Fl�via Ayer

Antigo centro do poder de Minas Gerais e cen�rio hist�rico de lutas pol�ticas, a Pra�a da Liberdade receber� hoje, a partir das 9h, milhares de manifestantes de grupos contr�rios ao governo de Dilma Rousseff (PT). A convoca��o foi feita h� cerca de dois meses pelas redes sociais e, em uma das p�ginas no Facebook, h� 33 mil confirma��es de presen�a. Os protestos se estender�o tamb�m por pelo menos 12 cidades do interior de Minas e 24 estados brasileiros. Unidos pela indigna��o com os rumos da pol�tica nacional, eles trazem demandas diversas: contra a corrup��o, o esc�ndalo da Petrobras, o aumento da gasolina, a favor do impeachment de Dilma e at� pedindo a interven��o militar. Manifestantes preparam camisetas e faixas, al�m de seguran�a privada, trio el�trico e banda.
H� atos marcados ao longo de todo o dia: �s 9h, �s 10h e �s 15h. Os movimentos se apresentam como apartid�rios, mas acabaram ganhando a ades�o de partidos pol�ticos de oposi��o. Favor�veis ao afastamento da presidente, alguns grupos pedem que, assim como em 1992, no pedido de impeachment que motivou a ren�ncia do ent�o presidente Fernando Collor de Mello, manifestantes compare�am com as caras pintadas e vestidos com as cores da bandeira do Brasil.
A Pol�cia Militar (PM) convocou 15 mil homens para a opera��o, que usar� o mesmo esquema de seguran�a das copas das Confedera��es, em 2013, e do Mundo, em 2014. Trata-se do envelopamento, uma esp�cie de cord�o humano cercando e acompanhando manifestantes para evitar porte de armas, pedras e coquet�is molotov. A pra�a ser� monitorada por c�meras, acompanhadas pela corpora��o de uma sala do Comando da PM. Seis aeronaves estar�o � disposi��o dos militares.
Apesar da opera��o montada pela PM, manifestantes esperam promover um ato pac�fico e familiar. Nas p�ginas das redes sociais eles refor�am que a viol�ncia n�o ser� tolerada e v�ndalos ser�o entregues � pol�cia. O aposentado Geraldo Souza Romano, de 78 anos, representante da Frente Uni�o Brasil e do Vem Pra Rua, um dos maiores movimentos, conta que est�o sendo preparadas faixas e camisetas. Vendidas a R$ 20, as camisas trazem a inscri��o “Eu luto pelo Brasil – Luto Brasil”. “O Brasil est� de luto. Somos pela democracia, pela fam�lia e contra a corrup��o. Queremos recuperar a dignidade e a dec�ncia da sociedade brasileira”, explica.
A banda Os Tancredos, grupo que faz alus�o ao ex-presidente Tancredo Neves e toca hits dos anos 60 e 70, se apresentar� em um trio el�trico. “� para alegrar o povo”, afirma Romano, que tirou do pr�prio bolso R$ 13 mil para a prepara��o do ato pol�tico e espera doa��es para recuperar o investimento. Volunt�rios atuar�o para refor�ar a seguran�a. “S�o umas 150 pessoas que trabalham nessa �rea e tamb�m lutam, que t�m um preparo f�sico melhor”, diz Romano, para quem o PT deveria sair “do governo e do pa�s”. Ontem, seis carros de som circularam na cidade para convocar para o ato. Tamb�m houve distribui��o de panfletos.
Vergonha O advogado Aristoteles Atheniense est� � frente do Grupo Vergonha, que se reunir� �s 9h em frente ao coreto da pra�a com camisa produzida especialmente para o evento. “Vergonha � o sentimento que tomou conta do pa�s diante do quadro atual, levando em conta sobretudo os epis�dios do mensal�o e da Petrobras. Sobra vergonha no Brasil e falta vergonha nos pol�ticos”, diz Atheniense, que participou desde o movimento pela posse de Juscelino Kubitschek at� o pedido de impeachment de Collor.
De acordo com Atheniense, a preocupa��o do grupo, formado por empres�rios, estudantes, oper�rios e donas de casa, � “externar a preocupa��o e a insatisfa��o com m�todos que regem a pol�tica”. Eles levar�o faixas com as frases “Dec�ncia ainda que tardia”, “J� n�o sou cidad�o, virei contribuinte”, entre outras. Para garantir a tranquilidade, eles criaram um regulamento. Entre as orienta��es est�o n�o se pronunciar em favor de medidas radicais, a exemplo do golpe militar, e se sentar no ch�o fazendo uso de apitos, em caso de problemas. O documento tamb�m traz instru��es sobre a forma de carregar as faixas – no m�ximo, quatro pessoas – e de estimular a solidariedade entre os integrantes.
VAREJO O com�rcio tamb�m aproveitou para lucrar com as manifesta��es. Uma loja de roupas no Centro de BH produziu uma linha de camisas especial para os protestos. A vers�o mais simples, vendida a R$ 9,99, leva a estampa da bandeira do Brasil. Outro modelo � voltado para quem quer tirar a presidente do poder e traz, al�m da bandeira, a frase “Impeachment – Fora Dilma”.
A vendedora �ngela Alzira, de 27, acredita que o governo da Dilma � bom para as mulheres, mas, na hora de anunciar o produto no microfone, ela capricha na cr�tica. “Dia 15. Est� chegando. � o impeachment da Dilma. A camisa para protestar � R$ 15”, diz. Os modelos est�o dispon�veis nas lojas da rede em Nova Lima e Raposos, na regi�o metropolitana.
O estudante Nicolas Lisandro, de 17, comprou tr�s camisas para toda a fam�lia comparecer � manifesta��o na Pra�a da Liberdade. Apesar de n�o ter votado nas �ltimas elei��es, ele quer o fim do governo da petista. “Ela est� me estressando. Est� tirando o Fies (financiamento estudantil) das faculdades e vou fazer vestibular este ano”, diz. Para frear gastos com o programa, o Minist�rio da Educa��o (MEC) fez restri��es ao programa que financia alunos em universidades particulares.
