S�o Paulo e Curitiba - O doleiro Alberto Youssef esclareceu nesta ter�a-feira aos integrantes da CPI da Petrobras que o ouvem em Curitiba, que n�o pode confirmar a remessa de dinheiro da OAS para o presidente da C�mara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). "Recebi da OAS para que fosse entregue o recurso nesse endere�o. N�o sabia quem era morador dessa resid�ncia", disse Youssef aos parlamentares.
Youssef repetiu que quem fez a entrega foi o policial federal Jayme Alves de Oliveira Filho, conhecido como Careca. Sobre o depoimento de Careca, que implicou Cunha, o doleiro disse n�o saber se � verdade. "N�o tenho ideia. N�o sei se ele inventou nomes, porque quem foi ao endere�o foi ele."
Youssef foi confrontado pelo deputado Ivan Valente (PSOL-SP), que disse que o doleiro n�o estava sendo verdadeiro. Valente argumentou n�o ser poss�vel ele lembrar de nomes de quem teria recebido pelo PT, citando a cunhada de Jo�o Vaccari, Marice, e n�o lembrar o nome do recipiente na casa de Cunha. "Deputado, alguns eu lembro, outros n�o lembro", respondeu Youssef.
Youssef disse n�o conhecer pessoalmente Cunha nem ter repassado diretamente recursos. O doleiro disse tamb�m n�o conhecer ou ter feito repasses diretamente ao presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Ele contudo, disse ter feito repasses para Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano, que seria o operador do PMDB no esquema.
O doleiro reafirmou com maior certeza repasses destinados a lideran�as pepistas, como o ex-ministro M�rio Negromonte, o senador Ciro Nogueira e o deputado Aguinaldo Ribeiro.
Propina PT e PP
O doleiro Alberto Youssef tamb�m � CPI da Petrobr�s, que PT e PP dividiram uma propina de R$ 6 milh�es que teria sido paga a uma ag�ncia, a Muranno Marketing Brasil, em 2010, a pedido do ex-diretor de Abastecimento da estatal Paulo Roberto Costa.
"O Paulo Roberto Costa passou para que eu procurasse a Muranno e outra ag�ncia para que pagasse", explicou Youssef, ouvido no Paran�, onde est� preso desde mar�o do ano passado.
Youssef j� havia relatado esse cap�tulo do esquema de corrup��o na Petrobr�s em depoimento � for�a-tarefa da Opera��o Lava Jato, em 2014. Segundo o doleiro, o valor pago para a Muranno foi uma ordem do ex-presidente da Petrobr�s Jos� S�rgio Gabrielli, que teria sido acionado pelo ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva (PT).
Youssef revelou ainda que quase a totalidade dos R$ 7 milh�es que a Muranno e outra ag�ncia de publicidade do Rio tinham a receber foi paga com dinheiro de propina. Segundo ele, quem pagou a parte do PT foi o lobista Julio Camargo, representante no Brasil do Grupo Mitsui.
"Em determinado momento, Julio Camargo fez os repasses da parte da conta do PT."
Segundo ele, "o doutor Paulo Roberto disse que o total foi R$ 6 milh�es e pouco e o PT teria que dividir, R$ 3 milh�es era o PT que pagaria e R$ 3 milh�es era o PP". A Muranno apareceu no rastreamento de valores da empresa MO Consultoria, uma das usadas na lavanderia de Youssef. Os delatores explicaram que o valor era referente a uma extors�o que seria feita pelo dono da Muranno, Ricardo Villani, para que valores atrasados a receber da Petrobr�s fossem pagos.
A Muranno prestou servi�os para a Petrobr�s, em provas da F�rmula Indy, nos Estados Unidos sem contrato. De R$ 7 milh�es que ela teria a receber, parte n�o foi paga e o dono estaria cobrando o pagamento.
Vaccari
Youssef confirmou tamb�m a ida do ex-tesoureiro do PT Jo�o Vaccari Neto ao seu escrit�rio. Segundo ele, Vaccari deve ter ido ao local no fim de 2013 ou in�cio de 2014.
Quando esteve na CPI da Petrobr�s, no in�cio de abril deste ano, Vaccari afirmou que havia ido ao escrit�rio do doleiro, mas n�o o encontrou no local. Youssef foi questionado se haveria convidado o ex-tesoureiro.
"N�o liguei para ele convidando para ir ao meu escrit�rio. Pode ser que em encontros casuais em restaurantes, eu possa ter dito para ele ir ao meu escrit�rio tomar um caf�", afirmou aos parlamentares. "Era s� para tomar um caf�."
O delator disse que mandou entregar dinheiro para a cunhada do ex-tesoureiro do PT Jo�o Vaccari Neto, Marice Corr�a de Lima, e tamb�m na sede do PT, em S�o Paulo. Essas informa��es Youssef j� havia declarado � Justi�a Federal e � for�a tarefa da Lava Jato. Questionado por parlamentares se ele havia operado propina com Vaccari, o doleiro - preso desde mar�o de 2014 e acusado por corrup��o ativa, lavagem de dinheiro e organiza��o criminosa - corrigiu a informa��o da CPI.
"Nunca operei com Vaccari diretamente, fiz opera��o para a Toshiba (empresa investigada na Lava Jato) que diz que o dinheiro era direcionado para Vaccari."
O doleiro, pe�a central da Lava Jato, afirmou que em duas vezes mandou entregar dinheiro que teria como destino o ent�o tesoureiro do PT, preso pela Opera��o Lava Jato. Youssef afirmou que encontrou-se pessoalmente com Vaccari. "Estive com Vaccari em um restaurante. Uma vez ele esteve em meu escrit�rio, mas eu n�o estava. O �nico repasse que eu fiz ao Vaccari foi por interm�dio da Toshiba, eu j� relatei."