Bras�lia – O discurso do ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva no evento da Central �nica dos Trabalhadores (CUT), em 1º de maio, n�o deixou d�vidas para petistas ou tucanos: alvo de investiga��o do Minist�rio P�blico Federal por den�ncias de tr�fico de influ�ncia internacional a fim de ajudar empreiteiras brasileiras a obter contratos no exterior, Lula lan�ou-se candidato ao Planalto em 2018 e tenta desviar o foco das acusa��es. Ao afirmar que “est� quieto no canto”, mas que � “bom de briga”, o cacique petista antecipou um movimento esperado por aliados apenas no fim de 2016 e explicitou ainda mais o enfraquecimento pol�tico da presidente Dilma Rousseff. Opositores veem a manobra como um ato de desespero do pr�prio PT, mergulhado em profunda crise institucional.
“Quando voc� tem, em seu campo pol�tico — independentemente de ser presidente, governador, ou prefeito — algu�m como candidato futuro, perde total controle do processo decis�rio”, criticou o l�der da minoria na C�mara, Bruno Ara�jo (PE). Para o tucano, a letargia na qual o governo Dilma est� mergulhada fez com que at� mesmo Lula, mentor pol�tico da presidente, desacreditasse no poder que a pupila tem de debelar a atual crise. “Esse gesto viria, naturalmente, mais para a frente. A antecipa��o � o sinal patente do fracasso da presidente”, disse Bruno.
A d�vida, agora, � se Lula ter� capacidade de recuperar o prest�gio de outrora. Nas �ltimas manifesta��es contra o governo, n�o apenas o PT e Dilma tornaram-se alvo de cr�ticas. Lula – que, durante os oito anos de mandato ganhou o apelido de teflon (material anti-aderente que reveste panelas), numa alus�o ao fato de escapar inc�lume �s den�ncias que envolviam seu governo e o partido – tamb�m come�ou a ser visto, por parte da popula��o, como ator envolvido nos esc�ndalos de corrup��o.
A abertura de investiga��o do Minist�rio P�blico, por exemplo, publicada na revista �poca, repercutiu em jornais internacionais, como o The New York Times. A publicidade negativa no exterior, ali�s, tem sido frequente devido � combalida economia e os sucessivos esc�ndalos na Petrobras. A press�o vem desde o julgamento do mensal�o, que colocou na cadeia a dire��o partid�ria respons�vel pela elei��o de Lula em 2002.
ESCUDO
Para alguns petistas, no entanto, nada disso � problema. Na opini�o deles, a inapet�ncia pol�tica da presidente Dilma deu a Lula a desculpa ideal para lan�ar-se ao Planalto sem parecer que est� fazendo um movimento de oposi��o a ela. Pelo contr�rio, o discurso � de que a estaria protegendo. “Ele n�o vai atacar a presidente. Pelo contr�rio, vai enaltec�-la”, assegurou outro cacique petista.
Pouco � vontade para tratar do tema, j� que, recentemente, assumiu a lideran�a do governo no Senado, Delc�dio Amaral (PT-MS) reconhece que Lula mexeu no tabuleiro. “As den�ncias contra o PT e o debate em torno da terceiriza��o permitiram que o ex-presidente retomasse o protagonismo pol�tico”, disse.
Marqueteiro sob suspeita
A Pol�cia Federal investiga contratos firmados pelas empresas do marqueteiro do PT, Jo�o Santana, que trouxeram de Angola para o Brasil US$ 16 milh�es em 2012. A suspeita � de lavagem de dinheiro, com pagamento de recursos do pa�s africano para empreiteiras brasileiras como forma indireta de quitar d�bitos do partido com o marqueteiro. Em 2012, Santana trabalhou nas campanhas do prefeito de S�o Paulo, Fernando Haddad (PT), e do presidente de Angola, Jos� Eduardo dos Santos. Santana, que atuou nas campanhas do ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva (PT) e da presidente Dilma Rousseff (PT), negou que tenha praticado irregularidades.