado estadual de S�o Paulo eleito pelo PT Luiz Fernando Teixeira Ferreira. Luiz Fernando - como � conhecido - � irm�o do deputado federal Paulo Teixeira (PT-SP), ex-l�der do PT na C�mara.
O fundador do instituto � muito pr�ximo do prefeito de S�o Bernardo do Campo, Luiz Marinho (PT) - apesar de n�o ter cargo no governo local. O documento foi encontrado em meio ao material recolhido pela PF no escrit�rio de Youssef, em S�o Paulo - local onde eram tratadas as propinas pagas por empreiteiras do cartel a agentes p�blicos e pol�ticos alvos da Lava Jato. O parlamentar n�o est� sob investiga��o, nem o Instituto Tebar.
"N�o fa�o ideia do que esse documento poderia estar fazendo com Youssef. Nunca tive nada com ele", afirmou o deputado eleito, que ser� empossado no dia 15.
Ele disse n�o haver irregularidades nos servi�os prestados pelo instituto para prefeituras e reagiu com indigna��o ao saber da exist�ncia de um documento da empresa em meio aos papeis apreendidos no escrit�rio do doleiro, alvo central da Opera��o Lava Jato.
O Instituto Tebar - Fomento, Desenvolvimento, Especializa��o e Moderniza��o da Administra��o P�blica foi criado em 1993, em S�o Bermardo do Campo, na Grande S�o Paulo, por Luiz Fernando. Est� registrado em seu nome e no de sua mulher.
A empresa � especializada em dar cursos de forma��o para gest�es municipais, em especial na �rea de licita��es. Em uma p�gina oficial na internet, o Instituto Tebar informa que "iniciou a discuss�o da moderniza��o da administra��o p�blica, principalmente no que toca �s licita��es e contrata��es".
O documento que estava em poder de Youssef tem seis folhas com registro em cart�rio da quarta altera��o contratual da empresa, datado de 1� de julho de 2011. O documento trata de uma altera��o de endere�o da empresa e foi recolhido em abril do ano passado, durante buscas no escrit�rio de Youssef. O documento foi anexado aos autos da Lava Jato.
Como n�o havia interesse espec�fico para as investiga��es da Petrobras, o material n�o foi analisado e n�o houve aprofundamento de apura��es sobre o caso. O deputado eleito pelo PT informou que vai buscar informa��es sobre essa documenta��o. "Meu contador � de S�o Bernardo, n�o tem absolutamente nada, n�o tenho nem no��o de quem seja esse senhor (Alberto Youssef)", afirmou Luiz Fernando. "Isso � uma aberra��o, essa documenta��o estar l� (no escrit�rio do doleiro da Lava Jato). N�o conhe�o esse pessoal, n�o tenho nenhuma rela��o, zero."
Cardozo
O parlamentar ressaltou que nunca prestou servi�os para a Petrobras. O Instituto Tebar teve em seu quadro t�cnico, quando foi criado nos anos 90, o atual ministro de Justi�a, Jos� Eduardo Cardozo.
O ministro protagonizou nos �ltimos dias um pol�mico cap�tulo da Lava Jato. Ele admitiu ter recebido advogados de empreiteiras que est�o sob suspeita de forma��o de cartel na Petrobr�s. O ministro foi procurado por defensores dos empres�rios capturados no dia 14 de novembro de 2014, quando foi deflagrada a Opera��o Ju�zo Final, s�tima fase da Lava Jato que fez ruir o poderoso bra�o econ�mico do esquema de corrup��o e propinas na estatal petrol�fera.
O epis�dio provocou cr�ticas abertas do juiz federal S�rgio Moro, que conduz todas as a��es da Lava Jato. Ele classificou de "interfer�ncias pol�ticas indevidas" a estrat�gia das empreiteiras em buscar socorro do governo. O juiz sugeriu ao ministro que cuide de dar condi��es estruturais e independ�ncia � Pol�cia Federal, afeta ao Minist�rio da Justi�a.
O nome do ministro ainda consta da lista do "corpo t�cnico" do Instituto Tebar. A empresa - conhecida hoje apenas como Instituto Tebar de Treinamento S/C Ltda. - enfatiza em seu site a import�ncia de "corpo t�cnico". Outro nome dos quadros t�cnicos � o do pr�prio deputado Luiz Fernando.
Luiz Fernando afirmou que Cardozo nunca foi contratado nem recebeu pelo seu trabalho no Instituto Tebar. "Ele deu aula em um dos cursos. Isso foi l� por 2000. Faz mais de 12 anos que o Z� nunca mais deu nenhuma palestra para gente, nada."
O ministro Jos� Eduardo Cardozo (Justi�a) afirmou que deu v�rias aulas para o Instituto Tebar no come�o da d�cada de 90 e que recebeu pelo trabalho absolutamente regular. "Dei muita aula, mas foi h� mais de 20 anos." O per�odo, lembra o ministro, foi entre 1993 e 1995.
"Na d�cada de 90, n�o sei quando foi criado, mas quando conheci o Luiz Fernando logo depois da Lei de Licita��es, a 8.666 de 1993, entrar em vigor. E na �poca o Instituto Tebar organizava muitos cursos sobre licita��o no Pa�s", destaca Cardozo.
Ele afirmou que estava fora da pol�tica ou cargos p�blicos naquele per�odo. "Teve um per�odo de dois anos que fiquei advogando e dando aula", explicou o ministro. Ele disse que chegou a ser um dos principais professores a dar aula para a empresa.
O ministro explicou que as aulas que dava eram pagas pela empresa, mas que nunca teve v�nculo empregat�cio nem prestou consultoria para o Instituto Tebar. Cardozo chegou a ser convidado para ser s�cio do neg�cio, mas n�o aceitou.