Bras�lia – Um advogado apontado como primo do presidente do Panam� � o elo que a Pol�cia Federal usa para ligar a Construtora Norberto Odebrecht (CNO) � empreiteira Del Sur, usada para fazer pagamentos de propina no exterior a partir de esquema de desvio de dinheiro da Petrobras. Em comunicado publicado nos principais jornais brasileiros nessa segunda-feira (22), a empresa brasileira, cujo presidente, Marcelo Odebrecht, foi preso na 14ª fase da Opera��o Lava-Jato, na sexta-feira, nega ter rela��es com a Del Sur. No pa�s latino, a CNO executa obras do metr� e pagou viagem do ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva ao Panam�, em 2011,
Segundo o Relat�rio 154 da Pol�cia Federal, a Del Sur foi criada em 2006, na Cidade do Panam�, e encerrada em 25 de agosto do ano passado, meses ap�s a deflagra��o da Lava-Jato. Em 2009, a composi��o da diretoria e do agente que administra a construtora foi modificada para incluir o advogado Francisco Martinelli Patton. Para a PF, ele � primo do ent�o presidente do Panam�, Ricardo Martinelli (2009-2013). O escrit�rio de Francisco – Patton, Moreno e Asvat – foi contratado pela Odebrecht �leo e G�s para emitir US$ 1,7 bilh�o em t�tulos em favor da empreiteira.
No Panam�, a Odebrecht possui 55% do cons�rcio Linea Uno, que executa obra do metr� da capital panamenha, empreendimento de US$ 1,4 bilh�o. Uma empresa ligada � Patton, a Sarda, assinou um contrato de consultoria de US$ 2,3 milh�es com o cons�rcio. A PF suspeita de que pessoas ligadas ao ent�o presidente panamenho tenham sido beneficiadas nesses neg�cios. A reportagem procurou Martinelli, mas n�o o localizou.
Em 20 de maio de 2011, sete meses depois de a vit�ria do cons�rcio liderado pela Odebrecht ser anunciada, Lula visitou o pa�s em viagem paga pela construtora e jantou com Ricardo Martinelli na casa de um diretor da empreiteira. A assessoria do Instituto Lula disse que o ex-presidente fez apenas palestras, n�o lobby.
Contesta��o
Em comunicado publicado nessa segunda-feira, a Odebrecht refuta irregularidades, nega liga��es com a Del Sur e diz que a pris�o de seus executivos foi ilegal. “A Pol�cia Federal n�o apresentou qualquer fato novo que justificasse as medidas de for�a cumpridas, totalmente desnecess�rias e, por isso mesmo, ilegais.” O comunicado refor�ou retifica��o feita pelo juiz S�rgio Moro de documento apresentado pelo delator Pedro Barusco. O magistrado destacou que n�o se trata de um dep�sito da Odebrecht, mas de uma compra, feita por Barusco, de t�tulos da empreiteira.
Ainda segundo a Odebrecht, � erro de interpreta��o a suspeita de sobrepre�o em navios-sondas feita a partir de mensagem de e-mail. Nela, um diretor fala em “sobrepre�o de 20 a 25 mil d�lares ou reais” na constru��o das embarca��es para a Petrobras. “O termo ‘sobrepre�o’ (...) representa, apenas, a remunera��o contratual da Odebrecht �leo e G�s, como operadora de sondas”, diz o comunicado.