A Camargo Corr�a registrou em sua contabilidade interna a doa��o de R$ 1 milh�o ao Diret�rio Nacional do PT, no mesmo dia em que est� anotado o repasse de R$ 1 milh�o ao Instituto Lula. A empreiteira - alvo da Opera��o Lava Jato - pagou R$ 3 milh�es para o Instituto Lula e mais R$ 1,5 milh�o para a LILS Palestras Eventos e Publicidade, de Luiz In�cio Lula da Silva, entre os anos de 2011 e 2013.
Os dois repasses est�o registrados na data de 2 de julho de 2012, in�cio do per�odo de disputa das elei��es municipais no Pa�s, e foram lan�adas na rubrica "B�nus Eleitorais - N�o dedut�vel".
A revela��o sobre o elo da empreiteira - apontada como uma das l�deres do cartel que teria se apossado de contratos bilion�rios da Petrobras por meio de concorr�ncias fraudadas - e o ex-presidente petista consta do laudo 1047/2015, da Pol�cia Federal, anexado nesta ter�a-feira, 9, aos autos da investiga��o.
O laudo tem 66 p�ginas e � subscrito pelo perito criminal federal Ivan Roberto Ferreira Pinto. A per�cia foi realizada na contabilidade da Camargo Corr�a e pegou o per�odo de 2008 a 2013, em que a empreiteira recebeu R$ 2 bilh�es da Petrobras.
O documento mostra que a construtora repassou R$ 183,7 milh�es em "doa��es de cunho pol�tico" - destinadas a candidaturas e partidos diversos, da base aliada do governo e da oposi��o. O documento anota que "em tese, todas as doa��es registradas na conta 421210006 ('B�nus Eleitorais') s�o de cunho pol�tico".
No arquivo de doa��es aos partidos do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) h� o registro do repasse de R$ 1 milh�o, no dia 2 de julho, para o PT. No mesmo dia, quem tamb�m doou R$ 1 milh�o para o partido foi a UTC Engenharia - do empres�rio Ricardo Pessoa, apontado como um dos l�deres do cartel de empreiteiras que teriam se apossado de contratos bilion�rios da Petrobras, no per�odo entre 2003 e 2014.
No caso dos pagamentos ao Instituto Lula e � LILS eles foram feitos nos mesmos anos: 2011, 2012 e 2013 - em meses distintos. Para o Instituto, dos tr�s pagamentos, dois s�o registrados como "Doa��es e Contribui��es": 2 de dezembro de 2011 e 11 de dezembro de 2013. O que chamou a aten��o dos investigadores foi o lan�amento de 2 de julho de 2012, sob a rubrica "B�nus Eleitoral".
Para o LILS, cujo endere�o declarado � na pr�pria resid�ncia de Lula, em S�o Bernardo do Campo (Grande S�o Paulo), a empreiteira depositou em conta corrente R$ 337,5 mil, em 26 setembro de 2011, R$ 815 mil em 17 de dezembro de 2012 e R$ 375,4 mil em 26 de julho de 2013.
Lula n�o � alvo de investiga��o da Lava Jato. Mas � a primeira vez que os neg�cios do ex-presidente aparecem nas investiga��es da opera��o, que apura um esquema de cartel e corrup��o na Petrobras com preju�zo de R$ 6 bilh�es j� reconhecidos pela estatal.
Defesa
Em nota, a Camargo Corr�a afirma que "as contribui��es partid�rias s�o efetuadas e registradas em respeito a legisla��o em vigor e n�o tem rela��o com o Instituto Lula. Ao Instituto Lula a empresa efetuou contribui��es em apoio Institucional e � LILS Ltda. ao patroc�nio de palestras do ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva no exterior". De acordo com a empresa "a contribui��o ao Instituto Lula foi registrada equivocadamente em 2012 como 'b�nus eleitoral' na contabilidade."
O PT informa, por interm�dio da sua assessoria de imprensa, que todas as doa��es que o partido recebeu aconteceram estritamente dentro dos limites legais e foram posteriormente declaradas � Justi�a eleitoral.
O Instituto Lula informou, tamb�m por sua assessoria de imprensa, que os valores registrados na contabilidade da Camargo Corr�a foram doados legalmente e que n�o existe rela��o entre a entidade e quest�es eleitorais.
Quanto aos valores para a empresa de Lula, a assessoria informou que "os tr�s pagamentos para a LILS s�o referentes a quatro palestras feitas pelo ex-presidente, todas elas eventos p�blicos e com seus respectivos contratos".
"Essas doa��es e pagamentos foram devidamente contabilizados, declarados e recolhidos os impostos devidos." A nota informa ainda que "as doa��es ao Instituto Lula e as palestras do ex-presidente n�o tem nenhuma rela��o com contratos da Petrobras".