
Bras�lia – O PT realiza o 5º Congresso Nacional entre os dias 11 e 13, em um momento de profunda tens�o nas rela��es com o governo da presidente Dilma Rousseff. Cr�ticas de petistas � pol�tica econ�mica, amea�as de vaias e ataques ao ministro da Fazenda, Joaquim Levy, uma rela��o fria entre Dilma e o ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva e a enxurrada de den�ncias de corrup��o que afundam a legenda, agora com o esc�ndalo da Petrobras, s�o ingredientes de um encontro que muitos consideram desnecess�rio neste momento.
At� nisso governo e partido mostram descompasso. Para alguns auxiliares diretos da presidente, o PT erra ao marcar um Congresso para este momento. Para eles, os temas que afligem a legenda e o Planalto poderiam ser discutidos em uma executiva do partido. “Mas foram os integrantes da executiva que insistiram na realiza��o do Congresso”, lamentou um petista pr�ximo � presidente.
Ex-chefe da Casa Civil e uma das principais defensoras da presidente Dilma no Congresso, a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) acha que os parlamentares petistas j� deram a sua cota de sacrif�cio ao aprovar as medidas de ajuste fiscal encaminhadas pelo ministro Joaquim Levy. “� natural que tenhamos diverg�ncias. Governo � uma coisa, e partido � outra coisa. O partido sempre tem a obriga��o de estar � frente dos governos, por ser mais din�mico.”
Gleisi, contudo, disse que, apesar das discord�ncias, a legenda n�o pode deixar que a ess�ncia do ajuste fiscal seja alterada, pois, segundo ela, a arruma��o da casa ser� essencial para o governo Dilma retomar a agenda do crescimento e das conquistas sociais. Uma das principais tend�ncias do partido, a Mensagem, da qual fazem partes nomes como o ministro da Justi�a, Jos� Eduardo Cardozo, e o ex-governador do Rio Grande do Sul Tarso Genro, pensa diferente. O grupo defende uma mudan�a profunda na pol�tica econ�mica, o que, em tese, esvazia a autoridade do atual comandante da Fazenda.
Outro integrante da Mensagem, o deputado Paulo Teixeira (PT-SP) afirma que dois pontos s�o essenciais neste momento. O primeiro seria a clareza de que � preciso aumentar o volume destinado aos investimentos. O segundo, conter a taxa de juros. Na quarta-feira, exatamente uma semana antes do congresso petista, o Comit� de Pol�tica Monet�ria (Copom) do Banco Central aumentou a taxa b�sica de juros (Selic) para 13,75% ao ano, o maior �ndice desde janeiro de 2009.
Mesmo n�o sendo unanimidade sequer no governo, a tend�ncia � que o ministro Joaquim Levy sofra press�o apenas das tend�ncias mais � esquerda do partido. “Eles podem at� pedir a cabe�a do ministro, mas de que adianta? Quem demite e nomeia ministros � a presidente, n�o o PT”, ressaltou Gleisi.
Ainda n�o est� certo em que dia Dilma participar� do Congresso. Nesta semana, ela viaja � B�lgica, mas deve retornar ao Brasil no dia 11 ou 12. Integrantes do governo e do partido esperam que, ao menos, a presidente tenha capacidade de falar de futuro. “Dilma ter� de mostrar que, sim, vivemos um momento muito dif�cil, mas que teremos capacidade de superar. � olhar para frente”, cobrou uma lideran�a petista no Legislativo.
Para Paulo Teixeira, o congresso tamb�m ser� um momento para depurar o pr�prio PT. Diferentemente do que muitos pensam, Teixeira acha que n�o � apenas o governo que est� inerte. O partido tamb�m. “O PT precisa retomar a sua capacidade de formula��o, rever a nossa pol�tica de alian�as. N�o podemos ter uma atitude burocr�tica diante da crise que estamos vivendo”, afirmou o petista paulista.
O secret�rio de organiza��o do PT, Florisvaldo de Souza, defende a realiza��o do Congresso. “Se n�o tiver embates e aprofundamento dos temas necess�rios ao partido e ao pa�s, n�o � um congresso do PT”, lembrou.
ARESTAS
O que est� em jogo na reuni�o
O grupo
O partido precisa fazer uma autocr�tica por estar, mais uma vez, mergulhado em uma crise �tica por conta do esc�ndalo da Petrobras. A cada semana, praticamente, aparece nova den�ncia contra a legenda
Lula e Dilma
Criador e criatura n�o param de se estranhar. Lula � candidat�ssimo a 2018 mas, se movimentar-se demais, ofusca a presidente. E ele sabe que s� ter� �xito daqui a tr�s anos se o governo dela sair-se bem.
Economia
O PT no Legislativo engoliu em seco mas acabou aceitando as medidas do ajuste fiscal. Mas o partido quer uma sinaliza��o clara de que o arrocho ser� sucedido por uma pol�tica de desenvolvimento e retomada de investimentos
Relacionamento
Os petistas seguem contrariados com a presidente Dilma. E, especialmente, com os principais escudeiros dela: o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, e o vice-presidente Michel Temer (PMDB), que acumula a fun��o de articulador pol�tico.