Bras�lia, 12 - Ap�s quatro horas e meia de elogios e homenagens, o presidente da C�mara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), deixou a CPI da Petrobras, na tarde desta quinta-feira, 12, fazendo cr�ticas ao governo e desqualificando a peti��o do procurador-geral da Rep�blica, Rodrigo Janot, para que fosse investigado.
Apesar de haver 34 parlamentares na lista de investigados at� o momento, Cunha voltou a afirmar em entrevista ap�s a sess�o que a crise n�o � do Legislativo e que o Executivo tenta se eximir de responsabilidade.
"A corrup��o n�o est� no Poder Legislativo. Se algu�m do Poder Legislativo participou do processo de corrup��o, isso faz parte de um processo que n�o come�ou no Poder Legislativo", afirmou. "Me parece que tentaram dividir a crise. Essa crise n�o tem que ser dividida. Tem que se apurar e punir todos, mas n�o pode dividir essa crise", disse o presidente.
Cunha foi festejado por dezenas de deputados e pressionado apenas por dois deles, Ivan Valente (PSOL-SP), e Clarissa Garotinho (PR-RJ), filha do ex-governador do Anthony Garotinho (RJ), antigo aliado e hoje desafeto do deputado. Para o presidente da C�mara, se a sess�o foi leve, isso se deve � fragilidade dos argumentos de Janot.
"N�o tem nem f�cil nem dif�cil, nem leve nem pesado. Tem os fatos. Me ative aos fatos. Se voc� acha que foi leve, � porque os fatos s�o leves", afirmou em entrevista concedida logo ap�s a sess�o. "N�o vim atr�s de elogios ou apupos. Vim atr�s da verdade e procurei mostrar a verdade e esclarecer os fatos", disse o deputado.
Questionado sobre a seriedade da CPI, Cunha defendeu a comiss�o presidida por seu aliado Hugo Motta (PMDB-PB). "A Casa tem uma CPI que est� funcionando e est� funcionando t�o bem que vim aqui prestar os esclarecimentos para ela com toda normalidade", disse.
Ap�s apontar fragilidades na peti��o que pede que senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) seja investigada, Cunha foi poupado at� por petistas. "O que quis dizer � que o procurador escolheu quem quis investigar. At� citei que as motiva��es que ele colocou para a senadora Gleisi Hoffmann s�o absurdas. Ou ele abriria para todo mundo ou n�o deveria ter aberto para ela", afirmou, apontando fragilidades tamb�m na pe�a da Procuradoria-Geral da Rep�blica que poupou o senador Delc�dio Amaral (PT-MS) de ser investigado.
Eduardo Cunha foi � CPI voluntariamente. A comiss�o ainda n�o aprovou nenhum requerimento de convoca��o de pol�ticos ou empreiteiros. Questionado se outros parlamentares, como o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), deveriam fazer o mesmo, Cunha os poupou. "N�o vou aqui utilizar o expediente, pelo fato de eu ter feito, para constranger quem quer que seja. Cada um sabe do exerc�cio de seu mandato e daquilo que deve fazer".
Perguntas
Em seu depoimento � CPI, Cunha se recusou a abrir espontaneamente seus sigilos fiscal, banc�rio e telef�nico. Afirmou que s� faria isso se instado pela comiss�o. O pedido foi feito por Ivan Valente e reiterado por Clarissa Garotinho.
"(N�o quis abrir espontaneamente meus sigilos) porque achei que aquilo era uma atitude hip�crita, apenas fazer uma bravata �nica e exclusivamente para constranger todos aqueles que foram citados a fazer o mesmo. N�o vamos fazer um espet�culo. Se a comiss�o entender que deve, ela faz", afirmou.
Em entrevista, Cunha respondeu a um questionamento de Clarissa Garotinho que havia deixado sem resposta durante a sess�o. A deputada perguntou se o presidente da C�mara possui contas no exterior ou se � s�cio de empresa offshore. "N�o tenho nenhum recurso, n�o sou s�cio de nenhuma empresa. Tudo o que eu tenho est� no meu imposto de renda", afirmou. "N�o sou s�cio de nenhuma offshore, n�o mantenho conta no exterior de nenhuma natureza".