Curitiba e S�o Paulo, 19 - O doleiro Alberto Youssef, personagem central da Opera��o Lava Jato, declarou � for�a tarefa do Minist�rio P�blico Federal que o lobista Julio Camargo pediu propina que seria destinada ao deputado Eduardo Cunha (PMDB/RJ), presidente da C�mara. Em depoimento gravado em v�deo o doleiro afirmou que a propina teve origem em um contrato de loca��o de sondas para a Petrobras do qual Camargo participou. Ele disse que o dinheiro foi entregue diretamente ao lobista Fernando Falc�o Soares, o Fernando Baiano, suposto operador do PMDB na estatal petrol�fera e muito pr�ximo ao presidente da C�mara.
O deputado Eduardo Cunha tem reiterado que jamais recebeu dinheiro il�cito de neg�cios de empreiteiras com a Petrobras. O peemedebista disse que conhece Fernando Baiano, mas que nunca trataram de pagamento de propinas. Cunha afirma que o Minist�rio P�blico Federal "selecionou" quem deve ser investigado no �mbito da Opera��o Lava Jato.
"Eu n�o tive contato com Eduardo Cunha, eu n�o mandei recurso diretamente ao Eduardo Cunha", declarou Youssef, que atribuiu ao lobista Julio Camargo a cita��o ao nome do presidente da C�mara.
Julio Camargo representava uma empreiteira na Petrobras. Ele tamb�m fez dela��o premiada e apontou como operava o esquema de corrup��o na estatal. "Ele (Julio Camargo) me relatou que, em determinado momento, a Samsung deixou de pagar ele e ele deixou de passar esses valores ao Fernando Soares", disse o doleiro no depoimento gravado. "Por conta disso, tinha sobrado um saldo. E o Fernando Soares, para pressionar a pagar, colocou no caso o Eduardo Cunha para que fizesse uma representa��o perante uma comiss�o da C�mara, pedindo informa��es da vida inteira do Julio Camargo, da Toyo, que ele representava, e da Mitsui na Petrobras. E que eu ajudasse ele a resolver o problema com o Fernando Soares."
Youssef disse ter ouvido que o presidente da C�mara "estaria pressionando via C�mara, via Comiss�o". Dois deputados do PMDB queriam feito esse pedido sobre a Petrobras perante a C�mara. Youssef disse que "o Julio saiu pedindo ajuda para todo mundo".
Nesse trecho de seu relato, o doleiro citou o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, e Jo�o Cl�udio Genu, ex-assessor do ex-deputado Jos� Janene (PP/PR), que morreu em 2010.
"(O Julio) pediu ajuda para mim, para o Paulo Roberto. O Paulo Roberto, inclusive, pedia para que eu cobrasse o Julio, referente a essas sondas, US$ 1,5 milh�o, que o Julio tinha ficado devendo a ele. E tamb�m o Genu pedia que eu cobrasse o Julio Camargo US$ 500 mil pelo aluguel dessa sonda, que tamb�m o Julio tinha ficado devendo a eles."
Youssef contou que este assunto "� um dos motivos da sua disc�rdia com a declara��o nos termos (depoimentos da dela��o) do Julio Camargo". "Ele diz que repassou a mim R$ 11,3 milh�es para que eu repassasse esse valor ao Fernando Soares imediatamente. N�o foi isso que aconteceu. Aconteceu, sim, um pagamento ao Fernando Soares, mas foi US$ 2 milh�es, que ele (Julio Camargo) me depositou. Eu fiz esse pagamento diretamente ao Fernando Soares, no escrit�rio do Fernando Soares."
"Determinado dia, o Julio Camargo me telefona pedindo que eu fosse ao escrit�rio dele, que ele precisava ter uma conversa comigo. Eu fui e quando eu cheguei no escrit�rio eu at� estranhei porque o doutor Julio d� aquele ch� de banco na gente de 1 hora, 2 horas pra voc� ser atendido, quando n�o era de interesse dele. Como era de interesse dele, ele estava me aguardando e me atendeu de prontid�o."
O doleiro declarou: "Ele (Julio Camargo) me relatou, eu estou dizendo da boca dele, por isso eu n�o posso afirmar. Eu n�o tive contato com Eduardo Cunha, eu n�o mandei recurso diretamente ao Eduardo Cunha. Eu vou reportar o que o Julio Camargo me passou. Ele tinha feito um aluguel de sondas. O Paulo Roberto Costa participou, o Jo�o Genu participou, o Fernando Soares participou, entre Samsung, Mitsui e a �rea internacional da Petrobras."
Cartel
Alberto Youssef apontou algumas empreiteiras, como a OAS e a UTC, sob suspeita de integrarem o cartel da Petrobras. "Eu fazia caixa 2 tanto da OAS quanto da UTC. N�o na totalidade, mas alguns valores. Muitas vezes a OAS ou a UTC mandavam dinheiro para o Rio de Janeiro, para entregar em alguns endere�os. Eu repassava esses endere�os ao Jayme ou ao Rafael ou ao Adarico (Jayme Careca, agente da Pol�cia Federal, Rafael �ngulo e Adarico Negromonte s�o apontados como carregadores de malas do doleiro). Nesses endere�os nunca foi especificado que valores era para entregar a Eduardo Cunha ou algu�m ligado a ele. O Jayme (Careca), quando esteve preso aqui na carceragem perguntou para mim se eu lembrava dele ter entregue algum dinheiro ao Eduardo Cunha. Eu disse que n�o, que quem tinha de saber era ele. Quem ia nos endere�os era ele (Jayme Careca). Ele me perguntou se uma casa amarela assim, assim, era do Eduardo Cunha. Eu falei: 'n�o sei'. N�o sei se ele mora numa casa amarela, num condom�nio. Quem tem que saber � voc�. Antes de dar qualquer declara��o, ir l� no endere�o, na portaria do condom�nio, se certificar de quem � a casa e depois dar a declara��o."