Marta diz 'n�o ter coragem' de defender governo Dilma

S�o Paulo, 06 - Em processo de sa�da do PT, a senadora Marta Suplicy (SP) voltou � carga contra o partido que ajudou a fundar e o governo Dilma Rousseff, do qual foi ministra da Cultura, durante evento com clima de campanha eleitoral na zona leste de S�o Paulo, nesta sexta-feira, 6. Segundo ela, o PT "n�o � mais o mesmo" e sua situa��o no partido � desconfort�vel por "n�o ter coragem" de defender publicamente o governo Dilma.

Segundo dirigentes do PSB, Marta j� selou um acordo para disputar a Prefeitura de S�o Paulo pela legenda, mas a senadora disse que ainda n�o decidiu a situa��o.

Em evento em comemora��o ao Dia Internacional da Mulher no Jardim Helena, tradicional reduto petista na zona leste, Marta se declarou "rebelada" com o PT e afirmou que o partido n�o � mais o mesmo.

"Eu sei que o partido n�o � mais o mesmo. N�o � o partido que eu ajudei a fundar. � um partido que n�o se relaciona com a popula��o", disse ela. "Estou muito triste. Sou senadora da Rep�blica pelo PT. � uma situa��o muito desconfort�vel porque n�o tenho coragem de ir l� naquela tribuna fazer um discurso defendendo este governo. Vou defender o que?", questionou a senadora.

De forma did�tica, ao seu estilo, Marta explicou �s cerca de 300 pessoas que lotaram a garagem abafada da Associa��o Beneficente Irm� Ildefranca, como a pol�tica econ�mica de Dilma afeta o bolso da popula��o.

"Agora voc�s est�o recebendo essa conta muito maior de luz por causa de uma falta de programa��o adequada", criticou.

Marta tamb�m apontou equ�vocos na forma como o governo tenta recolocar a economia nos trilhos. De acordo com a senadora, Dilma quer empurrar a conta dos erros na condu��o econ�mica para os trabalhadores e falhou ao n�o negociar com o Congresso o encaminhamento do ajuste fiscal. Para ela, Dilma mentiu durante a campanha eleitoral.

"O governo conseguiu unir duas coisas que est�o erradas. Primeiro a mentira (em rela��o ao discurso de campanha). E a estrat�gia equivocada. Ningu�m soube de nada", disse ela. "Essa pol�tica econ�mica agora est� sendo consertada de um jeito equivocado. A conta est� sendo passada para os trabalhadores", completou.

O evento foi marcado pela forte presen�a de lideran�as locais tanto do PT quanto de partidos rivais como o PSDB e cr�ticas ao prefeito Fernando Haddad (PT). "Se a gente n�o tem respeito por este prefeito � porque ele n�o fez por merecer", disse o l�der comunit�rio Adriano Oliveira, diretor da Sepas.

Haddad foi acusado de negligenciar a qualidade do atendimento nas creches da regi�o, protelar medidas contra enchentes e abandonar a periferia. O prefeito teve 76% dos votos no Jardim Helena em 2012.

J� Marta foi ovacionada pela popula��o que pontuou os discursos das lideran�as lembrando marcas de sua passagem pela prefeitura como o Bilhete �nico, CEUs, Vai e Volta e uniforme escolar.

� vontade, Marta distribuiu abra�os, conversou com os moradores - chamando muitos deles pelo nome -, tomou caf�. ouviu propostas e pedidos, prometeu encaminhamentos e foi presenteada com um buqu� de rosas vermelhas. Vestida de cal�a jeans e blusa rosa, ela estava acompanhada pelo marido, M�rcio Toledo, e uma equipe de assessores que filmavam, anotavam e fotografavam cada passo da senadora.

Entre as lideran�as locais estavam o Pastor Luciano, um dos principais interlocutores do PT junto a igrejas evang�licas, o dirigente local do PSDB Jos� Pereira de Lima e Geraldo Malta, do PSDB, que fez a liga��o dos evang�licos com o ent�o candidato � reelei��o Geraldo Alckmin, um dos incentivadores da ida de Marta para o PSB.

"Sem d�vida � um dos nomes que surgem com mais for�a para a prefeitura nesta pr�-campanha", disse ele.

Durante o evento, um dos oradores disse que a associa��o recebeu um telefonema do Centro de Refer�ncia de Assist�ncia Social (Cras) de S�o Miguel. O autor da liga��o queria checar a "den�ncia" sobre realiza��o de um "ato pol�tico" na sede da associa��o (que recebe aux�lio da prefeitura).