A Opera��o Lava-Jato tem as notas, a proposta de contrato e as c�pias de e-mails trocados entre a Toshiba Infraestrutura Am�rica do Sul e os laranjas do doleiro Alberto Youssef que teriam respaldado o pagamento da propina de pelo menos R$ 1,5 milh�o ao PT e ao PP, em 2012.
O pagamento para a Empreiteira Rigidez seria a propina pelo contrato firmado com a Petrobras, nas obras do Complexo Petroqu�mico do Rio de Janeiro. A Toshiba, que estava com problemas para ser contratada, recorreu aos servi�os do doleiro e do ex-diretor de Abastecimento Paulo Roberto Costa - cota do PP no esquema de fatiamento pol�tico das diretorias.
A Rigidez era uma das empresas usadas pelo doleiro para emitir notas por servi�os n�o prestados. A PF j� tem provas de que ela fechava contratos para cobrir o dinheiro desviado das empreiteiras do cartel. Em depoimento, no dia 15 de agosto de 2014, o advogado e laranja do doleiro, Carlos Alberto Pereira da Costa, j� havia apontado que "contratos e notas fiscais visando justificar o fluxo financeiro de Alberto Youssef eram fornecidos por Waldomiro de Oliveira por meio das empresas MO Consutloria e Empreiteira Rigidez".
Em novo depoimento ontem ao juiz federal S�rgio Moro - que conduz todos autos da Lava-Jato -, o doleiro confessou pela primeira vez na Justi�a Federal que operacionalizou a entrega de cerca de R$ 800 mil do PT, metade disso pago em dinheiro vivo na porta da sede do PT, em S�o Paulo.
O destinat�rio era o atual tesoureiro do partido, Jo�o Vaccari Neto, alvo da Opera��o Lava-Jato como suposto operador de propina no esquema da Petrobras. O pedido, segundo o doleiro, foi feito por um executivo da Toshiba, Jos� Alberto Piva Campana.
A primeira parcela dos R$ 800 mil foi retirada, segundo Youssef, no estacionamento de seu escrit�rio, tamb�m em S�o Paulo, pela cunhada de Vaccari, Marice Correa Lima.
Pelo esquema desbaratado pela for�a-tarefa da Lava-Jato, PT, PMDB e PP arrecadavam de 1% a 3% em contratos da estatal. Ao PP era destinado 1% do valor do contrato, nos neg�cios da Diretoria de Abastecimento. O PT ficava com 2% de todos os contratos das demais diretorias, via Diretoria de Servi�os. A �rea que era ocupada por Renato Duque era respons�vel pelos processos de contrata��o e execu��o.
Materialidade
No material que faz parte do inqu�rito aberto em janeiro tendo como alvo o neg�cio da Toshiba h� tr�s notas fiscais emitidas pela Empreiteira Rigidez contra a Toshiba, totalizando R$ 1.494.318,42. As notas de n�mero 16, 22 e 24 foram emitidas nos dias 9 e 24 de abril e no dia 15 de maio, de 20123. Todas no valor de R$ 498.106,14.
H� ainda cinco folhas de uma proposta de contrato da RIgidez para a Toshiba com valor final de contrato de R$ 2.088.310.
O material foi encontrado nas buscas que a Pol�cia Federal fez na Arbor Cont�bil, empresa da contadora do doleiro, em S�o Paulo, em abril do ano passado e fazem parte do inqu�rito aberto para apurar o caso da Toshiba.
No local, foram obtidas ainda c�pias de dois e-mails trocados entre outro executivo da Toshiba, Rubens Takimi Nomada, e Waldomiro Oliveira - laranja de Youssef na empresa Empreiteira Rigidez.
No primeiro e-mail o executivo pede proposta de contrata��o e a minuta do termo para “presta��o de servi�os para o projeto Comperj Substa��es Unit�rias". No segundo e-mail o executivo solicita a revis�o da proposta e indica a necessidade de reconhecimento de firma no contrato.
Confiss�o
Em seu depoimento de ter�a-feira, 31, Youssef contou como mandou entregar R$ 400 mil na porta do PT, em S�o Paulo, a pedido de Piva.
"O valor do PT foi negociado com Jo�o Vaccari, que na �poca representava o PT nos recebimentos oriundos dos contratos com a Petrobras", revelou o doleiro.
Segundo Youssef, na contrata��o da Toshiba para as obras da Casa de For�a, do Comperj, entre 2009 e 2010, a empresa corria o risco de ser desclassificada e buscou Youssef e o ex-diretor de Abastecimento para vencer o contrato - que segundo ele, era de R$ 130 milh�es, aproximadamente, e com descontos teria baixado para R$ 117 milh�es.
Foi Piva que pediu para usar uma das empresas de fachada de sua lavanderia - a Rigidez - "para fazer o repasse tanto do PP quanto do PT".
No caso da entrega na sede do PT, Youssef afirmou que "Piva informou que almo�aria com Jo�o Vaccari e ali aproveitaria para fazer a entrega de parte do restante destinado ao PT".
Contou o doleiro que o executivo da Toshiba dias antes havia ido at� seu escrit�rio "mas ficou receoso de sair com uma quantia alta, e por isso, marcou uma segunda oportunidade para receber os valores e de imediato j� entregar a Vaccari".
Foi Rafael �ngulo Lopes - um dos carregadores de dinheiro de Youssef - que levou a quantia, segundo afirmou o delator. Ele diz ter pedido ao “funcion�rio" para levar a quantia em um restaurante indicado por Piva, que fica perto da Avenida Paulista e ali lhe entregar uma sacola lacrada com os valores devidos".
No dia 3 de fevereiro, por�m, perante a delegada da Pol�cia Federal Erika Mialik Marena e os procuradores da Rep�blica Carlos Fernando Santos Lima e Janu�rio Palludo, o doleiro prestou depoimento complementar no �mbito da dela��o premiada que firmou. Na ocasi�o, foi indagado a dar mais detalhes sobre “as opera��es financeiras em que destinou valores para Jo�o Vaccari Neto".
Youssef anotou que “posteriormente tomou conhecimento que no meio do caminho Rafael foi orientado a entregar o dinheiro diretamente na sede do PT em S�o Paulo, tendo entregue os valores na porte da sede do partido para Piva, que l� se encontrava".
PT
O tesoureiro do PT, Jo�o Vaccari Neto, por meio de seu advogado, o criminalista Luiz Fl�vio Borges D’Urso, repudia taxativamente as acusa��es. D’Urso tem reiterado que o tesoureiro s� arrecadou quantias declaradas � Justi�a eleitoral. O criminalista recha�a o valor dos depoimentos prestados em regime de dela��o premiada. Segundo D’Urso, os delatores "n�o dizem a verdade".
O PT tem reafirmado que todos recursos arrecadados t�m origem l�cita. A Toshiba nega pagamento de propinas a pol�ticos.
A Toshiba tem negado os fatos veiculados pela m�dia, afirmando que todo e qualquer contrato com entidades publicas resultaram de processo licitat�rio regular, nos termos da legisla��o vigente. "Portanto, considera caluniosa qualquer alega��o de participa��o em cartel e pagamento de propina."