S�o Paulo, 22 - O esquema de lavagem de dinheiro envolvendo R$ 18 milh�es desviados da Petrobras nas obras da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, misturava contratos falsos, empresas de fachada, importa��es fict�cias, interc�mbio financeiro com o doleiro do comerciantes da 25 de Mar�o e "presentes" como uma Range Rover de mais de R$ 250 mil dada ao ex-diretor de Abastecimento Paulo Roberto Costa pelo doleiro Alberto Youssef.
"O esquema criminoso de propinas e lavagem de dinheiro que acometeu a Petrobras �, pelo que as provas at� o momento indicam, gigantesco, com dezenas ou centenas de fatos delitivos conexos e com o envolvimento de dezenas de envolvidos", registrou o juiz federal S�rgio Moro, em sua senten�a em que condenou dez pessoas pelos crimes de forma��o de organiza��o criminosa e lavagem de dinheiro.
� o primeiro processo da Lava Jato envolvendo a Petrobras com condena��es de acusados. Capitaneada pelo doleiro Alberto Youssef, o grupo de lavadores de dinheiro que providenciaram a movimenta��o dos R$ 18 milh�es foi chamado pelo juiz de "profissionais da lavagem".
No esquema em que Costa e Youssef - ambos delatores da Lava Jato - foram condenado nesta quarta-feira, 22, a for�a-tarefa conseguiu reunir provas de cinco atos em que ficou configurada a pr�tica de lavagem dos R$ 18 milh�es.
No primeiro, o dinheiro saia da Petroba�s em contrato com apontamento de superfaturamento para um cons�rcio (CNCC) formado por empresa do cartel, a Camargo Corr�a, que subcontratava as empresas Sanko Sider e Sanko Servi�os.
Em nome de dois dos condenados (M�rcio Bonilho e Murilo Barrios), a empresa era usada por Youssef. Foram identificados repasses de R$ 113 milh�es para essa empresa que fornecia tubula��es para o cons�rcio da Camargo Corr�a. Dentro dessas vendas, eram feitos contratos por falsos servi�os para desviar os recursos.
Em uma segunda etapa, as empresas do grupo Sanko repassavam os valores por meio de contratos forjados com duas empresas de fachada do doleiro, MO Consultoria e Empreiteira Rigidez - em nome de outro condenado, Waldomiro de Oliveira.
Na terceira fase, as empresas fantasmas de Youssef repassavam valores para as contas de tr�s empresas em nome de outro doleiro, Leonardo Meirelles, que era usado como seu laranja.
Destas empresas ligadas ao setor farmac�utico (Labogen, Ind�stria Labogen, Piroquimica) os valores eram enviados ao exterior, por meio de falsos contratos de importa��o.
Numa quinta e �ltima etapa, os recursos eram depositados em contas de para�sos fiscais ou transformados em bens, com apar�ncia de legal, como a Range Rover Evoque de R$ 250 mil que Youssef deu para o ex-diretor de Abastecimento.
"Todos esses fatos, embora distintos, representam fases diversas de um mesmo ciclo de lavagem de dinheiro, que visava direcionar recursos p�blicos desviados a agentes p�blicos e a agentes pol�ticos", explicou o juiz federal S�rgio Moro, em sua senten�a.
O coordenador da for�a-tarefa da Lava Jato, procurador da Rep�blica Deltan Dellagnol, explicou que os recursos desviados da Petrobras sa�am de forma aparentemente legal.
"Os pagamentos saiam da contabilidade das empreiteiras como se fossem pagamentos legais por servi�os prestados, contudo esses servi�os nunca existiram."
Segundo o procurador, a estrutura de lavagem usada nos desvios da obra de Abreu e Lima tem as caracter�sticas b�sicas da "lavagem de dinheiro moderna". "Profissionaliza��o, pois a lavagem n�o era feita pelas pr�prias pessoas, corruptores ou corrompidos, a internacionaliza��o e a complexidade", explicou o procurador.
25 de Mar�o
O esquema da lavanderia de Youssef nas obras da Abreu e Lima chegou cruzar recursos do c�mbio negro com dinheiro arrecadado na 25 de Mar�o, centro de compras popular da capital paulista.
O principal esquema envolvia a simula��o de contratos de fachada para remessas ao exterior. Apenas 10% dos valores depositados nas empresas de fachada de Youssef eram sacados em esp�cie.
A maioria seguia uma complexa rota legal e ilegal de movimenta��o financeira entre empresas e remessas ao exterior que servia para afastar os recursos de sua origem, bem como ocultar seu verdadeiro dono. Como no caso da compra da picape de luxo como presente para o ex-diretor de Abastecimento.
"Boa parte do dinheiro era transferida para empresas operadas por outro doleiro, Leonardo Meirelles, como a empresa Labogen. Esse, ao inv�s de entregar o valor correspondente ao que entrou em suas contas, em esp�cie, para Youssef, usava clientes dele, especialmente pessoas da Avenida 25 de Mar�o, que objetivavam remeter dinheiro ao exterior de modo fraudulento, mediante importa��es fict�cias", explicou Dellagnol.
Meirelles fazia contratos falsos de importa��o e mandava o dinheiro que entrava nas sua contas pela firmas de fachada de Youssef e remetia ao exterior. Essa remessa se dava por contratos de importa��o que nunca existiram.
"Ao inv�s de sacar o dinheiro de Youssef em esp�cie, ele usava o valor que recebia dos comerciante da 25 de Mar�o para disponibilizar moedas em papel para Youssef e usava o seu recurso para as remessas dos comerciantes para Hong Kong."
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'Profissionais da lavagem' atuaram para ocultar desvio de dinheiro da Petrobras
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