Para FHC, impeachment se d� por "ingovernabilidade"

S�o Paulo, 18 - Em meio a manifesta��es populares e pedidos de parte da popula��o para que a presidente Dilma Rousseff saia do poder, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) declarou, em entrevista exclusiva ao jornal O Estado de S.Paulo, que o processo de impeachment se d� pela ingovernabilidade e n�o necessariamente pelo cometimento de um crime. No caso atual, a insatisfa��o popular com o atual governo somada a novas den�ncias na Lava Jato podem levar � queda da chefe do Executivo. Mas acredita que ela ainda "n�o est� sem condi��es de governar".

"Na democracia, n�o � s� porque a maioria ficou contra que isso que seria raz�o suficiente para voc� tirar o presidente. O problema � quando se cria uma situa��o de ingovernabilidade", opinou FHC. "Hoje ela (Dilma) tem legalidade para governar, mas ainda n�o tem como prever de antem�o como ser� o processo pol�tico, o que vai aparecer na Opera��o Lava Jato. N�o digo que envolva ela diretamente, mas pode envolver mais gente do PT e de outros partidos", opinou ele, que � um dos principais l�deres da oposi��o. "A somat�ria desses fatores � que cria uma situa��o de dificuldade de governar. O governo da presidente Dilma ainda n�o est� sem condi��es de governar e ela ainda pode reagir."

Fernando Henrique citou como exemplo o processo que tirou o ex-presidente Fernando Collor de Melo da Presid�ncia da Rep�blica em 1992. "O impeachment n�o � o julgamento de um crime. Veja o presidente Collor, ele foi absolvido de um crime no Supremo Tribunal por falta de provas, mas ningu�m discutiu se o impeachment valeu ou n�o. Foi um julgamento pol�tico. Mas � claro que tem que ter uma base, se n�o � golpe."

Para o tucano, a situa��o de caos pol�tico na qual o governo est� imerso hoje pode se arrastar at� o fim do mandato. "� poss�vel n�o haver nem sa�da (para a crise pol�tica) nem desabamento. N�s j� vimos v�rios governos que se arrastaram, o que � ruim para o governo e para o Pa�s. O ponto � que vai ser ainda por muito tempo. Mas pode ser que aconte�a de fazer uma medida aqui, fazer outra ali, o povo n�o acredita muito, mas vai levando. S� duvido que nesse clima voc� restaure a confian�a no investidor."