Curitiba — O desgaste � imagem do PT e a mancha no curr�culo de Jo�o Vacari Neto s�o agravados pelo fato de a cunhada do tesoureiro licenciado do partido estar foragida. Vaccari foi preso na quarta-feira pela Pol�cia Federal, enquanto Marice Corr�a Lima conseguiu escapar. At� o fechamento desta edi��o, os advogados dela negociavam a apresenta��o � Superintend�ncia da Pol�cia Federal no Paran�. A expectativa era de que ela chegasse hoje � carceragem e engrossasse o rol de detidos na Opera��o Lava-Jato, que investiga desvios bilion�rios da Petrobras.
Informa��es da Receita Federal mostraram “inconsist�ncias fiscais” da cunhada de Vaccari, segundo o juiz S�rgio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba. Um exemplo � a aquisi��o de um im�vel. Ela comprou um apartamento avaliado em R$ 200 mil, desistiu do neg�cio antes de quit�-lo e vendeu a unidade por R$ 430 mil para a OAS. A empreiteira, no entanto, s� conseguiu revend�-lo por R$ 337 mil.
Vaccari e ex-deputados presos na 11ª fase da Lava-Jato, denominada “A origem”, devem prestar depoimentos a partir de hoje. Faltam ser ouvidos os ex-deputados Andr� Vargas (ex-PT-PR) e Pedro Corr�a (PP-PE). A expectativa de delegados e advogados, por�m, tem se frustrado pela agenda de apura��es que ainda s�o necess�rias para o caso. Ainda assim, o PT teme que eventuais declara��es do tesoureiro licenciado ampliem a crise que se aproxima cada vez mais do Planalto .
Um dos advogados de Vaccari afirmou nessa quinta-feira (16) que o petista est� inconformado e surpreso com a pris�o, apesar de estar calmo e “tranquilo”. “Ele estava com o direito � liberdade assegurado at� ent�o e est� colecionando algumas interroga��es sobre a pris�o”, disse Elias Mattar Assad, na manh� dessa quinta-feira, ao sair da carceragem da Superintend�ncia da Pol�cia Federal no Paran�. Segundo ele, o cliente est� bem e divide a cela com outra pessoa.
Habeas corpus
A defesa deve ingressar com pedido de habeas corpus em tribunais superiores para tirar o tesoureiro da cadeia. Segundo nota do advogado Luiz Fl�vio Borges D’Urso, a pris�o de Vaccari “teve por justificativa apenas conjecturas e progn�sticos”. Na avalia��o dele, a deten��o foi baseada apenas na palavra de delatores criminosos. O executivo Augusto Mendon�a, da empreiteira Toyo Setal, disse que o tesoureiro determinou o dep�sito de dinheiro na conta de uma gr�fica ligada ao PT e que recebeu recursos da Presid�ncia da Rep�blica. D’Urso nega: “N�o � verdadeira a imputa��o, pois o senhor Vaccari nada tem a ver com esse delator e com tais dep�sitos”.
Ele rebateu ainda as suspeitas sobre as movimenta��es banc�rias da mulher do tesoureiro, que recebeu R$ 322 mil de forma fracionada e n�o identificada. “Para tudo, h� comprova��o de origem l�cita, pois os valores movimentados nessas contas t�m suporte na remunera��o, devidamente declarada, auferida pelo senhor Vaccari em suas atividades profissionais”, disse. “A defesa esclarece que tudo isso poderia ter sido demonstrado se o senhor Vaccari tivesse sido questionado sobre esse tema, evitando-se suspeitas e at� a pr�pria pris�o.”
D’Urso disse que as ordens de pris�o feitas por S�rgio Moro n�o t�m base em fatos, n�o contam com “respaldo nas leis brasileiras e sequer h� ind�cios de autoria e materialidade das acusa��es e suspeitas”. A defesa repetiu que Vaccari n�o recebeu dinheiro ilegal para abastecer o caixa do partido. “Ele n�o recebeu ou pediu qualquer contribui��o de origem il�cita destinada ao PT, e todas as doa��es ocorreram por via banc�ria, com transpar�ncia e com a devida presta��o de contas �s autoridades competentes.”
Recep��o ir�nica
Ao lado de faixas e cartazes nas cores verde e amarela, um grupo de manifestantes deu as “boas-vindas” ao tesoureiro licenciado do PT, Jo�o Vaccari Neto, e aos ex-deputados Andr� Vargas (ex-PT), Pedro Corr�a (PP-PE) e Luiz Arg�lo (SD-BA). O analista de recursos humanos Cristiano Roger, 38 anos, votou no ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva e foi petista at� 2005, no esc�ndalo do mensal�o. Nessa quinta-feira � tarde, segurava um megafone e gritava: “Seja bem-vindo, Vaccari, seja bem-vindo, Andr� Vargas”. Ao lado da professora de hist�ria Narli Resende, 57 anos, e do marceneiro Rog�rio Ferreira, 37, eles elogiaram a Opera��o Lava-Jato, a PF e o juiz S�rgio Moro, da Justi�a Federal do Paran�. “Curitiba � a capital da moralidade”, disse Roger. Narli queria entregar 12 rosas aos policiais, uma para cada fase da opera��o.