S�o Paulo, 22 - Em um momento em que o Pa�s enfrenta uma grave crise na economia, com queda da atividade econ�mica e com reflexos na gera��o de emprego e no aumento dos pre�os, o governo do Estado de S�o Paulo, administrado pelo tucano Geraldo Alckmin, decidiu apostar em uma marca largamente utilizada pelo PT nos �ltimos pleitos: a do social.
Para colocar em campo a estrat�gia, que consiste em unificar todos os programas do Estado, munic�pio e tamb�m da Uni�o, com foco em 300 mil fam�lias - um contingente de cerca de 1,5 milh�o de pessoas - que vivem em situa��o de extrema pobreza em S�o Paulo, Alckmin escalou o secret�rio do Desenvolvimento Social, Floriano Pesaro.
Com as credenciais de quem atuou ao lado do ex-presidente tucano Fernando Henrique Cardoso e da ex-primeira dama e soci�loga Ruth Cardoso, reconhecida pelas a��es de inclus�o social e que presidiu um dos maiores programas de erradica��o da pobreza no Pa�s, o Comunidade Solid�ria, e com atua��o na cria��o de outros programas, como o Bolsa Escola, Pesaro disse, em entrevista exclusiva ao Broadcast Pol�tico, servi�o em tempo real da Ag�ncia Estado, que um de seus maiores desafios � conseguir dar a essas fam�lias a t�o sonhada autonomia, uma caracter�stica que no seu entender difere bastante da praticada pelo Partido dos Trabalhadores.
Ao falar da forma como o PT trabalha as suas pol�ticas sociais, que Pesaro classifica de "aprisionadoras", ele avalia: "O PSDB tem uma caracter�stica de trabalhar a pobreza numa perspectiva de um futuro melhor, de tirar a pessoa da pobreza, de trabalhar a chamada autonomia, a gera��o de renda, de ensinar a pescar.
J� as pol�ticas (sociais) petistas t�m se mostrado pol�ticas que aprisionam o pobre dentro desta malha de programas sociais, sem conseguir de fato elev�-lo a uma condi��o melhor." Ele destacou que Alckmin est� muito preocupado com "a brutal crise que o Pa�s est� vivendo", com aumento de desemprego e reflexos diretos na �rea social, o que faz com que mais pessoas busquem os programas sociais.
Pesaro diz que o Bolsa Fam�lia, uma das principais bandeiras petistas, n�o cumpriu o seu papel porque certas fam�lias dependem dele h� mais de dez anos. "A finalidade dos programas sociais � ter como objetivo final, como dizia Ruth Cardoso, tirar a pessoa da situa��o de pobreza e n�o mant�-la nessa situa��o.
Do ponto de vista sociol�gico, � lament�vel ver tantas fam�lias aprisionadas no Bolsa Fam�lia, elas n�o conseguem sair do programa para uma vida melhor, de alguma forma este programa acaba desestimulando o emprego e a gera��o de renda pr�pria, o que n� pretendemos fazer, � justamente o oposto, n�o aprisionar, mas dar autonomia a essas fam�lias", diz, destacando que uma de suas maiores inspira��es nesta empreitada � a figura de Ruth Cardoso, de quem foi aluno e atuava com essa premissa.
A meta estabelecida pelo governo paulista � tirar essas pessoas da extrema pobreza, atrav�s da estrutura��o de seus programas sociais, at� 2018, ano que coincide com as elei��es presidenciais. Apesar do PSDB trabalhar neste momento com o nome do presidente nacional da sigla, senador A�cio Neves (MG), que foi derrotado em outubro nas urnas pela presidente reeleita Dilma Rousseff, mas foi considerado vitorioso pelo n�mero de votos, cerca de 51 milh�es de votos contra 54 milh�es da petista, Geraldo Alckmin n�o esconde de interlocutores que gostaria de ser indicado como o candidato do PSDB para disputar a pr�xima sucess�o presidencial.
