Documento reservado do Pal�cio do Planalto admite que o governo tem adotado uma comunica��o "err�tica" desde a reelei��o da presidente Dilma Rousseff, afirma que seus apoiadores est�o levando uma "goleada" da oposi��o nas redes sociais e aponta como sa�da para reverter o "caos pol�tico" e o quadro p�s-manifesta��es o investimento maci�o em publicidade oficial em S�o Paulo, cidade administrada pelo petista Fernando Haddad onde se concentra, atualmente, a maior rejei��o ao PT.
O texto cita, em tom de alerta, pesquisa telef�nica recente feita pelo Ibope a pedido do Planalto na qual 32% dos entrevistados disseram ter mudado de opini�o negativamente sobre o governo nos �ltimos seis meses - ou seja, da campanha de outubro at� agora. Conclui que o pa�s passa por um "caos pol�tico" e admite: "N�o ser� f�cil virar o jogo".
O documento � dividido em tr�s partes: "Onde estamos", "Como chegamos at� aqui" e "Como virar o jogo". A primeira faz um diagn�stico do momento e admite erros de a��o nas redes sociais. "A comunica��o � o mordomo das crises. Em qualquer caos pol�tico h� sempre um que aponte 'a culpa � da comunica��o'. Desta vez, n�o h� d�vidas de que a comunica��o foi errada e err�tica. Mas a crise � maior do que isso."
Ap�s o mea-culpa, o governo tenta dividir o �nus da crise.
"Ironicamente, hoje s�o os eleitores de Dilma e Lula que est�o acomodados com o celular na m�o enquanto a oposi��o bate panela. D� para recuperar as redes, mas � preciso, antes, recuperar as ruas."
Erros
No segundo cap�tulo � feito um invent�rio dos erros acumulados desde 2010 para explicar o momento atual. "O in�cio do primeiro governo Dilma foi de rompimento com a milit�ncia digital", diz um trecho. Os motivos seriam a pol�tica de defesa dos direitos autorais implementada pela ex-ministra da Cultura Ana de Hollanda e o distanciamento com os blogueiros ditos progressistas na gest�o de Helena Chagas na Secom.
"O fim do di�logo com os blogs pela Secom gerou um isolamento do governo federal com as redes que s� foi plenamente restabelecido durante a campanha eleitoral de 2014", diz o texto. "Em 2015 o erro de 2011 foi repetido", completa. O documento aponta a escolha de Joaquim Levy para o Minist�rio da Economia e as medidas de ajuste fiscal para explicar um "movimento impressionante" de "descolamento entre o governo e sua milit�ncia" a partir de novembro.
Esse movimento, segundo a an�lise, foi intensificado pelo "desastrado" an�ncio de corte no Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) e subida do pre�o da gasolina e da energia el�trica, al�m das den�ncias de corrup��o na Petrobras. E faz uma cr�tica ao discurso usado at� aqui pelo pr�prio governo e pelo PT.
"N�o adianta falar que a infla��o est� sob controle quando o eleitor v� o pre�o da gasolina subir 20% de novembro para c� ou sua conta de luz saltar em 33%. O dado oficial IPCA conta menos do que ele sente no bolso. Assim como um senador tucano (Antonio Anastasia, MG) na lista da Lava Jato n�o altera o fato de que o grosso do esc�ndalo ocorreu na gest�o do PT."
O texto cita o "sentimento de abandono e trai��o" entre os dilmistas e aponta a necessidade de aceitar esta "m�goa" como estrat�gia de rea��o.
Isolamento
O texto indica claramente que o isolamento da presidente da elei��o at� o carnaval contribuiu para a intensificar a crise e cobra a��o dos parlamentares do PT que, segundo a an�lise, deixaram de defender o governo. "Hoje, a p�gina do deputado Jean Wyllys, do PSOL, tem um peso maior que quase toda a bancada federal", compara. A avalia��o � que a estrat�gia atual de comunica��o atinge apenas o eleitorado de Dilma e n�o � capaz de chegar ao grosso do eleitorado.
Para "virar o jogo", o texto sugere mais exposi��o de Dilma, "n�o importa quantos panela�os eles fa�am", al�m de altera��es no n�cleo de Comunica��o Social, concentrando sob a mesma coordena��o a Voz do Brasil, as p�ginas oficiais na internet e a Ag�ncia Brasil. A principal sugest�o, no entanto, � concentrar os investimentos de comunica��o em S�o Paulo, em parceria com Haddad, que tamb�m sofre com baixos �ndices de aprova��o. "H� uma rela��o direta entre um e outro."
O texto termina com uma analogia entre a situa��o atual e o terremoto que destruiu Lisboa em 1755 e deixou 10 mil mortos. Na ocasi�o, o rei d. Jos� teria pedido sugest�o ao marqu�s de Alorna, que recomendou: "Sepultar os mortos, cuidar dos vivos e fechar os portos". "Significa que n�o podemos deixar que ocorra um novo tremor enquanto estamos cuidando dos vivos e salvando o que restou", diz o documento.