Delator liga fraude no fisco do Paran� � reelei��o de Richa

Curitiba, 16 - O Minist�rio P�blico do Paran� investiga a liga��o entre fraudes na Receita do Estado e a campanha � reelei��o do governador Beto Richa (PSDB). Auditor fiscal suspeito de integrar o esquema que atuava no fisco paranaense, Luiz Ant�nio de Souza afirmou em dela��o premiada que ele e seus colegas arrecadaram at� R$ 2 milh�es via caixa 2 para a reelei��o do tucano no ano passado. Segundo o delator, os auditores que atuavam na Receita de Londrina, cidade do norte do Paran�, reduziam ou anulavam as d�vidas tribut�rias de empresas em troca das contribui��es.

Ainda segundo o depoimento de Souza, o ex-inspetor-geral de fiscaliza��o da Receita M�rcio Albuquerque de Lima coordenava o esquema sob as ordens do empres�rio Luiz Abi Antoun, primo distante de Richa e figura influente na gest�o tucana. "Ele (Souza) escutou do pr�prio M�rcio que Luiz Abi havia pedido o dinheiro, em fevereiro do ano passado. O dinheiro tinha que ser entregue at� setembro. E meu cliente efetivamente conseguiu o dinheiro com tr�s empresas da regi�o norte", confirmou o advogado do delator, Edson Duarte Ferreira, sem citar o nome das empresas. O advogado do delator afirmou que seu cliente nunca teve contato direto com o governador, mas disse que as visitas de Abi � Receita Estadual de Londrina eram "frequentes".

Carta

- A dela��o refor�a as suspeitas j� levantadas pelas investiga��es do Minist�rio P�blico. Em um caso relatado por uma testemunha an�nima por carta semanas atr�s, Abi agiu para anular uma d�vida tribut�ria de R$ 9 milh�es em favor de uma empresa de equipamentos e servi�os de inform�tica industrial que atua em Curitiba, a Dataprom. Segundo o relato an�nimo, em troca do "favor" tribut�rio, a empresa teria dado extraoficialmente R$ 1 milh�o para a campanha de Richa.

A suspeita � de que Abi tenha contado, nesse caso, com a colabora��o do auditor fiscal Roberto Pizzato, ent�o chefe da Delegacia da Receita Estadual em Curitiba, para "refazer" uma Ordem de Servi�o Fiscal (OSF) em 2014. Esse documento apontava o n�o recolhimento de ICMS pela Dataprom - que fornece a tecnologia dos cart�es usados no sistema de transporte coletivo da Grande Curitiba. Com a nova OSF, a empresa deixou de ser considerada devedora do imposto. A Secretaria da Fazenda do Paran� n�o divulga informa��es sobre esse processo, sob alega��o de que os dados fiscais s�o sigilosos.

A testemunha an�nima havia informado ainda que um dos s�cios da empresa, Alberto Mauad Abujamra, teria sido o respons�vel pelo pagamento "n�o contabilizado" a Richa.

Ao todo, a opera��o que desbaratou a quadrilha da receita paranaense tem at� o momento 62 pessoas denunciadas, entre auditores, empres�rios e contadores.

Amigo pessoal do governador tucano e de Abi, Pizzato foi exonerado do cargo de delegado-chefe da Receita Estadual de Curitiba logo ap�s o esc�ndalo de Londrina vir � tona, no in�cio do ano. Ele continua na Receita e at� agora n�o � alvo oficial da investiga��o.

Tamb�m amigo de Richa - e seu parceiro de automobilismo - Lima foi denunciado e � considerado pelos promotores o chefe do esquema de fraudes na Receita do Paran�. Ele chegou a ser preso, mas j� deixou a cadeia.

Hist�rico

- Abi � parente distante de Richa (primo de s�timo grau). Em mar�o, tornou-se r�u em uma a��o penal na qual � acusado de montar um esquema para obter um contrato com o governo de R$ 1,5 milh�o, de presta��o de servi�os de consertos de ve�culos oficiais, na regi�o de Londrina, onde tem resid�ncia. Essa opera��o foi batizada de 'Voldemort', uma alus�o ao temido personagem da famosa s�rie Harry Potter. Nos livros de J. K. Rowling, Voldemort � "aquele que n�o deve ser nomeado".

At� que se tornasse alvo de suspeitas, Abi era visto com frequ�ncia no gabinete de Richa, no Pal�cio Igua�u, sede do governo do Paran�. O local onde o empres�rio costumava se hospedar em Curitiba, um hotel de luxo no centro da cidade, ganhou o apelido de "Igua�uzinho" por pessoas ligadas ao Executivo. As informa��es s�o do jornal

O Estado de S. Paulo.