E se a unifica��o dos programas promoverem uma forte marca social em sua gest�o nos pr�ximos anos, ele acredita que ter� as credenciais necess�rias para disputar a cabe�a de chapa da sigla em 2018, pois essa sempre foi uma defici�ncia dos tucanos nas recentes elei��es presidenciais.
Ainda nas cr�ticas ao PT, Floriano Pesaro argumenta tamb�m, que mesmo a propagada nova classe m�dia que os petistas dizem serem respons�veis, atrav�s dos programas de inclus�o social, j� est� perdendo seu status e, muitas fam�lias voltando para a situa��o de pobreza.
"A nova classe m�dia ascendeu muito mais pelo desenvolvimento econ�mico que o Pa�s teve naquele per�odo do que propriamente pelos programas sociais. E veja o seguinte, no momento em que a economia come�a a entrar em crise, essas pessoas voltam para o patamar original de pobreza, mesmo com os programas de transfer�ncia de renda."
Tarifa�o
A unifica��o dos cadastros em S�o Paulo dever� estar conclu�da no final deste ano. "Mas isso n�o significa esperar este tempo para atender as pessoas, � bom deixar claro que os programas est�o andando", diz Floriano, emendando que al�m da crise econ�mica, que tem provocado retra��o da atividade em v�rios setores da economia, o tarifa�o imposto pelo governo da presidente Dilma Rousseff, com aumento na conta de energia, aumento da gasolina, e aumento no custo de vida em geral, vem aumentando significativamente o n�mero de pessoas que est�o voltando para a extrema pobreza.
"A carestia voltou e nosso objetivo � olhar com aten��o as fam�lias pobres de nosso Estado, porque quando voc� melhora a vida de uma fam�lia, voc� beneficia toda a comunidade." Essas fam�lias est�o concentradas nas cinco regi�es Metropolitanas do Estado: S�o Paulo, Campinas, Sorocaba, Vale do Para�ba e Baixada Santista
Segundo o secret�rio, o governo de S�o Paulo � o que destina o maior or�amento para a �rea do desenvolvimento social, apenas este ano, o total empenhado pelo Tesouro � de cerca de R$ 1 bilh�o. "Para se ter uma ideia, a segunda secretaria que mais investe na �rea social � Minas Gerais, que investe menos da metade (de S�o Paulo) e depois vem o Rio de Janeiro, com quase um quarto do que S�o Paulo destina de recursos pr�prios (do Tesouro) para o setor. Al�m disso, S�o Paulo tem mais R$ 7 bilh�es em a��es sociais em outras secretarias, Justi�a, Trabalho, Desenvolvimento Econ�mico, Administra��o Penitenci�ria, sem considerar Educa��o e Sa�de."
A unifica��o dos programas sociais, capitaneado pela Secretaria de Desenvolvimento Social, levar� em conta os seis programas que essa pasta j� desenvolve, como Renda Cidad�, A��o Jovem, S�o Paulo Amigo de Todos, S�o Paulo Solid�rio, Bom Prato e Viva Leite, al�m de programas de outras pastas do governo paulista, do munic�pio e do governo federal.
"Vamos focar nas fam�lias pobres do Estado, ver o que elas precisam, desde a primeira inf�ncia at� o idoso, passando pelas crian�as, adolescentes e pais. Teremos uma agenda do desenvolvimento social, uma agenda da fam�lia, mostrando o caminho para que elas saiam da situa��o de pobreza, uma a��o sin�rgica na comunidade, melhorando a situa��o de vida de todos"
Segundo Pesaro, esses princ�pios est�o sendo baseados no desenvolvimento local sustent�vel, um desenho por Augusto de Franco quando trabalhava com a ex-primeira-dama Ruth Cardoso. Os dois desenvolveram a ideia de desenvolvimento local sustent�vel, com t�cnicas que desenvolve a fam�lia no territ�rio onde ela est� inserida, levando servi�os para o local. A identifica��o das pessoas nessa situa��o de extrema de pobreza ser� feita pela renda per capta, de um quarto do sal�rio m�nimo, e de outros indicativos, como fam�lias numerosas, com defici�ncia e baixa escolaridade.