
Da sala, o ministro se dedica a ouvir as demandas dos aliados feitas pessoalmente em um momento de discuss�es acaloradas.
A miss�o foi concedida ao ministro pelo vice-presidente Michel Temer, articulador pol�tico do governo. Para n�o ser interrompido pelas liga��es, a maioria de parlamentares e at� de alguns ministros, Padilha prefere deixar o aparelho celular aos cuidados do assessor, que tem ao alcance um bloquinho e uma caneta. Em meio �s liga��es, h� um entra e sai do gabinete por onde passam de deputados do "baixo clero" a presidentes de partidos da base.
Com envelopes nas m�os, os pol�ticos s�o recebidos na porta do gabinete pelo ministro que tem o cuidado de chamar cada um pelo nome. Cerca de meia hora depois saem com o semblante de satisfa��o. "Isso aqui � um verdadeiro mercado persa", brincou um outro ministro.
"O problema � que, num processo de total desconfian�a com o governo, todos resolveram pedir tudo ao mesmo tempo", reclamou o presidente de um partido da base, ap�s deixar o gabinete de Padilha, com uma pasta nas m�os. "N�o posso mostrar", se esquivou, como se tivesse em m�os algo precioso.
O segredo em torno das negocia��es tamb�m faz parte das conversas. Isso porque muitas vezes est�o em jogo espa�os disputados por outras legendas, sempre interessadas em ampliar o seu quinh�o ou n�o perder lugar no governo federal.
O principal foco dos partidos aliados tem sido conquistar estruturas que est�o sob o guarda-chuva do minist�rio comandado pela pr�pria legenda.
Cores
Para dirimir poss�veis guerras entre aliados, foi criado um "mapa" com a divis�o de cargos. A pasta, que carrega o simbolismo de poder ditar o ritmo da fidelidade dos aliados, fica sobre a mesa de Padilha, numa planilha dividida em tr�s cores. Vermelho: inegoci�vel. Amarelo: em negocia��o. Verde: negociado. "Hoje temos mais verde", disse Padilha no fim daquela noite de ter�a.
Mesmo ap�s v�rias reuni�es, Padilha realiza uma �ltima liga��o �s 23h para o ministro da Previd�ncia, Carlos Gabas. Quer tirar uma d�vida sobre a vota��o da Medida Provis�ria 664, que trata de benef�cios previdenci�rios e iria a plen�rio no dia seguinte.
Ap�s as explica��es, ele se despede: "Tudo bem, meu doutor, desculpa estar incomodando nesta hora". Gabas responde: "Soldado n�o escolhe hora, voc� sabe que telefone nunca desligo, n�!".
Al�m das negocia��es do segundo escal�o, passou a ser rotina a realiza��o do "petit d�jeuner" na resid�ncia oficial do vice-presidente no dia de vota��es importantes. "� para desfazer os �ltimos focos de tens�es", diz Padilha.