Bras�lia - Um dia ap�s derrubar o ministro da Educa��o, o PMDB d� sinais de que ditar� o ritmo do governo nas vota��es mais importantes e ainda decidir� quais cargos ter� no primeiro escal�o federal. Simultaneamente � instala��o das comiss�es especiais para analisar as duas primeiras medidas provis�rias do ajuste fiscal, lideran�as peemedebistas defenderam mudan�as no texto original. Tamb�m desdenharam das especula��es sobre uma poss�vel nomea��o para o Minist�rio da Educa��o. “J� estamos demitindo ministros. O pr�ximo passo � nome�-los”, provocou um parlamentar.
H� duas semanas, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, participou de jantar com a c�pula peemedebista, negociou pessoalmente com Renan as altera��es na medida provis�ria do Imposto de Renda (IR) e, na ter�a-feira, tomou caf� com Eduardo Cunha. Embora defendam mudan�as no texto enviado pelo Planalto, os dois presidentes t�m dito que o pa�s precisa do ajuste fiscal para corrigir as distor��es econ�mica. No entanto, eles t�m uma pauta pr�pria, que joga a press�o no colo de Dilma.
A capacidade de o partido ditar o ritmo das a��es ficou patente na quarta-feira, durante a visita do ent�o ministro da Educa��o, Cid Gomes, � C�mara. Na ocasi�o, Cid reafirmou que o governo era ref�m dos “achacadores” da base aliada. Quando o l�der do PMDB na C�mara, Leonardo Picciani (PMDB-RJ), pediu a cabe�a do ministro, sob pena de a legenda abandonar a base de apoio no Congresso, o vice-presidente da Rep�blica, Michel Temer, alertou o Planalto. “Isso vai acabar mal. Ou voc�s tomam uma atitude ou a crise aumenta”, ressaltou Temer.
O aviso motivou o primeiro contato do chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, com Eduardo Cunha, quando Cid ainda estava na tribuna da C�mara. O presidente da C�mara foi informado que, t�o logo terminasse o depoimento, Cid iria ao Planalto, para se demitir ou ser demitido. “Esse primeiro sinal deixou Cunha muito mais calmo. Pode reparar que ele evitou bater boca com Cid”, ressaltou um aliado. Quando o Planalto sacramentou a sa�da de Cid, mais um telefonema foi dado para o presidente da C�mara, que comunicou a decis�o ao plen�rio — em sess�o que era transmitida ao vivo — antes mesmo de comunicado oficial da Presid�ncia da Rep�blica.
PRAGMATISMO O PMDB � visto como um “partido profissional” por aliados e advers�rios, e o pragmatismo pol�tico da sigla � embalado em argumenta��es nas quais busca dividir a responsabilidade pelos pr�prios atos, eximindo-se da imagem de oportunista. O epis�dio Cid Gomes � emblem�tico. “Foi ele quem fez um mal para o pa�s e para o governo, n�o n�s. Ministros de Estado s�o portadores de credenciais do governo para represent�-lo. Ao (Cid) dirigir-se como se dirigiu ao Parlamento e a Eduardo Cunha, era natural a rea��o enf�tica do presidente da Casa”, argumentou um aliado do peemedebista fluminense.
Embora afinados, os peemedebistas negam que Renan e Cunha estejam, propositalmente, revezando-se nas estocadas ao governo. Na semana em que Renan devolvia MPs, recusava-se a jantar com a presidente e classificava a coaliz�o de “capenga”, Cunha oferecia � presidente uma cesta de alimentos org�nicos condizentes com a dieta feita pela comandante do Executivo federal. “Eles est�o tocando afinados, de ouvido, a m�sica que empareda o governo”, brincou um aliado do presidente do Senado. (PTL)