Curitiba - Expulso sumariamente do PT e abandonado pela c�pula partid�ria, o ex-deputado Andr� Vargas, preso na semana passada pela Opera��o Lava-Jato por suspeita de integrar o esquema de corrup��o na Petrobras, avisou a investigadores que estuda fazer um acordo de colabora��o. A informa��o foi repassada pelo ex-pol�tico na quinta-feira. O temor do Pal�cio do Planalto e dos petista � que os fatos revelados por Vargas sirvam de base jur�dica para o pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT). O ex-deputado ainda analisa se faz uma dela��o premiada ou se ajuda espontaneamente na apura��o do caso.
Na quinta-feira, Vargas prestou seu primeiro depoimento no pr�dio da Superintend�ncia da Pol�cia Federal, em Curitiba, no Paran�, no entanto, optou n�o dizer nada. A advogada dele, Nicole Trauczynski, s� saiu de l� � noite. Ela defendeu o operador Enivaldo Quadrado na Lava-Jato, tamb�m investigado no mensal�o. O Supremo Tribunal Federal (STF) o condenou em 2012 a tr�s anos e meio de pris�o mais multa de R$ 28 mil por lavagem de dinheiro. Cumpriu pena com restri��o de direitos.
Na Lava-Jato, Quadrado foi preso em novembro. Mas, antes mesmo disso, j� tinha resolvido falar na opera��o. Ainda no primeiro semestre, revelou ter emprestado dinheiro ao doleiro Alberto Youssef para a compra de um Porsche Cayenne. Informou a que se referia um comprovante de pagamento de R$ 19 mil apreendido com o doleiro: d�vida de impostos com opera��es em bolsa. Orientado por Nicole, o corretor concordou em dizer o que sabia. Em novembro, menos de quatro dias depois da pris�o, Quadrado prestava outro depoimento � PF, que o considerou relevante. Hoje, ele j� est� fora da cadeia. � justamente isso que estimula Andr� Vargas a contar � Justi�a tudo o que sabe.
Sil�ncio
Para os investigadores, uma colabora��o de Vargas pode evitar que ele seja o �nico culpado no esquema de desvios de dinheiro da Petrobras ou de lavagem por meio do doleiro Alberto Youssef. No caso de uma dela��o premiada, poderia revelar fatos e suspeitas que n�o est�o sob investiga��o ainda. Uma colabora��o espont�nea ajudaria a esclarecer atos j� apurados pelos nove procuradores da for�a-tarefa do Minist�rio P�blico e pelos seis delegados da Pol�cia Federal que atuam no caso. Por outro lado, isso poderia envolver mais gente ligada ao PT e ao governo de Dilma Rousseff.
A advogada Nicole n�o retornou os pedidos de esclarecimentos feitos pela reportagem por escrito e por telefone ontem. Amigo do ex-deputado, o advogado Jo�o Gomes Filho disse ao Correio que foi uma op��o do pr�prio Vargas permanecer em sil�ncio durante o primeiro depoimento. Ele narrou que foi atender a um cliente na carceragem da PF nos �ltimos dias e cumprimentou o ex-parlamentar. Moradores de Londrina, os dois s�o amigos h� 20 anos. “Ele levantou o punho, em um gesto de resist�ncia. Eu bati no peito”, narrou Gomes.
Vargas � suspeito de receber dinheiro por meio de duas empresas fantasmas. A LSI e a Limiar j� foram registradas em nome dele e hoje est�o oficialmente na m�o de seus irm�os, Le�n e Milton Vargas. A Procuradoria-Geral da Rep�blica sustenta que o ex-deputado � o controlador das contas das firmas, apontadas como de fachada. S� uma teve um �nico funcion�rio, registrado por curto per�odo de tempo.
Mesmo assim, receberam dinheiro de empresas vinculadas ao Minist�rio da Sa�de, � Caixa, do frigor�fico JBS S/A e tamb�m da concession�ria de rodovias Ecovias. Na Sa�de, a ag�ncia de publicidade Borghi Lowe recebeu R$ 126 milh�es para servi�os de comunica��o, subcontratando produtoras. Essas empresas receberam R$ 2,6 milh�es da Borghi e mais R$ 320 mil da Propeg, oura contratada do minist�rio. Ao elaborarem os v�deos, repassaram o b�nus de volume, mais conhecido no meio publicit�rio como BV, para LSI e Limiar. As produtoras informaram aos investigadores que fizeram o repasse a pedido da Borghi.
Na Caixa, onde Vargas indicou o gerente de marketing Clauir Santos, a IT7 Sistemas recebeu R$ 50 milh�es s� em 2013. Procurado desde a semana passada, o banco nunca informou o valor total dos contratos. Desse valor, pelo menos R$ 2,3 milh�es foram parar nas m�os dos irm�os Vargas, segundo o Minist�rio P�blico. Notas fiscais frias foram emitidas pelo escrit�rio de contabilidade de Meire Poza, que trabalhava para Youssef, contra a IT7.
A IT7 ainda tem contratos no Serpro, do Minist�rio da Fazenda, cujo presidente, Marcos Mazoni, trabalhou com Vargas no governo do Paran�. Ele nega ter sido indicado pelo ex-deputado para o cargo.