
Curitiba – O juiz S�rgio Moro, que conduz as a��es penais da Opera��o Lava-Jato, deu um prazo de cinco dias para o ex-tesoureiro do PT Jo�o Vaccari Neto explicar dep�sitos em dinheiro na conta de sua mulher, Giselda Rousie de Lima. O esclarecimento pedido pelo magistrado se deu ap�s um pedido de revoga��o da pris�o preventiva de Vaccari, feito por sua defesa “Em vista da louv�vel disposi��o da defesa para esclarecer os fatos e considerando a relev�ncia do ponto para a pris�o preventiva, intime-se a defesa para, querendo, esclarecer os aludidos dep�sitos em dinheiro de R$ 583.400, entre 2008 e 2014, na conta de Giselda Rousie de Lima, aparentemente sem origem comprovada, demonstrando origem e natureza dos valores”, afirmou Moro. “Prazo de cinco dias.”
A for�a-tarefa da Lava Jato identificou dep�sitos ‘picados’, no limite pr�ximo de R$ 10 mil cada, que somaram R$ 322,9 mil em conta da mulher de Vaccari. Em um �nico dia, 12 de dezembro de 2013, Giselda teria recebido cinco dep�sitos, quatro deles no valor de R$ 2 mil e um de R$ 1.500. O rastreamento banc�rio de Giselda pegou o per�odo entre 1º de julho de 2006 e 18 de dezembro de 2014. Al�m dos dep�sitos ’fatiados’, os peritos do Minist�rio P�blico Federal (MPF) constataram, a partir da quebra do sigilo banc�rio, que ca�ram na conta da mulher do tesoureiro do PT repasses superiores a R$ 10 mil, tamb�m em dinheiro, que somaram R$ 260,5 mil, entre 19 de setembro de 2008 e 29 de outubro de 2012.
Em sua defesa no primeiro processo aberto contra ele por corrup��o passiva e lavagem de dinheiro, Vaccari Neto pede absolvi��o sum�ria. Alega que n�o arrecadou propinas para seu partido e que n�o h� “nenhum indicativo de prova” de que tenha enriquecido. “Tudo se deu dentro do espectro da atividade legal partid�ria, ou seja, as doa��es s�o legais, dentro dos crit�rios estabelecidos em lei, e nenhuma prova existe de que assim n�o foram ou de que o acusado tenha agido criminosamente”, sustenta o advogado Luiz Fl�vio Borges D’Urso, defensor de Vaccari.
A primeira den�ncia contra Vaccari foi apresentada pelo Minist�rio P�blico Federal em 16 de mar�o de 2015. Um dos argumentos da for�a-tarefa da Lava-Jato para processar o ex-tesoureiro do PT � a dela��o premiada do ex-gerente de Engenharia da Petrobras Pedro Barusco, ex-bra�o direito do ent�o diretor de Servi�os da estatal, Renato Duque, que tamb�m est� preso. Barusco disse que Vaccari arrecadou at� US$ 200 milh�es para o PT. Em sua dela��o, Barusco confessou ter recebido US$ 97 milh�es em propinas. Ele j� devolveu tudo. Outro delator, Augusto Mendon�a, tamb�m cita suposto envolvimento de Vaccari no esquema de corrup��o que se instalou na Petrobras.
TESTEMUNHAS O ex-tesoureiro do PT arrolou como testemunhas de defesa o l�der do partido na C�mara, Sib� Machado (PT-AC), o ex-ministro da Justi�a e ex-governador do Rio Grande do Sul Tarso Genro, e o relator da CPI da Petrobras, deputado Luiz S�rgio (PT-RJ). Os nomes dos pol�ticos foram indicados na defesa que Vaccari apresentou � Justi�a Federal no Paran�, nos autos do processo em que � acusado por corrup��o passiva e lavagem de dinheiro. A defesa apontou oito testemunhas, entre as quais os tr�s pol�ticos.
A estrat�gia, por�m, esbarrou em uma exig�ncia do juiz S�rgio Moro, que conduz a Lava Jato. Ele mandou intimar a defesa de Vaccari para que esclare�a, em cinco dias, “se as testemunhas de fato teriam algum conhecimento sobre os fatos delitivos ou se poderiam contribuir de forma relevante para o esclarecimento da verdade”. Moro quer saber os motivos de a defesa arrolar os dois deputados e o ex-ministro da Justi�a. “A oitiva de agentes p�blicos como deputados e governadores � sempre demorada e dif�cil. Al�m disso, tais agentes p�blicos servem � comunidade e n�o se afigura correto dispender o seu tempo, al�m do desse Ju�zo, ouvindo-os sem que haja real necessidade.”