Rio de Janeiro - Para cientistas pol�ticos e historiadores ouvidos pela reportagem, a Opera��o Politeia da Pol�cia Federal, que cumpriu nessa ter�a-feira, 14, mandados de busca e apreens�o em endere�os do senador e ex-presidente Fernando Collor (PTB-AL) e outros pol�ticos com foro privilegiado, demonstra a autonomia e o fortalecimento das institui��es do pa�s.
Para o historiador Daniel Aar�o Reis Filho, professor da Universidade Federal Fluminense (UFF), a democracia brasileira se fortalece com o cumprimento de mandados judiciais independente das "fortunas e rela��es dos seus objetos". "Os pol�ticos est�o estupefatos. Ainda prevalece largamente a tradi��o de que pessoas com boas rela��es e poderosas n�o s�o incomodadas pela pol�cia ou pela Justi�a. Lembra a indigna��o dos aristocratas da Revolu��o Francesa quando desafiados pelos servos", afirmou.
Alvos
Al�m de Collor, entre os principais alvos da Opera��o Polit�ia est�o os senadores Ciro Nogueira (PP-PI) e Fernando Bezerra Coelho (PSB-PE), al�m do deputado Eduardo da Fonte (PP-PE), do ex-ministro das Cidades M�rio Negromonte e do ex-deputado Jo�o Pizzolatti (PP-SC). A a��o da PF foi autorizadas pelo presidente do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski e pelos ministros Teori Zavascki e Celso de Mello.
O ex-presidente Collor classificou a a��o da PF como "invasiva e arbitr�ria". Na Casa da Dinda, resid�ncia dele em Bras�lia, foram apreendidos tr�s autom�veis de luxo importados.
Em discurso no plen�rio, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), questionou a legitimidade da opera��o e afirmou que os m�todos da PF "beiram a intimida��o".
"A PF agiu respaldada pelo Poder Judici�rio. Tudo foi seguido rigorosamente, do ponto de vista legal, n�o houve nenhum tipo de abuso. Mas faz parte da mentalidade dos pol�ticos essa vis�o de que est�o no Olimpo e que as institui��es n�o s�o feitas para julg�-los e confront�-los", disse a historiadora Marly Motta, professora aposentada do Centro de Pesquisa e Documenta��o de Hist�ria Contempor�nea do Brasil da Funda��o Get�lio Vargas (FGV).
"Quem n�o deve n�o teme. Renan e Collor esquecem-se, convenientemente, de que as buscas da PF foram autorizadas por tr�s ministros do STF. Onde a viol�ncia, onde o arb�trio, onde a intimida��o? A presun��o de impunidade e a desigualdade perante a lei est�o sob amea�a, depois de 126 anos de Rep�blica. J� era tempo", disse o historiador Jos� Murilo de Carvalho, professor em�rito da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
O cientista pol�tico Ricardo Ismael, da Pontif�cia Universidade Cat�lica do Rio, avalia a postura como estrat�gia de defesa. "� um jogo de cena, certamente para dar satisfa��o aos pr�prios pares. Mas isso n�o tem nenhum efeito pr�tico. Assim como empres�rios, os pol�ticos tamb�m gritam e chiam. E uma das estrat�gias leg�timas de defesa � desqualificar o inqu�rito."