S�o Paulo, 30 - O presidente nacional do PT, Rui Falc�o, disse nesta noite de segunda-feira, 30, que n�o foi discutida na reuni�o com dirigentes estaduais do partido o afastamento do tesoureiro do partido, Jo�o Vaccari Neto. A Justi�a Federal aceitou, na semana passada, den�ncia contra Vaccari, no �mbito da opera��o Lava Jato. Segundo Falc�o, foram apresentadas apenas duas cartas, pelos diret�rios de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul, pedindo genericamente que pessoas citadas na investiga��o sejam afastadas.
Falc�o tentou evitar qualquer avalia��o pessoal sobre o caso de Vaccari, mas argumentou que "quem � acusado n�o � culpado". Disse que qualquer iniciativa desse tipo no partido tem de partir de uma decis�o coletiva, seguindo os ritos internos. "N�o h� nenhuma proposta, at� o momento, para que o companheiro Vaccari seja afastado de suas fun��es", afirmou.
Questionado sobre a posi��o do ex-governador Tarso Genro, que participou de outra reuni�o com lideran�as petistas pela manh� e in�cio da tarde, no mesmo hotel em S�o Paulo, e que defendeu o afastamento preventivo do tesoureiro, Falc�o disse que opini�es t�m de ser respeitadas e ouvidas mas que Tarso n�o apresentou uma proposta em inst�ncia formal. "Ele poder� apresentar na reuni�o do diret�rio nacional no dia 17 (de abril)."
Sobre o envolvimento do partido com as den�ncias envolvendo desvios bilion�rios na estatal, Falc�o repetiu a argumenta��o de que nenhum diretor envolvido at� agora ou delator da Lava Jato � filiado ao PT. Disse tamb�m que al�m do PT s�o suspeitas movimenta��es financeiras para partidos como o PMDB, PSDB e PSB. "Por que para os outros partidos � doa��o e para o PT � propina?", perguntou.
Volta �s origens
Falc�o comentou os termos mais pol�micos do manifesto dos diret�rios estaduais, divulgado ap�s a reuni�o. O documento falou no combate ao "pragmatismo pernicioso" e ao "cretinismo parlamentar". Falou ainda em um reencontro com o partido dos anos 1980, retomada da "radicalidade" partid�ria e aproxima��o das massas e movimentos sociais, al�m de citar o apoio � reforma agr�ria e a uma reforma tribut�ria, com taxa��o de grandes fortunas.
Falc�o afirmou que a "radicalidade" n�o � de sair "quebrando coisas", mas de retomada das bandeiras hist�ricas do PT. Com rela��o a pol�tica econ�mica de linha mais ortodoxa, adotada pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, disse haver um consenso no partido que os ajustes s�o necess�rios para a retomada do crescimento e que essa retomada � priorit�ria para o pa�s. "Subir e baixar juros n�o � quest�o de princ�pio para o PT. O importante pra n�s � que a popula��o n�o seja prejudicada com a volta da infla��o, do desemprego."
O presidente do PT afirmou que Levy "est� propondo um contingenciamento or�ament�rio que � poss�vel fazer". Mas disse que certos ajustes, como as medidas que tocam seguro-desemprego, abono salarial, pens�o por morte e seguro-defeso, precisam ser negociadas, com o Congresso Nacional e com os movimentos sociais. "As medidas, do jeito que est�o, n�o ser�o aprovadas na minha opini�o", afirmou.
PMDB
Perguntado se sair da "teia burocr�tica", do "pragmatismo pernicioso", n�o exigiria uma revis�o da alian�a com o PMDB, Falc�o foi evasivo. Disse que o PT, como inst�ncia partid�ria, tem que discutir nacionalmente a pol�tica de alian�as. Ressalvou, contudo, que h� poucos partidos program�ticos no Pa�s e que h� realidades regionais muito distintas. "� muito dif�cil no Congresso, no quadro atual, voc� ter um quadro de alian�as sem o PMDB", justificou.
Ao comentar as falas recentes do presidente da C�mara, Eduardo Cunha, de que o PMDB finge ser governo, Falc�o tamb�m evitou polemizar. Disse apenas que Cunha � o presidente de uma institui��o e que precisa ser considerado.