Londres, 22 - Al�m da luta contra a corrup��o e o descontentamento com o governo Dilma Rousseff, os protestos populares vistos na sexta-feira, 20, t�m forte correla��o com a situa��o econ�mica. A avalia��o � do economista para o Brasil do espanhol BBVA Research, Enestor dos Santos. Para o analista, as manifesta��es do domingo e de junho de 2013 t�m uma coincid�ncia: acontecem em meio ao pico da infla��o. O problema atual, diz Santos, � que o espa�o pol�tico e econ�mico para o governo reagir � muito menor que o visto h� dois anos.
"Esses protestos t�m muita correla��o com a quest�o econ�mica. Em 2013, tivemos um momento de infla��o muito alta e o aumento de tarifas de transporte acelerou os movimentos populares. Agora, temos uma situa��o parecida. A infla��o est� quase em 8%, h� aumento da eletricidade, dos juros, dos transportes p�blicos e a eleva��o dos impostos. Ao mesmo tempo, o governo corta gastos. Essa � uma raz�o pr�tica que tamb�m leva as pessoas �s ruas", diz o economista em Madri.
Santos nota que a infla��o acumulada em 12 meses pelo �ndice Nacional de Pre�os ao Consumidor Amplo (IPCA) atingiu 6,7% em junho de 2013, quando os protestos populares tomaram as ruas naquele ano. "Agora, estamos com IPCA de 7,7% e a infla��o deve aumentar ainda mais em mar�o para 7,8%. Junho de 2013 foi o pico do movimento de alta dos pre�os daquela �poca e o mesmo fen�meno deve acontecer com a infla��o de mar�o de 2015. Estamos novamente em um momento de pico dos pre�os", diz.
"Mas h� uma diferen�a importante entre 2013 e 2015: o espa�o para rea��o do governo atualmente � menor. H� menos for�a pol�tica e econ�mica", diz o economista. Santos explica que no campo pol�tico Dilma Rousseff est� diante de uma base de apoio fragmentada e que j� deu demonstra��es de enfrentamento com o Pal�cio do Planalto. Na �rea econ�mica, os juros j� sobem h� v�rios trimestres e n�o existe folga fiscal.
Em outras palavras, a caixa de ferramentas do governo para reagir � situa��o de insatisfa��o popular est� praticamente vazia. Por isso, o economista do BBVA refor�a a defesa de um ajuste fiscal para que o governo volte a ter dinheiro em caixa e, assim, possa ser restabelecida a confian�a entre empresas, consumidores e investidores.