O governo enquadrou o PT. Ap�s tr�s dias de embates, o 5.º Congresso do partido decidiu ontem n�o confrontar a presidente Dilma Rousseff e atenuou ainda mais as cr�ticas � pol�tica econ�mica. Intitulada Carta de Salvador, a resolu��o pol�tica do encontro evitou ataques ao ajuste fiscal, n�o citou o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, e rejeitou a proposta que pregava o rompimento da alian�a com o PMDB.
Diante da maior crise de seus 35 anos, no rastro dos esc�ndalos de corrup��o, o PT tamb�m aprovou mo��o de apoio ao ex-tesoureiro Jo�o Vaccari Neto, que est� preso, acusado de desviar recursos da Petrobr�s. Dividido, o PT n�o promoveu mudan�as internas e adiou decis�es importantes, como o referendo sobre o fim das doa��es empresariais, indicando que pode rever a proibi��o.
Na �ltima hora, em um aceno � sua base, o partido encaixou na resolu��o um par�grafo dizendo que "� preciso conduzir a orienta��o geral da pol�tica econ�mica para a implementa��o de estrat�gias para a retomada do crescimento, (...) defesa do emprego, do sal�rio e dos demais direitos dos trabalhadores, que permita a amplia��o das pol�ticas sociais".
A emenda aprovada foi resultado de um acordo entre as duas correntes que mediram for�as durante o encontro: a majorit�ria Construindo um Novo Brasil (CNB), do ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva, e a Mensagem ao Partido, do ex-governador do Rio Grande do Sul Tarso Genro. O grupo de Tarso queria incluir no texto a express�o "alterar a pol�tica econ�mica", mas foi derrotado.
CPMF
A defesa da CPMF acabou retirada da resolu��o. No lugar, entrou o apoio a "novas formas de financiamento � sa�de" e ao imposto sobre fortunas e grandes heran�as, lucros e dividendos. "As pessoas t�m medo de imposto. Eu prefiro fazer o debate, mas respeito a decis�o da maioria", disse o presidente do PT, Rui Falc�o. Na sexta-feira o ministro da Sa�de, Arthur Chioro, defendeu a cria��o de um novo modelo de CPMF para a �rea, mas foi desautorizado por Levy.
Gritos contra o ajuste, com pedidos de recontagem de votos, marcaram as disputas entre as correntes no plen�rio. "A CUT tem raz�o. Ajuste � recess�o!", bradavam militantes. O congresso terminou sob vaias de alas minorit�rias. "Levy era Judas, depois virou Jesus Cristo, foi santificado e subiu ao c�u", ironizou Markus Sokol, da corrente trotskista O Trabalho.
Fora Cunha
Em meio a gritos de "Fora Cunha", o PT tamb�m rejeitou a proposta de tend�ncias mais � esquerda, que pregavam a ruptura da alian�a com o PMDB. Emenda da corrente O Trabalho chamava o PMDB do presidente da C�mara, Eduardo Cunha (RJ), de "sabotador do governo". O deputado Carlos Zarattini (SP) classificou Cunha de "oportunista de ocasi�o".
O partido ainda decidiu manter o Processo de Elei��o Direta (PED), alvo de den�ncias de compra de votos para a escolha dos dirigentes petistas. Favor�vel � mudan�a da dire��o, o ministro do Desenvolvimento Agr�rio, Patrus Ananias, reagiu. "O partido � de massas, mas n�o de massa de manobra. Isso aqui n�o � democracia de verdade. � manipula��o de pessoas."
"H� uma crise imensa e nossa expectativa era de que o 5.º Congresso aprovasse resolu��es que permitissem superar essa crise. Mas o fato � que n�o mudou nada", resumiu Valter Pomar, da Articula��o de Esquerda.