
Em resposta aos protestos marcados para amanh� contra o governo da presidente Dilma Rousseff (PT), manifestantes se vestiram de vermelho e lotaram ruas e avenidas das principais capitais brasileiras. Nas bandeiras, a prote��o da democracia, a defesa da Petrobras, a luta pelos direitos trabalhistas e, principalmente, o rep�dio a qualquer tentativa de alas mais conservadoras de promover o impeachment de Dilma e for�ar um golpe de Estado. Em Belo Horizonte, o ato reuniu milhares de pessoas, que percorreram desde a Pra�a Afonso Arinos – que conta com torre de extra��o de petr�leo da �poca da cria��o da Petrobras – at� terminar, por volta das 19h, na Pra�a Sete.
Pela estimativa dos organizadores, o evento contou com 8 mil pessoas, j� a Pol�cia Militar (PM) calculou um quarto desse contingente. A quantidade de p�blico, que ocupou toda a pista da Avenida Afonso Pena, sentido Rodovi�ria, fez cair por terra a orienta��o do prefeito Marcio Lacerda e da PM, que no in�cio da semana haviam decretado toler�ncia zero a bloqueios totais de vias durante protestos.
O ato teve a participa��o da Central �nica dos Trabalhadores (CUT), Movimento Sem Terra (MST), centrais sindicais, movimentos sociais e estudantis. Integrantes do PT, PCdoB e partidos da base aliada do governo tamb�m estiveram presentes. Um abaixo-assinado pela reforma pol�tica circulou na manifesta��o, um dos temas mais defendidos.
V�rias lideran�as – entre representantes de sindicatos, de movimentos sociais e de grupos estudantis – discursaram em caminh�o de som. Cartazes e faixas ironizavam o pedido de impeachment defendido por grupos que v�o �s ruas amanh� e tamb�m o panela�o promovido no dia 8 contra o discurso da presidente em rede nacional de r�dio e TV. “Somos contra todas as tentativas de uma virada � direita que est�o tentando no pa�s”, afirmou a presidente da CUT-MG, Beatriz Cerqueira. Esse � tamb�m o temor do servidor p�blico, Rubem Gueiro, que foi ao ato com a mulher e o filho. “A democracia e o nosso voto t�m que ser respeitados. Quer ganhar a elei��o? Que ganhe democraticamente”, disse.
A defesa da principal estatal brasileira levou funcion�rios da Petrobras a comparecer � manifesta��o com os uniformes laranjas da empresa. “Somos contra qualquer tentativa de privatizar a Petrobras e acreditamos que respons�veis pela corrup��o devem responder por crime hediondo”, afirmou o diretor da Federa��o �nica dos Petroleiros e coordenador do Sindicato dos Petroleiros de Minas Gerais, Leopoldino Martins.
O fim do financiamento privado de campanhas eleitorais, tema que enfrenta grande resist�ncia no Congresso Nacional, tamb�m foi tratado. “J� passou da hora de atacarmos o problema em sua raiz. Na rela��o de partidos e deputados com grandes empresas”, afirmou o professor Reginaldo Fernandes, de 43 anos.
Apesar de a maioria dos discursos apoiar a presidente e condenar a possibilidade do impeachment, tamb�m foram feitas cobran�as a Dilma, como a revis�o nas mudan�as propostas pelo Pal�cio do Planalto em rela��o �s leis trabalhistas. Em uma das faixas levadas pelo sindicato dos metal�rgicos de Betim, estava o pedido pela revoga��o das Medidas Provis�rias 664 e 665, que determinam novas regras para acesso a benef�cios previdenci�rios como seguro desemprego, aux�lio-doen�a e abono salarial. Ambas editadas pela petista em 30 de dezembro.
“N�o podemos aceitar medidas contra o trabalhador, como do ministro (da Fazenda) Joaquim Levy, ou posi��es da (ministra da Agricultura) K�tia Abreu. Queremos um governo de esquerda, em defesa dos trabalhadores. Elegemos a presidente Dilma e vamos defend�-la at� o fim contra conservadores que querem dar um golpe antidemocr�tico”, discursou Cleide Don�ria, do Partido da Causa Oper�ria (PCO).
Estrada As manifesta��es organizadas pelas centrais sindicais e movimentos sociais levantaram uma bandeira em defesa da Petrobras e da soberania nacional, criticando uma tentativa dos partidos de direita de tentarem criar condi��es para a privatiza��o da estatal petrol�fera. Em Minas Gerais os protestos aconteceram na BR-381, tamb�m conhecida como Fern�o Dias, que foi fechada pelos manifestantes provocando um grande congestionamento, e chegaram at� a porta da Refinaria Gabriel Passos (Regap), em Betim.
Trabalhadores nas ruas em 24 estados e no DF
Protestos em defesa da Petrobras e da presidente Dilma ocorreram em cidades de 24 estados e no Distrito Federal durante todo o dia de ontem. Os manifestantes, que foram convocados por centrais sindicais e outras entidades, tamb�m reivindicaram direitos dos trabalhadores, reforma agr�ria e reforma pol�tica. Em todo o pa�s, participaram 32 mil pessoas, segundo as autoridades policiais, e 148 mil, segundo organizadores. As manifesta��es foram no Acre, em Alagoas, no Amap�, no Amazonas, na Bahia, no Cear�, no Distrito Federal, no Esp�rito Santo, em Goi�s, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, no Maranh�o, em Minas Gerais, na Para�ba, no Par�, Paran�, em Pernambuco, no Piau�, Rio de Janeiro, no Rio Grande do Norte, em Rio Grande do Sul, em S�o Paulo, Sergipe, Santa Catarina e Tocantins. Os atos foram pac�ficos.
Foi em S�o Paulo, uma das maiores concentra��o de trabalhadores, com 12 mil pessoas, segundo a Pol�cia Militar, que percorreram as ruas da cidade. Em carros de som, sindicalistas criticaram quem fala em impeachment e disseram que o PSDB � aliado dos EUA e que casos de corrup��o devem ser investigados e os culpados devem ser punidos. A caminhada come�ou por volta das 15h30 com destino � Pra�a da Rep�blica. �s 15h45, o ato fechava os dois sentidos da Avenida Paulista na altura do pr�dio da Petrobras. De acordo com a prefeitura, a Avenida Paulista, no Sentido Para�so-Consola��o, foi liberada at� a Rua Ministro Rocha Azevedo no fim da tarde.
No Rio, cerca de mil pessoas integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), de acordo com a Pol�cia Militar, se reuniram na Cinel�ndia em defesa da empresa e em apoio ao governo Dilma. O grupo se deslocou at� a sede da Petrobras, na Avenida Chile, no in�cio da tarde. Diante da sede da estatal, o grupo fez um abra�o simb�lico e cantou o Hino Nacional na porta do edif�cio. Em seguida, gritaram “viva Dilma”. Ap�s alguns minutos na frente do pr�dio, manifestantes voltaram para a Cinel�ndia. Outros continuaram no local. O protesto aconteceu sem incidentes.