S�o Paulo, 16 - O filho do ex-deputado Pedro Corr�a (PP-PE), preso no Mensal�o e na Opera��o Lava Jato, disse � Justi�a que recebeu R$ 35 mil do doleiro Alberto Youssef. Em documento de defesa � acusa��o de lavagem de dinheiro, feita pelo Minist�rio P�blico Federal, anexado aos autos na segunda-feira, 15, F�bio Corr�a confirmou que foi ao escrit�rio de Youssef, personagem central da Lava Jato. Segundo ele, os R$ 35 mil se referiam a uma 'd�vida' entre seu pai e o ex-deputado Jos� Janene (morto em 2010), 'pela venda de animais', e assumida pelo doleiro.
Na den�ncia � Justi�a, os procuradores da Rep�blica afirmaram que F�bio Corr�a 'alegou que n�o se recordava de ter comparecido ao escrit�rio de Alberto Youssef em S�o Paulo, apesar de conhecer o doleiro'. A Procuradoria aponta que, entre 14 de maio de 2004 e 17 de mar�o de 2014, Pedro Corr�a recebeu propina por meio de emiss�rios, no escrit�rio do doleiro, 'entre eles, F�bio Corr�a, M�rcia Danzi (sua mulher) em valores que giravam em torno de R$ 50 mil e R$ 200 mil por recebimento'. A portaria de entrada do escrit�rio de Alberto Youssef registrou que F�bio Corr�a foi ao local em pelo menos 33 ocasi�es.
"De fato, o defendente (F�bio Corr�a) n�o nega ter estado por algumas vezes no escrit�rio de Alberto Youssef. Como tamb�m n�o nega ter recebido, uma �nica vez, valor que sempre sup�s ser oriundo de uma d�vida existente entre Jos� Janene e seu pai, Pedro Corr�a, oriunda da venda de animais (e posteriormente assumida por Youssef depois da morte daquele primeiro, conforme mais tarde o defendente tomou conhecimento)", diz a defesa de F�bio Corr�a em documento de 58 p�ginas entregue � Justi�a. Os advogados afirmam que o ex-parlamentar ainda � criador de bovinos e caprinos.
"Ainda faz quest�o de esclarecer que no restante das vezes que foi ao escrit�rio de Alberto Youssef o fez na condi��o de mero acompanhante de Pedro Corr�a. E, mesmo nestas oportunidades, jamais presenciou ou ouviu qualquer coisa a respeito da exist�ncia de um esquema criminoso contra a Petrobr�s. Ou, ainda, que valores eventualmente recebidos por seu pai consistiriam em repasse de 'propina' relacionada ao citado esquema", sustenta o Minist�rio P�blico Federal.
No documento, os advogados do filho do ex-deputado pedem que a den�ncia seja rejeitada ou que seja decretada sua absolvi��o sum�ria. O pedido � subscrito pelos criminalistas Adeildo Nunes, Pl�nio Leite Nunes e Caroline do R. B. Santos.
"N�o tinha qualquer motivo para suspeitar da origem il�cita dos valores recebidos - R$ 35 mil, ao que se recorda - posto que s�o relativamente baixos, quase inexpressivos, se comparados �queles que a pr�pria den�ncia afirma terem sido recebidos pelas empresas cartelizadas, os agentes p�blicos e partidos pol�ticos", afirma a defesa, referindo-se ao volume de R$ 6 bilh�es que a for�a-tarefa da Lava Jato estima ter sido desviado da Petrobr�s.
"A conclus�o a que, de fato, se deve chegar, � que F�bio Corr�a n�o pode ser acusado de lavagem de dinheiro porque o recebimento, mesmo sem ter consci�ncia disto, estaria relacionado a exaurimento da alegada corrup��o. Muito menos pode s�-lo pela corrup��o em si, uma vez que n�o tem qualquer participa��o ou envolvimento nos atos que caracterizariam o crime na forma exposta pela den�ncia."
As idas de F�bio Corr�a ao escrit�rio de Alberto Youssef foram citadas na dela��o premiada de Rafael �ngulo, ex-funcion�rio do doleiro. Em depoimento, �ngulo, apontado como o 'carregador de malas de dinheiro' do doleiro, declarou que o filho de Pedro Corr�a 'apresentava contas para pagamentos e listas de pessoas f�sicas e jur�dicas para que fossem creditados valores, a� inclu�da a conta corrente do escrit�rio do pr�prio F�bio Corr�a e da empresa do cunhado'.
"A den�ncia tamb�m n�o apresenta qualquer ind�cio razo�vel de que F�bio Corr�a, ao receber certos valores no escrit�rio de Alberto Youssef, sabia perfeitamente que se tratava de "propina" e, mais do que isso, oriunda do alegado esquema criminoso perpetrado em detrimento da Petrobr�s", afirma a defesa.
Os advogados colocaram no rol de testemunhas o deputado Jos� Ot�vio Germano (PP-RS), tamb�m investigado pela Lava Jato. Segundo a defesa de F�bio Corr�a, o objetivo com os depoimentos das testemunhas � demonstrar que o filho de Pedro Corr�a 'jamais teve qualquer envolvimento com o alegado esquema criminoso ou com as pessoas nele implicadas'.
Um dos delatores do esquema de corrup��o e propinas instalado na Petrobr�s e desbaratado pela Lava Jato, Youssef afirmou que o deputado Jos� Germano recebia de R$ 30 mil a R$ 150 mil por m�s da cota do PP. O ex-diretor de Abastecimento da Petrobr�s Paulo Roberto Costa, primeiro delator do esquema, relatou que o deputado fez lobby em troca de propina para que a empreiteira Fidens participasse de contratos da estatal petrol�fera. Quando teve seu nome ligado � Lava Jato, Germano recha�ou sua inclus�o na lista de suspeitos de irregularidades e p�s a disposi��o para esclarecer informa��es.