
O presidente da C�mara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), disse que, se fosse hoje a conven��o do PMDB para manter o apoio � reelei��o da presidente Dilma Rousseff (PT), ela provavelmente desfaria a parceria originada no segundo mandato do ex-presidente Lula. Perguntado durante o programa Roda Viva se hoje o partido votaria pela manuten��o da alian�a, respondeu: "Acho que n�o, n�o pela presidenta, mas pelo PMDB; a pol�tica tem circunst�ncias". Segundo Cunha, � evidente que houve um enfrentamento entre os dois partidos e que isso deixou sequelas.
Para Cunha, seu partido, antes maior aliado do PT e hoje em atrito com o governo, n�o aceita o "presidencialismo de coopta��o", que ele alega ter sido imposto pelo governo Dilma. O presidente da C�mara disse que o PMDB n�o quer "carguinhos", mas quer ser part�cipe do governo."Governar n�o � s� dando cargo, � compartilhando solu��es a serem adotadas", afirmou. Cunha afirmou que todos sabem da necessidade do ajuste fiscal, bastando ter algum entendimento da economia, mas reclamou que, nos �ltimos anos, a presidente n�o chamou o PMDB � mesa de decis�es e que, agora, tenta impor o �nus dos erros de seu governo ao PMDB, quando transfere ao Congresso a responsabilidade de aprovar as medidas.
Cunha disse considerar um absurdo a quantidade de minist�rios - 39 - e afirmou j� ter sugerido a redu��o para 20. Ainda com rela��o a cargos, declarou que ser� um erro da Presid�ncia se achar que vai reconquistar o PMDB simplesmente dando posi��es em minist�rios ou no segundo escal�o. "N�o � pelo fato de ter mais cargos que vai fazer estar mais ou menos presente governo. O PMDB quer ter opini�o, voz e influenciar. Queremos ser part�cipes, n�o queremos mais cargos."
O peemedebista tamb�m reclamou da articula��o do Planalto de apoiar a movimenta��o de Gilberto Kassab (PSD), de criar o PL no intuito de atrair parlamentares de outros partidos (inclusive do PMDB) e depois fundir o PL ao PSD, inflando sua representa��o no Congresso. "N�o d� pra defender reforma pol�tica e estimular a coleta de assinaturas comprada, arranjada por agentes pol�ticos com subterf�gios. O objetivo ali n�o � criar partido, com ideologia, mas a busca pelo poder, na coopta��o de parlamentares para enfraquecer aliados."
Para Cunha, o governo petista partiu para essa estrat�gia porque perdeu for�a pol�tica, passou de uma "hegemonia eleitoral" dos tr�s primeiros mandatos petistas para uma "vit�ria eleitoral" apertada. O peemedebista acredita que se somaram fatores negativos para o governo de Dilma, da comunica��o falha do ajuste fiscal � popula��o �s den�ncias de corrup��o na Petrobras. "� uma combust�o", afirmou, e depois repetiu a cr�tica de que os ministros Jos� Eduardo Cardozo (Justi�a) e Miguel Rossetto (Secretaria-Geral da Presid�ncia) demonstraram incompreens�o das manifesta��es de rua deste domingo, 15.
Ainda assim, Cunha admitiu ter visto hoje um governo mais humilde na postura da presidente - Dilma admitiu na tarde desta segunda-feira que pode ter errado na dosagem da pol�tica econ�mica antic�clica do primeiro mandato.