Bras�lia - O inferno pol�tico da presidente Dilma Rousseff tem camadas sobrepostas que se abrem a cada dia. Nessa quarta-feira, ela foi obrigada a demitir o ministro da Educa��o, Cid Gomes, que ficou apenas 77 dias no cargo e colocou mais combust�vel na crise ao reafirmar, no plen�rio da C�mara, as acusa��es feitas h� duas semanas de que existem integrantes da base aliada que votam contra o governo para achacar o Planalto. O PMDB pediu a cabe�a de Cid em uma bandeja. Fragilizado, o Planalto teve que entreg�-la. Para piorar, quem comunicou a decis�o ao pa�s foi o presidente da C�mara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), apontado por Cid como um dos achacadores.
Ao deixar a C�mara, Gomes foi convocado para reuni�o com Dilma. Ap�s sair da reuni�o com ela, afirmou que pediu demiss�o e n�o deu chances para uma contraproposta da presidente. “N�o quis criar nenhum constrangimento, pedi demiss�o em car�ter irrevog�vel”. Declara��o diversa da proferida ainda no Sal�o Verde da C�mara. “Estou ministro at� o dia em que a presidente Dilma desejar. Ela resolver� o que vai fazer”, disse aos jornalistas. O governo anunciou que ele havia pedido demiss�o. Entretanto, logo depois, Cunha disse que ele n�o pediu demiss�o, havia sido demitido. “Comunico � Casa que recebi comunicado do chefe da Casa Civil (Aloizio Mercadante) comunicando a demiss�o do ministro da Educa��o, Cid Gomes”, afirmou.
O presidente da Casa tamb�m desabafou em seu perfil no Twitter, com um banner com sua foto e a frase: “N�o vou admitir que algu�m que seja representante do Poder Executivo n�o s� agrida essa Casa, como agrediu a todos os parlamentares, como venha aqui e reafirme a agress�o, inclusive chegando ao ponto de querer nominar”. Al�m do pr�prio nome, ele usou as hastags #c�maraindependente, #democraciaforte e #cunhapresidente na postagem. Cunha anunciou ao plen�rio que vai processar Gomes por causa das acusa��es.
O governo temia que Cunha se vingasse na vota��o sobre as novas regras de corre��o do sal�rio m�nimo, que acabou adiada para a semana que vem. O atual secret�rio-executivo do Minist�rio da Educa��o, Luiz Cl�udio Costa, assume interinamente a pasta. Abre-se, ent�o, a bolsa de apostas pela sucess�o. O PT defende que Dilma desloque Aloizio Mercadante, desgastado no papel de articulador pol�tico, para o MEC e nomeie Jaques Wagner para a Casa Civil. A outra sa�da seria entregar para o PMDB um dos maiores or�amentos da Esplanada. Nesse caso, os mais cotados s�o Gast�o Vieira, ex-ministro do Turismo e ligado ao ex-senador Jos� Sarney, e o deputado Saraiva Felipe (PMDB-MG), presidente da comiss�o de Educa��o e ex-ministro da Sa�de no governo Lula.
DESFECHO O Planalto temia o desfecho complicado havia dias. J� pedira para Cid, titular da pasta com o mote do segundo mandato presidencial — “Brasil, p�tria educadora” —, que recuasse das declara��es dadas durante palestra para estudantes na Universidade Federal do Par�, de que existiria de 300 a 400 achacadores no Congresso. Ele n�o recuou. “Alguns querem criar dificuldades para conseguir mais um minist�rio. Estarei mentindo, se assim o disser? Por exemplo, tinha um que s� tinha cinco. Criou dificuldades, criou empecilhos e conquistou o sexto. Agora, quer o s�timo. Vai querer o oitavo. Vai querer a Presid�ncia da Rep�blica, e isso � disputa de poder at� certo ponto”, disse ele, referindo-se ao PMDB.
“Quem � da situa��o deve votar com a situa��o. Desculpe-me a oposi��o que exerce o seu papel. Mas n�o posso chegar aqui e dizer que eu n�o disse o que eu disse”. Ele levou uma claque composta por deputados estaduais, vereadores, l�deres comunit�rios e comissionados do MEC, que foi expulsa do plen�rio por Cunha. Cid ainda apontou o dedo para o presidente da Casa. “Disseram que eu era mal-educado. � melhor ser chamado de mal-educado do que de achacador como o senhor.”
O plen�rio pegou fogo de vez. O l�der do PMDB na C�mara, Leonardo Picciani (RJ), defendeu a demiss�o de Cid ou o PMDB sairia da base. Quando o deputado S�rgio Zveiter (PSD-RJ) afirmou que o ministro deveria usar nariz de palha�o ou colocar uma melancia no pesco�o, Cid tentou retrucar, mas, impedido, deu as costas e foi embora. Eduardo Cunha anunciou que a C�mara processaria o ainda ministro. “Toda vez que algu�m atacar essa Casa, a Casa reagir�”.