
Bras�lia – O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, considerado intransigente e in�bil politicamente por boa parte da base aliada – especialmente petistas e peemedebistas – estar� nesta ter�a-feira frente a frente com os senadores na principal Comiss�o Econ�mica do Congresso, a CAE, para provar que o ajuste fiscal que comanda n�o � apenas um festival de tesouradas em gastos p�blicos. Petistas desesperados em busca de um argumento para defender o governo esperam que ele prove que o arrocho ser� precedido de um plano de investimentos e um novo modelo de pacto federativo. “Levy tem uma bala de prata para acertar o alvo”, alertou um integrante da CAE.
O problema n�o � s� a necessidade de um gesto preciso do titular da Fazenda. O medo mais profundo � que o czar da economia brasileira � conhecido pela capacidade t�cnica e econ�mica, n�o pela habilidade de convencimento e negocia��o pol�tica. Pouco afeito �s articula��es parlamentares, Levy tem sido considerado turr�o pelos aliados com os quais debateu nas �ltimas semanas.
Nem a presidente Dilma Rousseff escapa das palavras de Levy. Ela j� dera um pito p�blico – e um descompasso em particular – pelo titular da Fazenda ter dito, no fim de janeiro, que a desonera��o da folha tinha sido uma “brincadeira que custara caro ao pa�s”. Na �ltima ter�a-feira, em uma aula a portas fechadas em S�o Paulo, ele disse que a presidente tem um “desejo genu�no de acertar as coisas, �s vezes, n�o da maneira mais f�cil. N�o da maneira mais efetiva. Mas h� um desejo genu�no”.
Um dia antes, ele protagonizara bate-boca acalorado com o prefeito do Rio, Eduardo Paes. A inten��o de Dilma era que Levy acalmasse o prefeito, que entrara com uma a��o contra o governo federal exigindo a aplica��o da lei que altera o indexador da d�vida de estados e munic�pios. Jogou mais lenha na fogueira. “O erro � esperar que Levy tenha habilidade para atuar no jogo pol�tico”, disse o l�der do PMDB na C�mara, Leonardo Picciani (RJ), presente ao encontro.
Picciani fala com conhecimento de causa. Ele foi companheiro de Levy no secretariado do governador do Rio S�rgio Cabral. Levy era secret�rio da Fazenda, indicado pelo ex-presidente Lula, e Picciani, de Habita��o. “A capacidade econ�mica de Levy � enorme. Mas ele jamais teve que sentar-se na Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro) para explicar os cortes financeiros. Esse meio campo pol�tico era feito pelo pr�prio Cabral, pelo presidente da Assembleia, Jorge Picciani, e pelo l�der do governo na Casa, Paulo Melo”, lembra Picciani.
Modifica��es
Os petistas engolem em seco ao falar sobre as medidas fiscais pensadas pelo ministro da Fazenda. J� sinalizaram ao Planalto que as propostas apresentadas at� o momento ter�o que passar por modifica��es. Titular da CAE e cr�tico do atual modelo econ�mico, o senador Lindbergh Farias (PT-RJ), que deve votar com o governo, mas defende a taxa��o das grandes fortunas, tamb�m acha que Levy n�o est� � altura do cargo. “Ele � �timo como secret�rio do Tesouro ou da Fazenda estadual”, declarou, em encontros reservados.
Mesmo n�o sendo titular da CAE, o l�der do PSDB no Senado, C�ssio Cunha Lima (PB), estar� presente na Comiss�o na pr�xima ter�a-feira. “Jogar para Levy a responsabilidade da articula��o pol�tica � a prova cabal de que os reais coordenadores pol�ticos do governo n�o est�o fazendo o trabalho que deveriam”, disse o tucano. “Se em 39 minist�rios voc� n�o consegue encontrar um articulador pol�tico competente, o que est� em falta, na verdade, � governo”, atacou o tucano. “Se eles n�o se agarram no Levy, afundam de vez”, completou. Procurado pelo Estado de Minas, a assessoria do Minist�rio da Fazenda afirmou que o ministro Joaquim Levy n�o comentar� as informa��es contidas na reportagem.
Duelo de tit�s
O que o governo espera do Congresso
Aprova��o das medidas provis�rias que alteram direitos trabalhistas e previdenci�rios
Aprova��o do projeto de lei que altera as al�quotas incidentes sobre a folha de pagamento
Prazo para buscar uma sa�da para a renegocia��o das d�vidas de estados e munic�pios
Aprova��o, sem mudan�as, da medida provis�ria que corrige a tabela do Imposto de Renda
Aprova��o da medida provis�ria que aumenta al�quotas de PIS/Pasep e Cofins sobre produtos importados
O que o Congresso espera do governo
Margem de negocia��o nas MPs trabalhistas e previdenci�rias
Apresenta��o de um plano de voo do ajuste fiscal proposto pela equipe econ�mica
Apresenta��o de uma alternativa � renegocia��o das d�vidas de estados e munic�pios
Apresenta��o de um plano de investimentos a m�dio e longo prazo para ser implantado ap�s o arrocho econ�mico