Bras�lia – A Procuradoria-Geral da Rep�blica colocou sob suspeita R$ 66,7 milh�es doados oficialmente para pol�ticos investigados por envolvimento em desvios na Petrobras identificados na Opera��o Lava-Jato. Apesar de os valores terem sido declarados � Justi�a Eleitoral, o Minist�rio P�blico acredita que eles serviram para ocultar propina. A cifra foi apurada em levantamento do Estado de Minas com base nos pedidos de abertura de inqu�rito contra 54 autoridades e em informa��es do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
A lista de valores suspeitos � encabe�ada pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Paulo Roberto Costa disse que o parlamentar foi anfitri�o de ao menos uma reuni�o de peemedebistas nas quais foram acertados os “projetos, ou seja, “as obras que seriam destinadas �s empresas de interesse dos senadores”. Para substanciar a acusa��o, Janot lembra que o presidente do Senado recebeu doa��es de empreiteiras que formavam o cartel que superfaturava obras e financiava propinas � taxa de 1% a 5%.
O procurador destaca a exist�ncia de “vultosos valores recebidos por Renan Calheiros (em princ�pio, como ‘doa��es oficiais’) de v�rias empresas que j� se demonstrou estarem diretamente envolvidas na corrup��o de parlamentares (especialmente em per�odo pr�vio �s elei��es)”. De acordo com Janot, 61% das doa��es recebidas por Renan nas elei��es de 2010 (R$ 2,5 milh�es) vieram de construtoras investigadas. Al�m disso, ele teve repasses do diret�rio nacional do PMDB, legenda que teve 40% das receitas financiadas por empresas do cartel. “Cabe destacar as enormes quantias ‘doadas’ pelas maiores empresas participantes das fraudes e dos crimes no �mbito da Petrobras ao Diret�rio Nacional do PMDB para custeio, em princ�pio, dos gastos de campanha nas elei��es de 2010”, refor�a Janot. Renan negou irregularidades e a afirma��o do ex-diretor Paulo Roberto de que An�bal Gomes (PMDB-CE) era seu emiss�rio.
Paulo Roberto diz ainda que o senador Linbergh Farias (PT-RJ) lhe pediu R$ 2 milh�es para a campanha ao Congresso, valor que foi pago por empresas do cartel. O Minist�rio P�blico usa planilhas do TSE para mostrar que, ap�s empreiteiras repassarem uma doa��o para o PT, o diret�rio nacional transferia, no mesmo dia ou no seguinte, o valor para a campanha do senador, descontando 5%. O senador disse que as doa��es foram registradas.
Para o coordenador do Movimento de Combate � Corrup��o Eleitoral (MCCE), juiz M�rlon Reis, o desafio do Minist�rio P�blico � grande em tentar condenar os pol�ticos, usando o “caixa um” como ind�cio. Segundo ele, � preciso provar que o dinheiro era il�cito e que o benefici�rio tinha conhecimento da irregularidade. “Sem essa rela��o, n�o h� como condenar”, disse M�rlon. “Pode ser extremamente frustrante para a sociedade o resultado da investiga��o do petrol�o.”