
O ex-presidente e senador Fernando Collor de Mello (PTB-AL) – que sofreu impeachment por corrup��o em 1992 –, os senadores Ciro Nogueira (PP-PI), presidente nacional do partido, e Fernando Bezerra Coelho (PSB-PE), e o deputado federal Eduardo da Fonte (PP-PE) s�o os primeiros pol�ticos com mandato a ter suas casas e escrit�rios vasculhados pela Pol�cia Federal na Opera��o Lava-Jato. Outros filiados do PP, como M�rio Negromonte – ex-ministro, hoje conselheiro do Tribunal de Contas dos Munic�pios da Bahia –, e o ex-deputado Jo�o Pizzolati (SC), atual secret�rio estadual de Articula��o Pol�tica em Roraima, tamb�m foram alvos ontem de mandados de busca e apreens�o expedidos pelo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, e pelos ministros Teori Zawascki e Celso de Mello.
Policiais federais e procuradores da Rep�blica cumpriram um total de 52 mandados de busca e apreens�o. Dois deles nas resid�ncias de Fernando Collor em Bras�lia, incluindo a Casa da Dinda, que ficou conhecida em todo o pa�s em 1992, durante o processo que resultou no impeachment do ex-presidente. No local, foram apreendidos tr�s carros de luxo de Collor: uma Ferrari vermelha, um Porsche preto e uma Lamborghini prata, al�m de documentos. Na mesma casa, em 1992, Collor guardava na garagem um Fiat Elba comprado em nome de fantasmas e que foi um das provas usadas no processo para derrub�-lo. Os policiais tamb�m fizeram buscas em Alagoas: na resid�ncia do senador e na TV Gazeta, afiliada da Rede Globo, que pertence � fam�lia Collor de Melo. O trabalho na empresa foi acompanhado por um dos filhos de Collor, Fernando James.
O ex-presidente foi citado pelo doleiro Alberto Youssef – apontado como operador do esquema de corrup��o na Petrobras – como benefici�rio de recursos il�citos. Outro envolvido, o presidente da Construtora UTC, Ricardo Pessoa, afirma ter pago R$ 20 milh�es a Collor entre 2010 e 2012 em troca da influ�ncia do senador em neg�cios com a BR Distribuidora, uma subsidi�ria da Petrobras. Em raz�o disso, a BR Distribuidora tamb�m foi alvo de busca e apreens�o. Os policiais apreenderam documentos que podem ligar a companhia a casos de corrup��o delatados pelo doleiro Alberto Youssef e outros presos.
Bate-boca
A investida dos federais e procuradores contra tr�s parlamentares foi motivo de tens�o e bate-boca. A a��o no im�vel funcional de Collor em Bras�lia desagradou � pol�cia legislativa. De acordo com ela, a PF se recusou a apresentar o mandado de busca expedido pela Justi�a e n�o deixou ningu�m entrar no apartamento para acompanhar a investiga��o. Para a pol�cia legislativa, a PF cometeu um erro, pois tradicionalmente a��es de busca em casas de parlamentares s�o realizadas com participa��o da corpora��o. As buscas ocorreram nas casas dos investigados, em seus endere�os funcionais, sedes de empresas, em escrit�rios de advocacia e �rg�os p�blicos, como a apreens�o no gabinete do ex-ministro M�rio Negromente, no Tribunal de Contas da Bahia.
O procurador-geral da Rep�blica, Rodrigo Janot, respons�vel pelo pedido de abertura de inqu�rito contra os pol�ticos, saiu em defesa da PF e seus procuradores. Por meio de nota, Janot disse que as medidas executadas refletem uma atua��o fime e respons�vel do Minist�rio P�blico Federal em busca dos esclarecimentos dos fatos. "As medidas s�o necess�rias ao esclarecimento dos fatos investigados no �mbito do STF, sendo que algumas se destinaram a garantir a apreens�o de bens adquiridos com poss�vel pr�tica criminosa e outras a resguardar provas relevantes que poderiam ser destru�das caso n�o fossem apreendidas", afirmou o procurador-geral.