O diretor de Rela��es Institucionais da Construtora Norberto Odebrecht, Alexandrino de Salles Ramos de Alencar, afirmou em seu depoimento � Pol�cia Federal que as "tratAtivas" sobre doa��es da ind�stria petroqu�mica Braskem - que tem como principais s�cias a Odebrecht e a Petrobras - ao PP feitas com o ex-deputado federal Jos� Janene - morto em 2010 - foram interrompidas ap�s seu nome ser citado no esc�ndalo do mensal�o.
Alencar � acusado de pagar propina de US$ 3 milh�es a US$ 5 milh�es por ano para a Diretoria de Abastecimento da Petrobras, por interm�dio do ex-diretor Paulo Roberto Costa e o doleiro Alberto Youssef.
Em acarea��o nesta segunda-feira, 22, Youssef e o ex-diretor de Abastecimento Paulo Roberto Costa confirmaram que a Braskem pagou propina para o esquema. "Rafael �ngulo Lopes confirmou a vers�o do colaborador (Youssef) asseverando que informava pessoalmente os n�meros de contas para que Alexandrino promovesse os dep�sitos", registra a Pol�cia Federal.
Alexandrino repetiu praticamente todas as informa��es dadas por ele em depoimento � PF no dia 12 de maio. Ele afirmou que cuidava de doa��es eleitorais da empreiteira e admitiu ter recebido em seu escrit�rio na empresa Rafael �ngulo Lopez, o "homem da mala" do doleiro Alberto Youssef. Nega, por�m, propina.
Ele afirma que se reuniu em pelo menos duas ocasi�es em hot�is de S�o Paulo com o ex-deputado Jos� Janene (PP-PR) - morto em 2010 -, e com o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa.
Segundo o executivo da maior empreiteira do Pa�s tamb�m participaram dos encontros o doleiro Alberto Youssef e o ex-assessor parlamentar Jo�o Cl�udio Gen�, homem de confian�a de Janene no Congresso.
Jos� Janene � apontado como o mentor do esquema de corrup��o e lavagem de dinheiro desviado da Petrobras, que deu origem � Opera��o Lava Jato. Com sua morte, o doleiro Alberto Youssef assumiu o comando do esquema. Alexandrino Alencar disse que "conheceu a pessoa de Rafael �ngulo Lopez, o qual se tratava de um assessor/mensageiro do deputado Janene".
O executivo da Odebrecht explicou que por volta de 2003 era presidente do Instituto Nacional do Pl�stico, diretor da Associa��o Brasileira da Ind�stria Qu�mica (Abiquim) e diretor do Sindicato das Ind�strias de Resina do Estado de S�o Paulo (Siresp). Na �poca, a Braskem estava adquirindo algumas empresas mantendo unidades em v�rios Estados."
"Procurou ent�o o deputado Janene, o presidente da Comiss�o de Minas e Energia da C�mara Federal a fim de sensibiliza-lo acerca da import�ncia da consolida��o do setor, de modo a torn�-lo mais competitivo internacionalmente o que n�o seria vi�vel diante da pulveriza��o anteriormente existente", explicou Alexandrino Alencar.
"Queria que o deputado conversasse com os seus pares a fim de que os mesmos n�o atrapalhassem essa iniciativa, explicando aos mesmos como essa iniciativa da Braskem seria importante para o Pa�s", completou o executivo.
Segundo ele, esse contato com Janene se deu de 2002 a 2005, quando ele conheceu Youssef e Paulo Roberto Costa.
Doa��es
"Que em 2007, o declarante (Alexandrino Alencar) sai da Braskem e passa a integrar os quadros da Odebrecht, ocasi�o em que passa a ter contatos e fazer tratativas com o ex-deputado Janene, no �mbito pol�tico, notadamente tratando de doa��es de campanha para pol�ticos do PP - Partido Progressista; Que Jos� Janene j� estava aposentado em decorr�ncia de grave cardiopatia; que como j� n�o se deslocava com frequ�ncia e facilidade, passou a se valer de seu mensageiro Rafael �ngulo Lopez; que Rafael esteve no escrit�rio do declarante, na sede da Odebrecht por cerca de quatro ou cinco oportunidades; Que Rafael sempre aparecia sozinho; que Rafael levava ou buscava documentos relacionados a doa��es de campanha para o Partido Progressista, PP."
Segundo ele, "os documentos se restringiam a recibos de campanha e pedidos de doa��es manuscritas por Janene". Alexandrino Alencar ressaltou que "nunca houve pedido de valores que n�o fossem relativos a doa��es campanha". E mais: "Nunca foi pedido ao declarante comprovantes de transfer�ncias feitas pela Braskem para contas indicadas por Janene ou Youssef no exterior."
No depoimento de 12 de maio, o executivo da Odebrecht declarou que se encontrou com Janene, Youssef e o ent�o diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, nos hoteis Tivolli e Hyatt, em S�o Paulo. Ele disse que "n�o procedem as afirma��es feitas por Alberto Youssef de que a Braskem se beneficiou de pre�o de compra de nafta, praticado no mercado internacional, o qual seria inferior ao praticado no mercado interno".
Alexandrino � pr�ximo do ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva. Ele acompanhou o petista em viagens ao exterior custeadas pela empreiteira. Nesta ter�a-feira, o juiz federal S�rgio Moro, que conduz as a��es penais da Opera��o Lava Jato, prorrogou por mais 24 horas a pris�o tempor�ria de Alencar, at� que a Procuradoria da Rep�blica se manifeste sobre pedido da Pol�cia Federal para converter em regime preventivo a cust�dia do executivo. Alexandrino foi preso sexta-feira, 19, pela Opera��o Erga Omnes, em car�ter tempor�rio por cinco dias.
A PF pediu mudan�a da pris�o do executivo em preventiva, ou seja pretende que ele fique na cadeia at� eventual senten�a judicial. O juiz Moro decidiu prorrogar a medida por 24 horas 'a fim de n�o esvaziar a efic�cia da eventual decreta��o da preventiva e de viabilizar a manifesta��o pr�via do Minist�rio P�blico Federal e da defesa'.
Defesa
Em nota, a Braskem afirmou que todos os pagamentos e contratos com a Petrobras seguiram os preceitos legais e foram aprovados de acordo com as regras de governan�a da empresa. A Braskem ressaltou que n�o recebeu nenhum tipo de favorecimento.
"Todos os pagamentos e contratos da Braskem com a Petrobras seguiram os preceitos legais e foram aprovados de acordo com as regras de governan�a da Companhia. � importante ressaltar que, ao contr�rio de qualquer alega��o de favorecimento da Braskem, os pre�os praticados pela Petrobras na venda de mat�rias-primas sempre estiveram atrelados �s mais caras refer�ncias internacionais de todo o setor, prejudicando a competitividade da ind�stria petroqu�mica brasileira."