Curitiba, Bras�lia e S�o Paulo, 21 - O juiz federal S�rgio Moro disse que a Opera��o Lava Jato "tem cotidianamente se deparado com um quadro de corrup��o e lavagem de dinheiro sist�micas". Ao mandar prender o lobista Milton Pascowitch, que pagou R$ 1,45 milh�o para uma empresa de consultoria do ex-ministro Jos� Dirceu (Casa Civil do governo Lula), o juiz assinalou que a investiga��o revela "ind�cios da pr�tica sistem�tica e habitual de crimes de cartel, de fraude � licita��o, de corrup��o e de lavagem de dinheiro".
Milton Pascowitch foi preso em S�o Paulo nesta quinta-feira, 21, na 13.� etapa da Lava Jato. A Pol�cia Federal e a Procuradoria da Rep�blica suspeitam que Pascowitch fazia lobby para o PT e repassava dinheiro il�cito para empresas de Dirceu.
"A gravidade concreta da conduta de Milton Pascowitch � ainda mais especial, pois h� ind�cios de que propinas tamb�m foram pagas, por seu interm�dio, para agentes pol�ticos e para financiamento pol�tico, o que compromete a integridade do sistema pol�tico e o regular funcionamento da democracia", destacou o juiz da Lava Jato.
Para Moro, "o mundo do crime n�o pode contaminar o sistema pol�tico-partid�rio". O juiz argumenta que a participa��o de Pascowitch "� mais an�loga a dos profissionais que se dedicaram, diferentemente dos empreiteiros, exclusivamente � pr�tica delitiva, intermediando propinas, ocultando e dissimulando o produto do crime, em opera��es complexas de lavagem de dinheiro, inclusive com transa��es e contas secretas no exterior".
Moro cita depoimento do empreiteiro Gerson de Mello Almada, segundo o qual a fun��o de Pascowitch "era equivalente" a do doleiro Alberto Youssef - pe�a central da Lava Jato. "Ou seja, profissional dedicado ao pagamento de propina e de lavagem de dinheiro", afirma o juiz que v� a�, a necessidade da pris�o preventiva do lobista ante "a presen�a do risco � ordem p�blica".
O juiz ressalta a exist�ncia de materialidade dos crimes atribu�dos ao pagador de Jos� Dirceu e o risco de Pascowith destruir ou ocultar provas. "No caso de Milton Pascowitch h� provas de que manteria contas secretas no exterior (pelo menos a MJP International Group e a Farallon Investing Ltd), com recursos milion�rios, a partir das quais efetuou o pagamento de propinas a empregados p�blicos, como Pedro Barusco (ex-gerente de Engenharia da Petrobras que devolveu US$ 97 milh�es recebidos em propinas). As contas secretas ainda constituem ind�cio de risco � aplica��o da lei penal, pois n�o sendo imediatamente acess�veis �s autoridades brasileiras, tem o investigado condi��o de dissipar os ativos nelas mantidos, impedindo, com efic�cia, a recupera��o do produto do crime, oferecendo ainda um risco concreto de fuga, pois, com conex�es e recursos milion�rios no exterior, tem o investigado condi��es de nele refugiar-se, mantendo-se a salvo da a��o da Justi�a brasileira."
"Milton Pascowitch teria participado por longo per�odo do esquema criminoso, sendo apontado como intermediador das propinas de 2004 a 2014 entre dirigentes da Engevix e empregados da Petrobras e da Sete Brasil, al�m de haver ind�cios de que atendeu outras empreiteiras", assinala o juiz na decis�o que deflagrou a 13.� fase da Lava Jato.
Para S�rgio Moro, "em um contexto de criminalidade desenvolvida de forma habitual, profissional e sofisticada, n�o h� como n�o reconhecer a presen�a de risco � ordem p�blica, a justificar a pris�o preventiva para interromper o ciclo delitivo".