
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) avaliou que as manifesta��es do �ltimo domingo, 15, passaram um recado tanto para a presidente Dilma Rousseff (PT) como para o ex-presidente Lula (PT). Em entrevista ao jornal Valor Econ�mico, FHC disse que os �nimos se acirraram ap�s a fala de Lula de que ex�rcitos da Central �nica dos Trabalhadores (CUT) e do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) iriam para as ruas defender o governo. O tucano reclamou ainda do sil�ncio do petista . "Ele sumiu e agora s� a Dilma que � a culpada? S� se l� nos jornais que Lula reclamou da Dilma. Que � isso?", questionou.
Ele avaliou que os protestos e especialmente os panela�os mostraram que � a sociedade que est� surda ao governo e n�o o contr�rio. Disse ainda n�o crer que Lula e Dilma n�o soubessem sobre o esquema de corrup��o na Petrobras. "Em portugu�s claro: n�o � cr�vel que o que aconteceu na Petrobras fosse desconhecido por quem estivesse no poder, seja Lula seja Dilma. N�o digo que estejam involucrados no assunto, mas n�o � cr�vel que estivessem alheios. Foram muitos anos com diretores sustentados pelos partidos."
Fernando Henrique cobrou Lula, Dilma e o PT pelo que considera erros econ�micos. Argumentou que as falhas em optar por controle de pre�os de combust�veis, pol�tica de campe�es nacionais - de priorizar empr�stimos do BNDES para algumas companhias - e mesmo as decis�es de pol�tica energ�tica n�o podem ser colocadas na conta do ex-ministro da Fazenda Guido Mantega. FHC repetiu a argumenta��o que vem sendo feita pelo PSDB e pela oposi��o de cobrar um mea-culpa do governo petista. "Quantas vezes n�o disse que errei por n�o ter ajustado o c�mbio antes de 1998? Tinha mil raz�es para dizer por que n�o ajustei, mas n�o importa. N�o se pode fugir da responsabilidade hist�rica."
O ex-presidente tucano avaliou ainda que o novo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, foi nomeado "n�o pela raz�o, mas pelo cora��o". Para FHC, fica evidente o entendimento do Planalto de que, se Levy for embora, "a coisa explode". Ele apontou, contudo, n�o ser fatalista e ver condi��es para a corre��o de rumo na economia. "O desemprego cresceu, mas ainda n�o � assustador. A infla��o subiu, est� pegando mais que o desemprego, mas ainda h� margem de manobra do governo."
O ex-presidente avaliou que o PMDB pode at� ter diminu�do em tamanho de bancadas no Congresso Nacional, mas ainda tem consist�ncia e poder de influenciar partidos pr�ximos. Ele avaliou que a legenda pode ajudar na aprova��o de ajustes fiscais, mas que o PT vai ter colocar a m�o no fogo. "Quem vai pagar o pre�o � o PT. Ningu�m vai p�r a m�o no fogo para tirar as castanhas. Claro que n�o s�o malucos de negar o necess�rio. Acho que n�o haver� irresponsabilidade de negar o ajuste, mas vai custar para fazer."
Sobre os rumores de que ele se encontraria com Dilma em um gesto de acalmar os �nimos entre os dois partidos advers�rios em um momento que ganham for�a discursos mais radicais de impeachment, FHC disse nunca ter recusado o chamado de ningu�m para conversar, mas que o "momento n�o � de conchavo". "Se a presidente achar que � o momento de chamar, deve ser p�blico", afirmou.