S�o Paulo, 24 - Express�o comum entre os americanos, "There is no free lunch" (n�o existe almo�o gr�tis, em portugu�s) foi usada pelo ex-diretor de Abastecimento da Petrobr�s Paulo Roberto Costa para explicar como funcionam indica��es pol�ticas para cargos do governo. Em 11 de fevereiro, ele prestou depoimento complementar � dela��o premiada firmada com o Minist�rio P�blico Federal em 2014.
Para Costa, n�o se indica algu�m para um cargo pol�tico sem querer nada em troca. O relato foi gravado em v�deo pela for�a tarefa da Opera��o Lava Jato.
"� aquela velha hist�ria, n�o tem almo�o de gra�a. Se um pol�tico indica para ser ministro dos Transportes fulano de tal � porque tem interesse depois que alguma coisa reverta para o partido, quer seja a n�vel de ministro, quer seja a n�vel de secret�rio executivo, quer seja a n�vel t�cnico", afirmou.
Costa � o primeiro delator do esquema de corrup��o e propina instalado na estatal petrol�fera e desbaratado pela for�a-tarefa da Lava Jato. Ele foi preso duas vezes entre mar�o e agosto de 2014 e, desde o fim do ano passado, cumpre pris�o domiciliar.
No depoimento, ele contou como se tornou diretor de Abastecimento, em maio de 2004, indicado pelo PP. O delator disse que, naquele ano, foi procurado pelo ex-deputado Jos� Janene, morto em 2010, para que ocupar a vaga na diretoria.
"Ele (Janene) falou assim: Paulo, v� o que n�s podemos fazer, que empresas podem participar, que possam nos ajudar. Nunca discuti com ele valores, porcentuais. Mas obviamente que ele tinha interesse, como qualquer pol�tico que indique qualquer pessoa para qualquer Minist�rio, ningu�m faz isso de gra�a."
Segundo Costa, ele foi o �nico membro das diretorias da Petrobr�s a ocupar o cargo ap�s o in�cio do mandato do primeiro governo Lula, em janeiro de 2003. O delator afirmou que a �rea de Abastecimento � um setor 'muito sens�vel', pois supre o Brasil de derivados. Por isso, contou, o PT resolveu esperar para fazer a troca na diretoria.
"At� aquele momento que eu assumi l�, n�o existia possibilidade de um diretor ir para uma diretoria se n�o tivesse respaldo pol�tico. Se algu�m falar que existia, n�o est� falando a verdade. N�o existia. Voc� podia ser um t�cnico brilhante, voc� ia morrer ali", afirmou.
O PP, com PT e PMDB, s�o suspeitos de lotear diretorias da Petrobr�s para arrecadar entre 1% e 3% de propina em grandes contratos, mediante fraudes em licita��es e conluio de agentes p�blicos com empreiteiras organizadas em cartel.