S�o Paulo e Curitiba, 02 - O doleiro Alberto Youssef, delator da Opera��o Lava Jato, afirmou que o deputado Luiz Fernando Faria (PP/MG) participou de um esquema de propinas e indicou a contrata��o de uma empresa de minera��o e constru��o pesada para as obras da refinaria Premium I, no Maranh�o. Em dela��o premiada na Opera��o Lava Jato, Youssef declarou que, ao cobrar comiss�o da Fidens Engenharia, soube que a empresa havia sido contratada por "uma inger�ncia pessoal" do parlamentar.
Luiz Fernando � um dos pol�ticos apontados pelo doleiro em sua dela��o perante a for�a-tarefa da Lava Jato, investiga��o que desmantelou esquema de corrup��o que funcionou na estatal petrol�fera entre 2003 e 2014. O deputado mineiro nega categoricamente ter indicado empresa para a refinaria Premium I ou recebido valores il�citos. Seu nome tamb�m foi citado na dela��o do ex-diretor da estatal Paulo Roberto Costa.
O procurador-geral da Rep�blica Rodrigo Janot dever� anunciar esta semana medidas de investiga��o contra deputados e senadores apontados pelo doleiro e pelo ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa. Ambos fizeram dela��o premiada.
A Premium I, or�ada em R$ 20 bilh�es e situada em Bacabeira, a 60 quil�metros da capital S�o Lu�s, foi projetada para operar como a maior refinaria da Petrobras - capacidade para processar 600 mil barris por dia de petr�leo. Mas o empreendimento emperrou h� tr�s anos, ainda na gest�o Roseana Sarney (PMDB). Na semana passada, o governador do Maranh�o, Fl�vio Dino (PC do B), reivindicou � presidente Dilma Rousseff (PT) que autorize a retomada das obras.
Em um de seus in�meros relatos aos procuradores da Rep�blica que investigam empreiteiras que se uniram em cartel para conquistar contratos bilion�rios da Pretrobras, Youssef citou a Premium I e o deputado mineiro Luiz Fernando, do PP. Esse depoimento foi realizado no dia 12 de novembro na sede da Pol�cia Federal em Curitiba, base da Lava Jato.
O doleiro afirmou que o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, ganhou propina de 30% sobre o montante desviado de um dos itens das obras, relativo � terraplanagem da refinaria. A Fidens, fundada em 1968, fica em Minas.
Segundo Youssef, a licita��o da terraplanagem ocorreu entre 2010 e 2011 "sendo acertado que as vencedoras seriam a Galv�o Engenharia, Serveng e Fidens". Ele afirmou que "ficava sabendo antecipadamente" o nome das empresas que ganhariam as licita��es no �mbito da Premium I. O doleiro contou que "foram feitas reuni�es" em seu escrit�rio em S�o Paulo, na Avenida S�o Gabriel, Itaim Bibi. Nem a Serveng e nem a Fidens s�o acusadas de participar do cartel de empreiteiras que atuava na estatal.
Ficou acertado, segundo o delator, o pagamento de comiss�o de 1% sobre o valor do contrato. Os repasses teriam sido iniciados seis meses depois do in�cio da obra. Ele falou sobre uma reuni�o com a Galv�o Engenharia, representada na ocasi�o pelo executivo Erton Medeiros, alvo da Lava Jato.
Nesse encontro, disse Youssef, "ficou acertado" que a comiss�o seria liberada mediante a emiss�o de notas das empresas MO e Rigidez - companhias de fachada controladas pelo doleiro para fluir o tr�nsito de propinas. Ele contou que um diretor da Serveng, conhecido por Paulo, "procedeu a negocia��o da comiss�o a ser paga pela empresa", no montante de R$ 700 mil, parcelados em sete vezes de R$ 100 mil cada.
"O pr�prio Paulo esteve no escrit�rio da Avenida S�o Gabriel entregando tais quantias em esp�cie", declarou o doleiro.
Segundo ele, "de regra" o l�der do cons�rcio negociava o pagamento das comiss�es. A obra de terraplanagem da refinaria foi uma exce��o. "O caso presente foi excepcional pois cada empresa acabou pagando o valor proporcional � sua parte do contrato", disse o doleiro.
Ao procurar a Fidens para realizar a cobran�a soube que essa empresa ingressou no certame e foi contratada "devido a uma inger�ncia pessoal do deputado Luiz Fernando do Partido Progressista junto a Paulo Roberto Costa". Segundo o doleiro, a comiss�o seria paga diretamente pela Fidens. "Isso me foi informado inclusive pelo pr�prio Paulo Roberto Costa."
Defesa
Por meio de sua assessoria de imprensa, o deputado Luiz Fernando (PP/MG) recha�ou a informa��o de que teria participado da indica��o da Fidens. Negou tamb�m ter recebido valores il�citos e destacou sua "longa e imaculada vida p�blica".
A Fidens tamb�m nega que tenha sido contratada por inger�ncia pessoal do deputado Luiz Fernando e que tenha pago propina ao parlamentar e participado de qualquer irregularidade nas obras da Premium I.
Segundo nota da Galv�o Engenharia, os contratos da empresa foram firmados de maneira l�cita. Os pagamentos realizados resultaram de extors�o e concuss�o, e n�o t�m rela��o com valores contratados. A Serveng disse que "desconhece o assunto e declara que sua atua��o � pautada no cumprimento � lei."