Bras�lia, 21 - O executivo da Toyo Setal Julio Camargo, um dos delatores da Opera��o Lava Jato, afirmou em novo depoimento prestado no dia 8 de abril que o ex-ministro da Casa Civil Jos� Dirceu interveio pela contrata��o da empresa junto ao ex-presidente da Petrobras Jos� S�rgio Gabrielli. O depoimento faz parte do material encaminhado pela Pol�cia Federal ontem ao Supremo Tribunal Federal (STF) relativo aos inqu�ritos que apuram envolvimento de pol�ticos no esquema de corrup��o e propina na estatal.
Camargo disse � PF que conheceu o petista em uma festa de anivers�rio do ex-ministro, quando ele j� tinha deixado a Casa Civil. O convite foi feito por um amigo em comum. Os dois tiveram mais de 20 encontros, segundo os relatos de Camargo, a maioria no escrit�rio ou resid�ncia de Dirceu.
No novo depoimento, Julio Camargo afirma que tinha meios de dar suporte financeiro � Petrobras, mas em contrapartida a estatal deveria celebrar contrato com um cons�rcio do qual a Toyo fazia parte. Diante da sinaliza��o de mudan�a da Petrobras desse modelo de neg�cio, o executivo teria buscado ajuda de Dirceu. O ex-ministro disse, segundo o relato de Camargo, "ter feito gest�o junto a Gabrielli no sentido de entender por qual raz�o a Petrobras havia mudado a sistem�tica".
Ele declara que doou valores ao PT, mas destaca que nunca ofereceu vantagens "devidas ou indevidas" a Jos� Dirceu. O executivo lembra de ter dado apenas um u�sque e um vinho ao ex-ministro, o �ltimo como presente em um anivers�rio. Apesar disso, Camargo diz ter autorizado viagens de Dirceu em seu avi�o em "v�rias oportunidades", mas n�o se lembra de o petista ter feito men��o a ningu�m da Petrobras nas viagens.
Ao Broadcast, servi�o de not�cias em tempo real da Ag�ncia Estado, Gabrielli disse n�o se lembrar de nenhuma discuss�o geral sobre modelo de contrata��o da Toyo. "N�o tenho a menor ideia sobre o que se refere sua consulta. N�o lembro de nenhuma discuss�o geral sobre modelo de contrata��o da Toyo e � muito dif�cil lembrar, sem maiores detalhes, especialmente sem relacionar qual projeto esta quest�o poderia estar associada. Quanto a conversas deste teor com Jos� Dirceu tenho certeza que nunca tive", afirmou o ex-presidente da estatal.
O advogado de Jos� Dirceu nas investiga��es relativas � Lava Jato, Roberto Podval, afirmou que o depoimento de Camargo aponta que nenhum neg�cio foi firmado. Podval diz ainda "n�o ver ilicitude" no caso, vez que Dirceu n�o estava mais no governo e possui empresa de consultoria.
Venezuela
Dirceu e o executivo da Toyo tamb�m conversaram sobre Venezuela, segundo o delator. A Toyo enfrentava problemas na execu��o de contratos no Pa�s e Dirceu chegou a sinalizar que "conseguiria uma entrada" de Camargo com o presidente da PDVSA, estatal venezuelana respons�vel pela explora��o de petr�leo, de acordo com o depoimento. O executivo n�o teve autoriza��o da Toyo para continuar com a negocia��o, conforme a dela��o.
Cunha
O executivo da Toyo relata ainda ter se encontrado com o presidente da C�mara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), em duas ocasi�es. Os dois trataram sobre quest�es do setor portu�rio. Na �poca, estava em tramita��o no Congresso a medida provis�ria conhecida como MP dos portos, que regulamentou o setor. Cunha teria perguntado a Camargo se haveria disponibilidade de a Toyo, por meio de banco japon�s, conseguir financiamento para projetos de investimentos nos portos.
O peemedebista teria prometido "fazer gest�es" para a contrata��o da Toyo caso o financiamento fosse obtido. As conversas cessaram depois que Camargo afirmou que n�o conseguiria obter o financiamento.
Cunha disse ao
Broadcast
ter sido procurado por diversas pessoas na �poca da tramita��o da MP dos Portos. Uma delas poderia ter sido Camargo, segundo o presidente da C�mara. Ele destaca que o executivo queria investir e a nova legisla��o previa investimentos privados em �reas externas dos portos.
O depoimento de Julio Camargo foi uma das dilig�ncias solicitadas pela Procuradoria-Geral da Rep�blica no inqu�rito que investiga o senador Edison Lob�o (PMDB). O ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa disse em dela��o premiada que recebeu do parlamentar a solicita��o da entrega de R$ 1 milh�o. O doleiro Alberto Youssef disse que j� foi levar dinheiro para o Maranh�o em raz�o de uma opera��o com Julio Camargo e que n�o sabe quem era o destinat�rio dos valores. No depoimento do in�cio de abril, Julio Camargo negou ter dado a Youssef valores para pagamentos no Maranh�o ou para pagamentos de interesse de pol�ticos do Estado. (Colaborou Daniel Carvalho)