S�o Paulo - Em evento com cerca de 3 mil petistas e sindicalistas na noite dessa ter�a-feira, 31, em S�o Paulo, o ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva fez um mea-culpa em rela��o aos erros do governo Dilma Rousseff na economia e disse estar "indignado" com a corrup��o. Lula, no entanto, deixou claro que o motivo da crise � de natureza pol�tica, e n�o econ�mica, e conclamou os petistas a, em vez de hostilizar os manifestantes anti-Dilma, fazer o debate pol�tico de convencimento.
"Todos n�s cometemos equ�vocos", disse Lula. "Poder�amos ter aumentado o pre�o da gasolina l� em 2012".
Lula, que em conversas fechadas tem criticado a condu��o pol�tica do governo e defendido a tese de que a crise � pol�tica e n�o econ�mica, tamb�m aproveitou para mandar um recado indireto � presidente. "Se n�s n�o errarmos na pol�tica, n�o vamos errar em nada."
Direito
Depois de fazer o mea-culpa, o ex-presidente, que durante anos usou o discurso do "n�s contra eles", assumiu uma posi��o mais branda em rela��o aos protestos que levaram centenas de milhares de pessoas �s ruas contra o governo no dia 15 de mar�o.
"N�s temos que ir para a rua muitas vezes, mas n�o temos que ficar com raiva de quem est� indo contra n�s. Eu, �s vezes, fico irritado quando vejo companheiros dizendo que quem vai para rua contra n�s s�o os que n�o prestam e n�s somos os bons. N�s fomos contra Sarney, contra Collor, contra FHC, contra Geisel, contra M�dici. � a primeira vez que est�o indo contra n�s. Eles t�m direito."
Segundo Lula, o motivo maior da insatisfa��o contra o governo � o fato de que as pessoas que ascenderam socialmente durante os governos petistas, hoje querem mais ou t�m medo de voltar atr�s. Por isso, a melhor estrat�gia, diz, � fazer o debate pol�tico para convenc�-las dos aspectos positivos do governo. Ele citou dados de elei��es perdidas pelo PT em S�o Paulo para argumentar que o quadro � revers�vel.
Para animar a milit�ncia, Lula listou manchetes negativas sobre a economia em 2003, seu primeiro ano de governo, marcado por um forte ajuste fiscal, para dizer que Dilma pode terminar o segundo mandato melhor do que ele pr�prio.
Al�m disso, o ex-presidente tentou dar base ao discurso da milit�ncia a respeito das den�ncias de corrup��o. Segundo ele, foi o governo do PT quem criou as ferramentas para que as fraudes fossem descobertas e punidas e, ao contr�rio de outros partidos que estiveram no governo, nas administra��es petistas integrantes do partido foram condenados e presos. "Hoje, se tem um brasileiro indignado sou eu. Indignado com a corrup��o. E tenho a certeza de que este Pa�s nunca teve ningu�m com a valentia da presidenta Dilma de fazer investiga��o contra quem quer que seja", disse o ex-presidente.
Gabrielli
A Plen�ria Nacional dos Movimentos por Mais Democracia, Mais Direitos e Combate � Corrup��o, organizada tamb�m pela CUT, reuniu lideran�as do PT e PC do B, movimentos sociais como Movimento dos Sem Terra (MST), Uni�o Nacional dos Estudantes (UNE) e Central dos Movimentos Populares (CMP). Entre os presentes estava o ex-presidente da Petrobr�s Jos� Sergio Gabrielli, que dirigiu a estatal na �poca dos desvios investigados pela Opera��o Lava Jato. Ele foi elogiado por Lula e pelo presidente do PT, Rui Falc�o. Na sa�da, Gabrielli defendeu o legado de sua passagem pela estatal e alertou para o risco de criminaliza��o da empresa.
Durante o ato, Gilmar Mauro, l�der do MST, chegou a falar em tom amea�ador numa "resist�ncia" popular a uma tentativa de golpe. "N�o haver� golpe no Brasil sem resist�ncia popular nas ruas. Nossos movimentos n�o formaram covardes", disse ele.